quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Os 10+ de 2008

In Mourning - «Shrouded Divine»
Hate - «Morphosis»
ThanatoSchizo - «Zoom Code»
Atrox - «Binocular»
Mar de Grises - «Draining The Waterheart»
Obtest - «Gyvybes Medis»
Soilent Green - «Inevitable Collapse In The Presence Of Conviction»
Opeth - «Watershed»
Esoteric - «The Maniacal Vale»

Cynic - «Traced In Air»

(Sem qualquer ordem de preferência e seleccionados exclusivamente entre os discos recebidos)

in CLIP (Diário de Aveiro), 18 Dezembro 2008

sábado, 6 de dezembro de 2008

HEAVENWOOD

«Redemption»
(Recital Records, 2008) [8.5/10]

Depois dum longo período de afastamento dos palcos e de um interregno ainda maior desde o último disco, é caso para dizer que os Heavenwood regressaram da melhor maneira que é possível ou não fosse este um álbum que supera categoricamente todas as gravações anteriores da banda. Ainda que mantenham muitos dos traços característicos do disco anterior, «Swallow», lançado em 1998, este novo álbum é um trabalho mais elaborada em todos os aspectos, onde quase todos os temas se fazem de riffs cativantes, linhas melódicas e solos magníficos, e uma miríade de arranjos capazes de conquistar à primeira o coração de qualquer fã de metal gótico. A voz gutural soa melhor do que nunca mas aqui são os registos limpos que brilham, fruto de um trabalho de estúdio que lhes confere uma presença especial no quadro sonoro global do álbum. Os teclados de outrora quase já não se ouvem e a sonoridade geral é bem mais pesada, pelo que se alguém julgou que o avançar da idade tornaria o som Heavenwood mais acessível, desengane-se pois eles voltaram mais metal do que nunca. A produção soberba de Daniel Cardoso e a masterização de Jens Bogren (Opeth, Amon Amarth) deixam bem claro que a banda de V. N. de Gaia não deixou créditos por mão alheias e tudo fez para garantir o excelente resultado final audível em «Redemption». A participação pontual de guitarristas fabulosos como Gus G dos Firewind ou o ilustre Jeff Waters dos Annihilator, são apenas a cereja no topo desta iguaria.

in CLIP (Diário de Aveiro), 4 Dezembro 2008

domingo, 23 de novembro de 2008

Edição de Novembro 25, 2008

Na 2ª Hora

Entrevista com Ricardo Dias dos portugueses HEAVENWOOD a propósito do novo álbum «Redemption».

- "Esta longa paragem acabou por influenciar-nos de forma muito positiva, resultando num trabalho com o qual estamos inteiramente satisfeitos"
- "Não foi fácil manter a fidelidade aos Heavenwood do passado e fazer um disco ao mesmo tempo actual e com um pé no futuro, mas penso que o conseguimos"
- "O que nos fez parar em '99 foi uma certa desilusão com a editora da altura. Tivemos que aguardar depois a resolução do contrato e ultrapassar toda a maré negativa que se seguiu, até sentirmos a força necessária para recomeçar"
(Ricardo Dias)
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sábado, 22 de novembro de 2008

KNEELDOWN

«Volcano»
(edição de autor, 2008) [8/10]

Embora tenham no thrash e no hardcore as suas referências de base e adoptem uma designação colectiva bem ao estilo do que é comum nestes nichos sonoros, o trabalho deste trio originário de Ponte-de-Sor está longe de se aparentar com o subproduto testosterónico e habitualmente medíocre que é produzido pela maioria das bandas do género. Nas cinco faixas de «Volcano» nada é estático. As músicas atravessam fases muito diversas, com riffs, estruturas rítmicas e pormenores de execução a serem debitados em ondas de intensidade variável que contagiam a todo o momento. Os temas são bem mais longos do que o habitual nestas andanças (5 a 8 minutos), acomodando uma composição sempre cuidada e abundante em ideias, com algo de imprevisível, e a evitar muitas vezes a saída fácil da repetição de segmentos. Os ritmos são raramente rápidos e a música passa com frequência por momentos melódicos que remetem para territórios mais para os lados do chamado post-rock. Apesar de gravado e produzido pela banda alentejana apenas com os parcos recursos da sua própria sala de ensaios, «Volcano» vem com uma óptima qualidade de som fruto do trabalho de masterização de Nexion K dos Re:Aktor, e é de longe uma das melhores edições de autor que já me chegou às mãos nos últimos anos.

in CLIP (Diário de Aveiro), 20 Novembro 2008

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ELYSIAN BLAZE

«Levitating the Carnal»
(Asphyhiate Recordings, 2006 / Osmose Productions, 2008) [9/10]

Duvido que haja sonoridade mais depressiva e funerária do que aquela que é produzida pelos Elysian Blaze. Imaginem a fusão perfeita entre a opressão característica do doom e a aspereza do black metal, com vocalizações atormentadas e instrumentos que soam deliberadamente abafados, distantes na mistura e com uma reverberação ocasional, e talvez fiquem com uma vaga ideia da atmosfera incrivelmente gélida e fantasmagórica que emana de «Levitating the Carnal». Quem ouviu «Cold Walls and Apparitions» irá notar que este segundo álbum do projecto solo de origem australiana, agora reeditado, é em média mais lento, mas também de composição mais variada. A música transita suavemente entre andamentos de ritmo moderado conduzidos pela guitarra e passagens soturnas baseadas em piano ou teclados. De vez em quando a secção rítmica atroadora deixa de se ouvir de todo, deixando para trás, como que a flutuar, apenas um murmúrio longínquo e uma linha ténue e minimalista de guitarra ou piano, que resulta numa das ambiências mais desoladas e hipnóticas de que há memória. Não me é possível conceber tradução sonora mais fiel para o sentimento de desespero extremo ante a escuridão impenetrável. Baixem as luzes e deixem-se levar nesta jornada pelos recantos mais sombrios da alma.

in CLIP (Diário de Aveiro), 13 Novembro 2008

sábado, 8 de novembro de 2008

Edição de Nov 11, 2008

Na 2ª Hora

Entrevista com Paul Masvidal dos norte-americanos CYNIC a propósito do novo álbum «Traced in Air».

- "Foi depois da digressão de 2007, após experiências na sala de ensaios e algumas gravações em demo, que nos apercebemos que ainda tinhamos uma palavra a dizer enquanto Cynic";
- "Os Cynic são como que a raiz da nossa identidade como artistas. São uma espécie de energia intemporal, desligada das modas do momento";
-"Este álbum não é uma colecção de canções. É um trabalho coeso que deve ser apreciado como uma peça indivisível";
-"O "Focus" não teve o apoio merecido e acho que essa foi uma das razões que precipitou a dissolução da banda em '94.
(Paul Masvidal)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

CYNIC

«Traced in Air»
(Season of Mist, 2008) [9/10]

Depois de uma dissolução prematura em 1994 e do entusiasmo que despertaram no Verão do ano passado com o anúncio de algumas datas ao vivo, regressam agora em pleno com o álbum mais aguardado do ano. Quem os conhece sabe que figuram nos anais da história do metal à custa do único disco que gravaram, e que a banda da Florida agrupava na altura nomes tão sonantes como Paul Masvidal, Sean Reinert, Sean Malone e Jason Gobel. Catorze anos depois os Cynic apresentam-se com a mesma formação nuclear (os três primeiros músicos) e um álbum bem à altura do legado deixado por «Focus», apesar de moldado à luz duma abordagem sónica actualizada. Esta passa pelos mesmos elementos de jazz de fusão, acoplados agora num estilo de metal/rock progressivo na linha de Porcupine Tree ou até Rush, e uma composição rica e fluente, embora não propriamente de assimilação imediata. Do death metal do passado ficou apenas a memória, o mesmo podendo ser dito em relação ao baixo proeminente de Malone - uma das marcas distintivas do som Cynic - que agora surge mais dissimulado e em segundo plano. Masvidal opta desta vez, e bem, pelo seu registo natural e por um recurso menos frequente à voz processada, assegurando ainda assim aquele carácter espiritual que reveste a música de uma certa ressonância cósmica. A voz gutural do novato Tymon Kruidenier surge apenas ao de leve, como voz de apoio, adaptando-se bem ao estilo menos agressivo desta nova encarnação dos Cynic. Segundo palavras do próprio Masvidal, «Traced in Air» é uma espécie de “regresso à inocência”; um retorno a um estado de pureza artística. Esperemos é que não seja também uma cura momentânea para uma crise de meia-idade e que os Cynic não desapareçam tão depressa como regressaram.

in CLIP (Diário de Aveiro), 6 Novembro 2008

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

TO-MERA

«Delusions»
(Candlelight, 2008) [9/10]

Figurando já entre os grandes talentos da colheita mais recente de bandas de metal progressivo os britânicos To-Mera surgiram em 2004 por iniciativa conjunta da ex-vocalista dos Without Face, Julie Kiss, e do baixista Lee Barrett (cuja notoriedade pela descoberta dos Opeth já ultrapassa a sua fama de ex-Extreme Noise Terror). Depois de um ousado primeiro disco que lhes valeu o acesso directo aos palcos de alguns nomes prestigiados da cena, regressam agora com um trabalho ainda mais criativo e diversificado em sonoridades. Conquanto a música inclua aqui e ali construções e atmosferas que se identificam facilmente com o trabalho de bandas como Dream Theater e Aghora, a composição inventiva e dinâmica do colectivo assume já uma personalidade própria que muito fica a dever à versatilidade do guitarrista Tom MacLean e ao virtuosismo do pianista/teclista Hen. Poderoso em algumas partes, jazzy e sofisticado noutras (incluindo solos de saxofone), suave e ambiental noutras ainda, sempre pautado por um tecnicismo de fazer cair o queixo, e com refrões cativantes protagonizados pela magnífica voz de Kiss que se revela no seu melhor, «Delusions» é um disco fascinante com mundos para descobrir em cada audição.

in CLIP (Diário de Aveiro), 30 Outubro 2008

sábado, 18 de outubro de 2008

WATAIN

«Sworn to the Dark»
(Season of Mist, 2007) [8/10]

Depois de tanta hipérbole em torno deste álbum e das recorrentes insinuações que suscitou quanto à suposta colagem da banda a um dos ícones favoritos do death/black sueco, foi com uma dose acrescida de curiosidade que abordei este disco. Embora certos traços melódicos ao estilo celebrizado pelos lendários Dissection já emergissem do black metal bárbaro do álbum anterior, «Casus Luciferi», este terceiro registo de originais mostra, na verdade, os Watain a abraçarem sem preconceitos o conceito sónico de beleza infernal que foi a essência do legado da banda de Jon Nordveidt. Contudo, «Sworn to the Dark» é mais do que uma simples recriação de velhas glórias. A sua composição de proporções quase épicas cheia de ganchos infecciosos, transições à Slayer, segmentos a meio tempo (agora mais frequentes) a alternar com as blast-beats devastadoras, magníficas linhas melódicas de guitarra que se enleiam em torno dos poderosos riffs old-school, e um som crispado que permite distinguir nitidamente cada um dos instrumentos, conferem-lhe a frescura necessária para que o álbum soe claramente actual. As imprecações diabólicas de Erik Danielsson confirmam este trabalho como um imponente tributo às forças da escuridão, e uma das mais convictas homenagens ao grande antagonista.

in CLIP (Diário de Aveiro), 16 Outubro 2008

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

NACHTMYSTIUM

«Assassins: Black Meddle Part 1»
(Candlelight, 2008) [9.5/10]

Quem busca ainda o pouco de inovador que se produz actualmente no seio das sonoridades mais extremas deve ter com certeza tropeçado já num tal «Instinct: Decay», álbum que concentrou atenções pela curiosa abordagem alucinogénia a um black metal sujo e demolidor. O percurso artístico prévio da banda norte-americana em causa fez sempre suspeitar, no entanto, que este disco de 2006 era apenas uma etapa incremental dum processo evolutivo que estava ainda para produzir o seu resultado mais significativo. Como quase sempre, a realidade superou todas as expectativas. O álbum seguinte, este «Assassins», é não só uma entidade inteiramente diversa de tudo o que os Nachtmystium gravaram até agora, como um dos lançamentos mais marcantes de 2008. Afastado da violenta negritude de outrora e com as blast-beats a funcionar mais como excepção do que regra, é neste quarto longa duração que o líder Blake Judd dá largas finalmente às suas influências rock dos anos 70. O som das guitarras e o estilo dos solos fazem recuar mentalmente à sonoridade hipnótica que Tony Iommi e David Gilmour deixaram para a posteridade em discos como «Sabotage» ou «Meddle». O baterista convidado, Tony Laureano, mostra que as suas aptidões vão muito além da metralha do death metal onde é reconhecido como autoridade. Com acenos frequentes ao psicadelismo espacial Pink Floydiano, duas primorosas intervenções de um saxofone, alguns coros orelhudos punk pelo meio e uma composição simples mas certeira, «Assassins» realiza na totalidade o derrube de barreiras estéticas que o álbum anterior não ousou mais do que insinuar. Absolutamente recomendado.

in CLIP (Diário de Aveiro), 9 Outubro 2008

sábado, 4 de outubro de 2008

Edição de Outubro 7, 2008

Na 2ª Hora
Entrevista com os Aveirenses
THE LAST OF THEM a propósito do álbum «Slow Motion Chaos».

- "Ainda agora começamos a aventura; vamos até onde isto der. Se pudéssemos chegar com a banda a um nível profissional já seria uma batalha ganha";
- "Mesmo com os meios que existem hoje, está cada vez mais difícil. Torna-se mais complicado encher casas, que é exactamente o que uma banda precisa para se tornar profissional e conseguir criar uma base de fãs muito forte";
- "Estar a rotular que tipo de death metal... também há lá disso, assim como um pouco de todos os clichés que existem no metal, no rock e por aí além";
- "Queremos ver isto, não como uma continuação de Sonic Flower, mas como uma evolução do que já se fazia nos Sonic".

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

ARKAN

«Hilal»
(Season of Mist, 2008) [7.5/10]

É mais uma estreia de relevo a assinalar este ano, desta feita da autoria de um colectivo radicado em Paris mas que é formado maioritariamente por músicos oriundos da Algéria e de Marrocos, e que se propõe harmonizar as sonoridades tradicionais das suas culturas com a agressividade globalizante do metal. O resultado é um trabalho interessante com mais de uma hora de riffs possantes por vezes a roçar os géneros mais extremos, nos quais se diluem uma miríade de ritmos e motivos sonoros exóticos produzidos por instrumentos folk, bem como uma diversidade de registos vocais que vão desde o gutural cavernoso aos coros e às vozes femininas. A voz natural de Abder Abdallahoum, o dinamismo da composição e os arranjos étnicos elaborados são pontos fortes na música dos Arkan, porém a banda parece não conseguir evitar certas estruturas genéricas que se prolongam por demasiado tempo e que acabam por subtrair qualidade a alguns dos temas. Esteticamente o álbum soa também um tanto ou quanto desnorteado, o que até não surpreende num primeiro disco. Para quem aprecia esta fusão entre o peso esmagador do metal e a delicadeza mística dos sons das arábias, «Hilal» será sem dúvida uma excelente alternativa aos trabalhos de bandas como Orphaned Land e Melechesh.

in CLIP (Diário de Aveiro), 2 Outubro 2008

sábado, 27 de setembro de 2008

Edição de Setembro 30, 2008

Na 2ª Hora

Entrevista com David Doutel dos portugueses ECHIDNA a propósito do álbum de estreia «Insidious Awakening».

- "Gravar com uma pessoa que conhecemos bem - o Daniel Carvalho - proporcionou-nos um ambiente de estúdio mais informal e um resultado que soa mais honesto e genuíno";
- "Conheço o Pedro Lima desde os seis anos e juntos crescemos e evoluímos na guitarra. Estamos em perfeita sintonia e isso reflecte-se na composição e nas actuações ao vivo";
- "Nunca tivemos a preocupação de fazer um determinado tipo de som. Quisemos apenas que o trabalho soasse o mais verdadeiro possível dentro daquilo que nos dá prazer tocar. O próximo álbum já se afastará de todas as referências com que nos têm catalogado".
(David Doutel)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

ECHIDNA

«Insidious Awakening»
(Rastilho Records, 2008) [7.5/10]

Embora o ubíquo death/thrash melódico à moda sueca tenha já passado pela sua época áurea, de vez em quando ainda surge uma ou outra banda que reaviva esse espírito com tal perfeição que se torna simplesmente incontornável. É o caso dos Echidna, um colectivo de Vila Nova de Gaia que acabou de se estrear com um disco que transpira Arch Enemy e The Haunted por todos os poros, mas que evidencia, simultaneamente, um domínio invulgar de todos os aspectos criativos do género em causa assim como uma técnica exemplar no manejo de todos os instrumentos, em especial as guitarras, oferecendo assim um trabalho que é um autêntico festim para os sentidos. Com o magnífico vozeirão do Pedro Fonseca a fazer-nos recuar até aos melhores dias de Tomas Lindberg nos At The Gates, os guitarristas David Doutel e Pedro Lima debitam riffs cortantes mas sempre imbuídos de um permanente sentido de melodia, assim como excelentes leads que pouco ficam a dever a muitos nomes reverenciados das seis cordas. Munido com um dos sons mais fenomenais de sempre a sair dos estúdios UltraSound de Braga, «Insidious Awakening» é um trabalho enérgico e coeso que promete muitas dores de pescoço, sendo a prova viva de que os Echidna tem o que é necessário para passar à fase seguinte e descobrir o seu próprio nicho sónico. Talvez os seis minutos instrumentais que encerram o álbum sejam já um prenúncio de algo maior a surgir num próximo registo.

in CLIP (Diário de Aveiro), 25 Setembro 2008

domingo, 21 de setembro de 2008

Edição de Setembro 23, 2008

Na 2ª hora:

CLASSICS III
Grandes clássicos de sempre, escolhidos e apresentados pelos nossos entrevistados.
Por ordem de entrada:
Carlos Santos (ASSEMBLENT), Ulf Theodor Schwadorf (THE VISION BLEAK), Dionysos (HELRUNAR), Marten Hansen (THIS ENDING), Morgan Hakansson (MARDUK), Marco Dilone (LAST HOPE), Marko Tervonen (ANGEL BLAKE), Robin Staps (THE OCEAN), Erik Wunder (COBALT), Carmen Simões (AVA INFERI), Eivind "-viNd-" Fjoseide (ATROX).

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

BLUT AUS NORD

«Odinist: The Destruction of Reason by Illumination»
(Candlelight, 2007) [8/10]

Um dos colectivos mais interessantes no que toca ao espectro mais sombrio e inovador das sonoridades extremas, actualmente já com um impressionante rasto artístico, os Blut Aus Nord apresentam neste último registo algo que é, comparativamente, bem menos estranho do que o permanentemente dissonante «MoRT». Os temas desenvolvem-se num tom quase constante e a música é essencialmente uma massa monolítica de acordes sufocantes e de melodias áridas que submergem tudo em redor numa atmosfera desolada e surreal, com o murmúrio áspero de Vindsval a ecoar sinistro e o som das guitarras sempre meio asfixiado. À primeira impressão o trabalho poderá soar excessivamente uniforme e repetitivo, requerendo pois alguma atenção extra de forma a proporcionar um completo envolvimento na experiência de transe obscuro que potencia. Anunciado como um regresso parcial à essência do revolucionário «The Work which Transforms God», este sexto álbum do misterioso trio francês é na realidade um exercício que, de black metal apenas conserva o espírito. «Odinist» pode não ser nem brilhante nem muito menos memorável, mas vale pela originalidade da abordagem sonora que apresenta e pelo potencial intrínseco que encerra como obra de referência.

in CLIP (Diário de Aveiro), 18 Setembro 2008

sábado, 13 de setembro de 2008

Edição de Setembro 16, 2008

Na 2ª Hora

Entrevista com Laurie Ann Haus dos norte-americanos TODESBONDEN a propósito do álbum «Sleep Now, Quiet Forest».

- "Toda a minha vida ouvi música do Médio Oriente. Atrai-me em particular a agilidade dos cantores, as melodias e o 'feeling' que a música emana;
- "Gosto muito de ensaiar com a banda, mas tocar em frente a uma grande audiência ainda me intimida muito";
- "Pode soar pretensioso da minha parte mas a verdade é que temos músicos muito bons nesta banda";
- "Não é fácil ser líder num grupo onde todos os outros membros são homens!"
(Laurie Ann Haus)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

DARK FORTRESS

«Eidolon»
(Century Media, 2008) [8/10]

O quinto registo de originais dos germânicos Dark Fortress alinha-se em quase tudo pelos cânones do melhor black metal melódico oriundo do norte da Europa. A fórmula é conhecida: assenta numa sonoridade densa feita de riffs devastadores frequentemente frenéticos que operam sobre um fundo subtil de teclados, e em que o registo vocal abrasivo do costume é substituído a espaços por vocalizações profundas e/ou sussurradas que conferem à atmosfera geral um toque ainda mais sombrio. A produção é polida e a composição de primeira, no entanto, por mais que este seja um disco que vá agradar sem dúvida a fãs de Dimmu Borgir e Immortal, quem teve a oportunidade de ouvir um trabalho em tudo menos ortodoxo e bem mais criativo como «Séance», o álbum anterior, não evitará torcer o nariz a esta recente adaptação ao nicho mais acessível do black metal, que surge na sequência da substituição de Azathoth, o vocalista fundador da banda, pelo recém chegado Morean, e que pode ter custado ao quinteto a perda duma parte da identidade artística original. Mas, é claro, isso não impede que «Eidolon» seja um trabalho não só competente, como sedutor na sua maior parte. Um dos seus melhores momentos inclui a participação vocal de Tom Gabriel “Warrior” dos lendários Celtic Frost.

in CLIP (Diário de Aveiro), 11 Setembro 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

OPETH

«Watershed»
(Roadrunner Records, 2008) [10/10]

O aspecto principal que faz dos Opeth uma banda sem paralelo é a forma singular como sempre aliaram universos musicais contrastantes e, até há bem pouco tempo, disjuntos, sendo o recente «Watershed» o disco que melhor ilustra essa faculdade ímpar da banda de Mikael Akerfeldt. Neste que é já o nono álbum da formação sueca, a fusão referida resulta ainda mais equilibrada e coerente devido a um maior enfoque em passagens acústicas interpretadas em voz limpa - aspecto que o vocalista e mentor da banda tem vindo a melhorar sobremaneira - em detrimento duma redução nos extremismos do death metal. A composição é a mais fluente e inspirada de sempre, fazendo mais do que nunca justiça à classificação de progressiva, com momentos de pura magia criados pelo condão das guitarras da dupla Akerfeldt/Akesson e pelos teclados de Per Wiberg, este a remeter amiúde para atmosferas evocativas das velhas lendas do rock sinfónico, e ocasionalmente com a aparição de instrumentos clássicos. No geral a música retém aquele espírito que oscila entre o profundamente emotivo e até dramático que sempre caracterizou o colectivo, e um lado mais animado e positivo. Depois do lançamento, em 2005, de um disco aparentemente insuperável como «Ghost Reveries» e da perda subsequente de dois membros de longa data, é provável que poucos esperassem dos Opeth um novo álbum deste calibre. Contudo, a verdade é que a banda regressou com um dos trabalhos mais orgânicos e consistentes de sempre, que é, segundo palavras do próprio Akerfeldt, “de alguma maneira, um álbum de transição”. Para onde essa transição levará futuramente o som opethiano, é algo que fica em aberto para especulação até ao próximo registo.

in CLIP (Diário de Aveiro), 4 Setembro 2008

sábado, 30 de agosto de 2008

Edição de Setembro 2

Na 2ª Hora

Entrevista com Greg Chandler vocalista e guitarrista dos ingleses ESOTERIC a propósito do novo álbum «The Maniacal Vale».
.
- "Julgo que este novo álbum é um pouco mais psicadélico e experimental, e mais diverso nos andamentos do que os nossos registos mais recentes";
- "O que a generalidade das pessoas procuram é gratificação imediata - exactamente aquilo que não encontram na nossa música";
- "Não estou a exagerar se disser que durante os concertos me sinto numa espécie de transe, num estado de consciência alterada".
(Greg Chandler)

domingo, 17 de agosto de 2008

TODESBONDEN

«Sleep Now, Quiet Forest»
(Prophecy Productions, 2008) [8.5/10]

Este é um novo projecto de Laurie Ann Haus que combina de forma monumental as influências neoclássicas da sua outra banda, os Autumn Tears, com melodias folk, temas pastorais, sons e ritmos tradicionais do Médio Oriente e uma esmagadora base de metal de sonoridade doom. Envolvente e algo melancólico, o primeiro álbum é feito de momentos de grande musicalidade que evidenciam bem o nível técnico dos artistas envolvidos (alguns dos Rain Fell Within), e que compreendem magníficos solos de guitarra e deslumbrantes linhas de piano e violino, assim como percussões exóticas, segmentos com harpa e flauta e momentos baseados em riffs bem pesados. De salientar a delicada e extraordinária voz da mentora do projecto, uma deusa com porte e talento comparáveis a Lisa Gerrard (Dead Can Dance), cuja performance varre toda a gama, desde o étnico ao operático com impressionante versatilidade. Misturado e masterizado por Jens Bogren (que já trabalhou com Opeth, Katatonia, entre outros), «Sleep Now, Quiet Forest» é uma encantadora viagem mística através de mundos ancestrais e uma das experiências sonoras mais fascinantes dos últimos tempos.

in CLIP (Diário de Aveiro), 7 Agosto 2008

quinta-feira, 31 de julho de 2008

ETERNAL DEFORMITY

«Frozen Circus»
(Code666, 2008) [8.5/10]

O nome é típico de banda de thrash dos anos 90 mas a editora sugere uma sonoridade bem mais moderna, e é disso mesmo que se trata. Para além de assentar numa espinha dorsal bem extrema, a música deste quinteto polaco reveste-se de sofisticados arranjos fortemente baseados em teclados e violinos, melodias cativantes, atmosferas góticas e alguns apontamentos de virtuosismo. O que fazem não é propriamente inovador, mas ainda assim há algo de genuíno na combinação entre o toque pessoal e dinâmico que conferem às suas composições levemente progressivas, e a magnífica voz de Przemyslaw Kajnet que se distingue particularmente no seu registo mais limpo. Apesar de ser o quarto longa duração do colectivo (e o primeiro a ter a mão de uma editora externa ao grupo), este é um trabalho muito diferente do álbum anterior, o estranho «The Serpent Design», provavelmente fruto da entrada dos novos teclista e baterista, e da evolução da banda nestes últimos cinco anos. Com claras alusões textuais e sónicas ao espectáculo circense, «Frozen Circus» é um disco refrescante e cheio de boas ideias, que promete arrebatar, finalmente, os Eternal Deformity do anonimato.

in CLIP (Diário de Aveiro), 31 Julho 2008

sábado, 19 de julho de 2008

Edição de Julho 22, 2008

Na 2ª Hora

Entrevista com Alejandro Arce, baterista dos chilenos MAR DE GRISES, a propósito do novo álbum «Draining the Waterheart».

- "Num país como o Chile é geralmente muito difícil dispor do tempo e dos recursos que uma banda exige para atingir um nível profissional"
- "Vários comentadores têm referido que este álbum é muito diferente do «Tatterdemalion...», mas eu não concordo"
- "Na última digressão Europeia o Barroselas Metalfest foi sem dúvida o maior festival por onde passamos"
(Alejandro)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

REQUIEM LAUS

«The Eternal Plague»
(666 Productions, 2008) [6.5/10]

Ilustres representantes insulares do metal luso e um dos nomes mais proeminentes do underground nacional desde meados da década de 90 com um invejável registo de demo-tapes de qualidade, os Requiem Laus já há muito estavam em falta com o tão aguardado álbum de estreia. Gravado na Suécia com Pelle Saether nos comandos, «The Eternal Plague» não esconde a grande admiração que a banda nutre pelo legado intemporal de Chuck Schuldiner, incorporando também algumas novidades e aperfeiçoamentos de composição que se traduzem nos melhores temas de death metal alguma vez gravados pelo colectivo Madeirense. Pena é que estes atributos não se apliquem à generalidade do álbum. De facto, só depois da terceira faixa, quando a banda tira o pé do acelerador e volta aos andamentos a meio tempo que lhe são mais favoráveis, injectando alguma criatividade, é que o disco começa a despertar interesse. Mas mesmo aí surgem frequentemente pelo meio riffs ou passagens demasiado genéricas, e a bateria soa muitas vezes uma tanto ou quanto maquinal. Em suma, um disco que não deixa dúvidas quanto à experiência considerável da formação, mas que não exibe o engenho que se esperaria de uma banda com dezasseis anos de actividade.

in CLIP (Diário de Aveiro), 17 Julho 2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

ESOTERIC

«The Maniacal Vale»
(Season of Mist, 2008) [9/10]

Numa época dominada pela busca do prazer imediato e em que o intervalo de atenção médio não ultrapassa as poucas dezenas de segundos, os Esoteric cada vez mais se destacam como uma anomalia pela insistência numa abordagem que exige muito do ouvinte, não só pelos temas que quase sempre rondam os dez a vinte minutos de duração, como pela natureza quase impenetrável dos seus trabalhos. O novo álbum do colectivo de Birmingham é assim mais um lançamento volumoso, com mais de cem minutos de música dividida por dois CDs, que nos transporta para lá de todas as convenções e em direcção às profundezas sombrias da mente dos seus criadores. Partindo de um doom tortuoso já muito burilado em discos anteriores, o novo álbum adiciona elementos psicadélicos e até alguns andamentos rápidos. A música move-se gradualmente por cumes e vales de intensidade, intercalando explosões de riffs esmagadores, vozes cavernosas e gritos desesperados, com segmentos mais experimentais, solos de guitarra hipnóticos e momentos tranquilos de transe ambiental. De audição difícil e até exaustiva, «The Maniacal Vale» é um disco que se recomenda apenas aos amantes dos géneros mais negros e introspectivos.

in CLIP (Diário de Aveiro), 10 Julho 2008

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Edição de Julho 8, 2008

Na 2ª Hora

Entrevista com Pierre Stam, baixista dos suecos IN MOURNING, a propósito do álbum «Shrouded Divine».

- "Embora este seja o nosso primeiro álbum, não sentimos este disco como uma estreia pois já tocámos e gravamos juntos há muitos anos"
- "Temos consciência da nossa qualidade mas ainda assim ficamos surpreendidos com a quantidade de reacções positivas que o disco suscitou dos media"
(Pierre Stam)
INFO: Em Outubro In Mourning ao vivo em Portugal, em Braga e Lisboa.

IN MOURNING

«Shrouded Divine»
(Aftermath Music, 2008) [9/10]

Este é seguramente um dos melhores discos de estreia dos últimos anos. Não se trata de doom metal como o nome da formação sueca poderá sugerir, mas sim death melódico e progressivo capaz de fazer inveja a muitas bandas com créditos firmados na cena. Apesar de conter referências claras a Opeth no que toca a sonoridade e em alguns aspectos estruturais, «Shrouded Divine» é um trabalho que se distancia o suficiente do estilo de Akerfeldt pela sua abordagem mais directa e acessível. Sem grandes complexidades a composição é criativa, trabalhada ao ínfimo detalhe, e do mais inteligente e maduro que é possível encontrar, com riffs geniais debitados por um trio de guitarras, transições memoráveis e alguns leads de rara beleza, por vezes a fazer lembrar até o lendário Andy Latimer (Camel). Tobias Netzell oferece uma prestação vocal excelente que percorre todo o espectro brutal, desde o gutural mais grave à aspereza típica do black metal, passando pelo seu registo natural nos momentos mais tranquilos da música. Muito variado mas sem se perder por um momento em divagações incoerentes, este é um disco espectacular de uma banda com o seu quê de novo para oferecer.

in CLIP (Diário de Aveiro), 3 Julho 2008

segunda-feira, 30 de junho de 2008

THANATOSCHIZO

«Zoom Code»
(My Kingdom Music, 2008) [9/10]

Quatro anos depois de assinarem o melhor álbum luso de 2004, «Turbulence», o colectivo originário de Santa Marta de Penaguião volta a surpreender com um novo disco ainda mais ambicioso, que expande o seu estilo já distintivo por caminhos estéticos mais abstractos e ecléticos. Os temas fervilham de passagens vistosas e detalhes instrumentais que fazem deste o trabalho musicalmente mais rico jamais produzido pelos ThanatoSchizO. A música move-se por terrenos progressivos e experimentais, incluindo aqui e ali motivos étnicos integrados na própria composição e sugeridos por instrumentos tradicionais como a concertina, assim como elementos electrónicos mais ou menos subtis. Este alargamento a dimensões artísticas mais amplas e variadas resultou num aligeirar da intensidade dos elementos sonoros mais extremos, e consequentemente num álbum que soa mais acessível. Como é óbvio isto é relativo, uma vez que Eduardo Paulo continua a marcar presença com o seu vozeirão atroador e a sonoridade geral ainda toca as franjas do death metal. Ainda no campo das vozes é forçoso salientar a Patrícia Rodrigues pela manifesta evolução técnica de disco para disco, culminando aqui na sua prestação mais segura e irrepreensível. Com pequenas mas valiosas contribuições do ex-Dodheimsgard Svein Hatlevik e Timb Harris dos Estradasphere, «Zoom Code» constitui o trabalho mais extraordinário dum grupo que se tem vindo a afirmar como um caso sério de criatividade no panorama nacional, e que é pois urgente descobrir.

in CLIP (Diário de Aveiro), 26 Junho 2008

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Edição de Junho 24, 2008

Na 2ª Hora
Entrevista com Anders Jacobsson, vocalista dos suecos DRACONIAN, a propósito do novo álbum «Turning Season Within».

- "A imprensa foi sempre muito favorável em relação aos nossos discos"
- "Há dez anos as nossas referências musicais eram mais românticas e góticas. Actualmente são mais progressivas e, claro, doom"
- "A maioria das pessoas tem muito mau gosto musical. É por esse motivo que quase toda a música mainstream é uma merda!"
(Anders Jacobsson)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

OBTEST

«Gyvybës Medis»
(Osmose Productions, 2008) [9/10]

Segundo uma analogia futebolística usada pelos membros dos Obtest, este novo álbum de estúdio é como uma promoção à primeira liga. E é mesmo. Senão vejamos: em dezasseis anos de carreira é o primeiro disco a ser registado num estúdio profissional, apresentando uma qualidade sonora e de produção que não só faz justiça ao talento do quinteto originário de Vilnius, Lituânia, como deixa a anos-luz qualquer um dos sete trabalhos anteriores. A qualidade das composições também melhorou bastante. O cunho pagan metal continua presente nos conteúdos líricos muito ligados ao folk báltico, na imagem e na filosofia geral subjacente à banda, no entanto a música ramifica-se de influências que vão desde o heavy metal tradicional ao power metal, sendo marcada por um virtuosismo invulgar na guitarra solo que adquire neste trabalho um protagonismo sem precedentes na discografia do colectivo. Mais melódico do que o anterior “Is Kartos Á Kartr” e interpretado, como sempre, no idioma nativo do grupo sem por isso se tornar menos atractivo, «Gyvybës Medis» é um trabalho refrescante e o primeiro dos Obtest a beneficiar duma máquina promocional à altura do seu valor.

in CLIP (Diário de Aveiro), 12 Junho 2008

domingo, 8 de junho de 2008

SJODOGG

«Landscapes of Disease and Decadence»
(Osmose Productions, 2008) [8/10]

Há qualquer coisa de excepcionalmente compulsivo na abordagem black metal dos Sjodogg que tem mantido este disco no meu leitor durante mais tempo do que é habitual. Em lugar de colocar a tónica em tiradas rápidas ou rajadas demolidoras, a composição concentra-se mais na produção de uma atmosfera permanentemente negra e esmagadora. As erupções velozes também lá estão, claro, mas surgem intercaladas entre segmentos lentos e algumas passagens acústicas. Com frequência, acordes sinistros de uma guitarra distante são ouvidos sobre uma base percussiva apressada, um contraste que, de alguma forma, enfatiza o carácter sombrio da música, trazendo ocasionalmente à mente nomes como Secrets of the Moon ou Blut Aus Nord. Outro aspecto atractivo é a entoação gutural de Vulnus, sempre carregada de emoção e variando de registo ao longo de cada tema, passando por partes declamadas ou excertos de voz quase limpa, numa interpretação que injecta algo de teatral nas canções. «Landscapes of Disease and Decadence» é um álbum de estreia que deixa a impressão de um certo potencial criativo ainda por explorar, e por conseguinte as melhores expectativas futuras nos Sjodogg.

in CLIP (Diário de Aveiro), 5 Junho 2008

sábado, 31 de maio de 2008

Edição de Junho 3, 2008

Na 2ª Hora
Entrevista com Sadlave (Evaldas Babenskas) dos lituanos OBTEST, a propósito do novo álbum «Gyvybés Medis».

- "Os nossos discos anteriores foram todos gravados com recursos "caseiros". Esta foi a nossa primeira experiência num estúdio profissional"
- "Este álbum é sobre a arvore da vida: o modelo mitológico usado pelos antigos povos Bálticos para representar o mundo"
- "Com a nova editora passamos a beneficiar de mais atenção dos media... e ficamos a saber que há muita gente que não faz ideia onde raio fica a Lituania!"
(Sadlave)

domingo, 18 de maio de 2008

Edição de Maio 20, 2008

Na 2º Hora

Entrevista com Marco Dilone, vocalista e membro fundador dos portugueses LAST HOPE, a propósito do novo álbum «Continuar a Acreditar».

- "Este álbum levou-nos onde nunca tinhamos conseguido chegar antes em termos de comunicação social. As reacções têm sido excelentes"
- "O que nos impediu de chegar até este nível de aceitação generalizada foi o facto de nunca termos feito um disco totalmente em português"
(Marco Dilone)

SEPTIC FLESH

«Communion»
(Season of Mist, 2008) [8.5/10]

Como um fantasma que regressa para completar a obra que uma morte prematura interrompeu, também os Septic Flesh ressurgem agora das suas próprias cinzas, para acrescentar ao seu legado artístico algo que tinha ficado por fazer - um trabalho a combinar uma forte componente sinfónica com o death metal melódico do passado recente. E para esse efeito o colectivo grego não se fez rogado, tendo-se reunido com os 80 músicos da Orquestra Filarmónica de Praga mais um coro de 32 vozes, que o ‘gothic maestro’ Chris Antoniou pessoalmente dirigiu. O que daí resultou é uma das mais perfeitas simbioses entre a fina delicadeza das texturas sinfónicas e a brutalidade extrema dos riffs e das blast-beats. Variado na gradação com que a componente orquestral é usada, o álbum inclui desde temas intensamente sinfónicos onde o dramatismo dos elementos clássicos projecta literalmente imagens teatrais no subconsciente, até alguns temas mais simples que bem poderiam fazer parte de «Sumerian Daemons», todos eles comandados pelo rugido demónico de Seth e pelo estupendo registo vocal de Sotiris. Se este é o fruto do longo período de paragem a que a banda se sujeitou, então espero que voltem a tirar umas longas férias antes do próximo disco.

in CLIP (Diário de Aveiro), 15 Maio 2008

domingo, 11 de maio de 2008

Edição de Maio 13, 2008

Na 2ª Hora:

Entrevista com Eivind "-viNd-" Fjoseide, guitarrista dos noruegueses ATROX a propósito do último álbum «Binocular».

- "Sempre fomos grandes fãs de Arcturus e isso nota-se no nosso som desde o álbum «Contentum». Os elementos industriais que usamos agora tornam essa influencia ainda mais evidente"
- "As letras são sobre a ascensão e queda dum cientista paranóico, mais precisamente Nikola Tesla (1856–1943). Ele encarnou um pouco o estereotipo do cientista louco"
- "A nossa editora anterior (a Code666) rescindiu o contrato com a banda logo que soube que a Monika (antiga vocalista) tinha saído"
(-viNd-)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

NERTHUS

«The Crowned’s Reunion»
(CCP Records, 2007) [6.5/10]

Em 2002 impressionaram com o álbum «Scattered to the Four Wainds», uma pequena obra-prima de folk/black metal com um som e estilo tão peculiar que colocou definitivamente o colectivo austríaco no mapa dos grandes talentos do género. «The Crowned’s Reunion» é um manifesto renovado do engenho dos irmãos Hiebaum na arte de conceber odes admiráveis que se demarcam visivelmente dos estereótipos mais desgastados das hibridações folk. Ao contrário do disco de há seis anos, este quarto álbum de estúdio é pontuado por melodias de forte inspiração céltica e por um certo encanto exótico materializado pela utilização recorrente do berimbau e de outros instrumentos menos convencionais. Como já vem sendo hábito, o disco inclui uma série de pequenos instrumentais entre as faixas principais que se assemelham, desta vez, às introduções de teclados dos Summoning. O problema destes interlúdios é que, por um lado, funcionam numa toada completamente distinta da restante música, e por outro surgem em número excessivo. O resultado é um álbum com cinco boas músicas num total de onze, intercaladas por excertos tão maçadores quanto os blocos publicitários nos intervalos dum filme.

in CLIP (Diário de Aveiro), 8 Maio 2008

segunda-feira, 5 de maio de 2008

ATROX

«Binocular»
(Season of Mist, 2008) [9/10]

Após a publicação dum álbum tão invulgarmente directo como «Orgasm» e do abandono subsequente da excêntrica Monika Edvardsen, pensei que os Atrox estivessem arrumados. Mas enganei-me. Cinco anos depois o colectivo norueguês reaparece, revitalizado, com uma proposta que, pela primeira vez, recorre fortemente aos computadores e aos elementos electrónicos, e a uma abordagem experimental e vanguardista que tem muito em comum com Arcturus e Age of Silence. Menos concentrado no peso das guitarras e com mais espaço para devaneios progressivos e atmosferas psicadélicas, o novo álbum é apropriadamente descrito pela banda como retro-futurista, opondo o orgânico ao mecânico e o moderno ao antigo, através duma composição extravagante com traços por vezes esquizofrénicos, que se demarca de todo o tipo de convenções do espectro do ‘metal’. Embora não seja fácil esquecer o inimitável estilo histriónico de Edvardsen, a banda ficou muito bem servida com o novato Rune Folgerø que demonstra possuir o talento vocal e o perfil adequados ao universo sonoro retratado em «Binocular». Um disco inteligente e criativo, apenas para quem procura algo de excepção.

in CLIP (Diário de Aveiro), 1 Maio 2008

sábado, 26 de abril de 2008

Edição de Abril 29, 2008

Na 1ª Hora:

Entrevista com Guilhermino Martins e Patrícia Rodrigues, respectivamente guitarrista e vocalista dos portugueses THANATOSCHIZO, a propósito do último álbum "Zoom Code".

- "Acima de tudo este álbum revela uma grande amadurecimento da banda. Penso que aperfeiçoamos muito a nossa forma de compor."
- "Este disco reúne quatro componentes: o nosso estilo próprio de death metal, rock progressivo, alguma música electrónica, e elementos exóticos ou étnicos algo semelhantes aos que usamos no "Schizo Level".

HATE

«Morphosis»
(Listenable Records, 2008) [9/10]

Há cerca de dois anos encabeçavam a lista negra de bandas a abater criada pelo ultra conservador polaco Ryszard Nowak ao mesmo tempo que, indiferentes a controvérsias, inauguravam uma era sónica renovada com a introdução de elementos industriais no seu, até aí, death metal tradicional. Foi o ano do álbum “Anaclasis - A Haunting Gospel of Malice & Hatred”. Em Morphosis” Atf Sinner e Cia trazem-nos mais algumas mudanças. Os sons sintéticos continuam lá, mas agora identificam-se mais com elementos ambientais ou de electrónica futurista do que propriamente com sonoridades industriais. Apesar de rico em rajadas ultra rápidas capazes de pulverizar uma pequena comunidade católica (!), este sexto longa duração é, em média, acentuadamente mais lento, apresentando até algumas passagens melódicas ao longo dos seus oito temas. Sem grande pretensiosismo técnico e mais concentrado numa composição consistente e direccionada para os aspectos essenciais da agressão e do groove, “Morphosis” é sobretudo uma indispensável lufada de ar fresco no death metal actual, dum colectivo que ainda há pouco tempo carregava o epíteto de “ameaça para a ordem democrática”.

in CLIP (Diário de Aveiro), 24 Abril 2008

segunda-feira, 21 de abril de 2008

ROOT

«Daemon Viam Invenient»
(Shindy Productions, 2008) [6/10]

Ser conhecido e respeitado em todo o mundo sem nunca ter beneficiado, em vinte anos de carreira, da ajuda da máquina promocional de uma grande editora, é talvez uma das melhores definições do que é ser uma ‘banda de culto’. Depois de criarem com «Madness of the Graves» um dos trabalhos mais acessíveis de sempre, os lendários Root regressam ao ecletismo de registos anteriores com um disco que cruza elementos diversos, desde o dark/death metal ao gótico e até ao blues, mas que tem sobretudo a marca peculiar do colectivo Checo. Ao mesmo tempo, este é um dos álbuns menos inspirados dos últimos anos, com algumas faixas enfadonhas e até dispensáveis, e uma certa incoerência interna que faz com que soe por vezes como uma compilação de músicas soltas unidas apenas pelo mesmo fio condutor lírico. Em grande medida o disco só não descamba para um completo fiasco graças ao magnífico e amplo espectro vocal do carismático Big Boss, que parece continuar no seu melhor apesar dos seus já 55 anos de idade (!). Enfim, um momento menos feliz para os Root que nos deixa a aguardar ainda mais ansiosamente pelo próximo álbum.

in CLIP (Diário de Aveiro), 17 Abril 2008

segunda-feira, 14 de abril de 2008

15 e 22 de Abril, 2008

Edições especiais dedicadas ao maior festival português de música extrema, o SWR Barroselas Metalfest, referência incontornável actual no roteiro europeu de festivais de metal.

Por essa vila do concelho de Viana do Castelo, vão passar este ano, nos 3 dias em que decorre o evento, um total de 42 bandas, entre as quais se incluem:
ENSLAVED, BRUJERIA, NIFELHEIM, FLESHCRAWL, REGURGITATE, ROTTEN SOUND, URGEHAL, SATURNUS e MAR DE GRISES.



domingo, 6 de abril de 2008

Edição de Abril 8, 2008

Na 2º Hora:

Entrevista com Atf Sinner, guitarrista/vocalista e líder dos polacos HATE a propósito do último álbum, "Morphosis".

- "Awakening of the Liar"(2003) foi o nosso derradeiro disco de death metal tradicional. Inovar a partir daqui implicou a introdução de novos elementos - no caso, industriais"
- "Trabalhar com samples industriais é sempre 'perigoso', pois a primeira impressão que tens é que quanto mais samples adicionas, melhor. O problema é que não passa disso mesmo: uma impressão.
- "O conteúdo lirico de "Morphosis" é sem dúvida satânico, embora não assuma a perspectiva tipíca da blasfémia barata. Trata-se sim duma abordagem mais filosófica e ocultista."
- "Há dois anos viveu-se na Polónia um período de verdadeira caça às bruxas. A maioria das bandas com inclinações minimamente satânicas foram proíbidas de tocar ao vivo"
(Atf Sinner)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

DARK SUNS

«Grave Human Genuine»
(Prophecy Productions, 2008) [8/10]

Conseguir uma identidade sonora única é, talvez, a principal aspiração da maioria das bandas. Os Dark Suns estiveram já muito perto disso mas, conscientemente ou não, dão agora um passo atrás nesse processo com um álbum que tresanda a Pain of Salvation, Fates Warning e outros quantos nomes da cena progressiva. Contudo este é um daqueles casos em que a excelência quase que desculpa a colagem, por mais escandalosa que possa parecer. “Grave Human Genuine” é de facto um disco maravilhoso de metal progressivo, de melodias mágicas de guitarra e piano, e um sem número de detalhes que se revelam a cada audição. A música percorre uma vasta gama de sonoridades, texturas rítmicas e estados de espírito, com apontamentos electrónicos e pinceladas pontuais de instrumentos menos convencionais. Gravado com a participação de Kristoffer Gildenlow (ex-baixista dos Pain of Salvation), este multifacetado terceiro registo do colectivo germânico peca apenas pelas duas últimas faixas, demasiado minimalistas e pouco ambiciosas em comparação com o restante material, mas é, ainda assim, um trabalho deslumbrante.

in CLIP (Diário de Aveiro), 3 Abril 2008

segunda-feira, 31 de março de 2008

Edição de Abril 1, 2008

Na 1ª Hora

Passatempo Ancient Ceremonies

Oferta de seis (6) cópias da MEGA edição #14 da revista Ancient Ceremonies

Inclui:
- 25 entrevistas com bandas como Obituary, Marduk. Immolation, DHG, Dimmu Borgir, Mayhem, Desaster, Corpus Christii, The Vision Bleak, After Forever, entre outras;

- Centenas de reviews de CDs e DVDs;
- Total de 100 páginas;
- CD compilação com 19 bandas e 79 minutos

HEGEMON

«Contemptus Mundi»
(Season of Mist/Underground Activists, 2008) [7.5/10]

Confinados durante mais de dez anos à obscuridade do circuito underground francês, os Hegemon apresentam-se finalmente ligados a uma editora à altura da sua competência e com um novo disco que lhes perspectiva o merecido reconhecimento além fronteiras. As primeiras voltas a «Contemptus Mundi» são suficientes para perceber o quanto a banda progrediu durante este hiato de seis anos que se seguiu ao lançamento do álbum «By this I Conquer», numa direcção musicalmente mais elaborada, mas, ainda assim, fiel à sua orientação black metal de terceira geração. A habilidade com que o quarteto gaulês engendra estruturas rítmicas apelativas, alternâncias de velocidade, riffs melódicos espectaculares e até coros que convidam a acompanhar, é bem patente em alguns dos temas. Pontuado por alguns segmentos acústicos e samples de filmes alusivos aos temas bélicos que servem de mote às letras, este é um disco de uma força devastadora que peca apenas pela reprodução por vezes excessiva de maneirismos tradicionais do black metal que não induzem mais do que uma sensação de indiferença. Globalmente um trabalho pouco acima da média.

in CLIP (Diário de Aveiro), 27 Março 2008

domingo, 23 de março de 2008

THE ARCANE ORDER

«In the Wake of Collisions»
(Metal Blade, 2008) [7.5/10]

Estrearam-se há pouco mais de ano e meio com «The Machinery of Oblivion», um trabalho com o seu quê de death metal melódico mas que deixava claro não se tratar de mais um banda do vasto catálogo Metal Blade a capitalizar no execrável metalcore. Neste novo álbum a banda dinamarquesa deixa cair por completo as referências aos clichés de Gotemburgo em favor duma abordagem thrash/death mais brutal mas também com mais teclados. Comparações com Strapping Young Lad são agora quase inevitáveis, no entanto, a prestação impressionante do guitarrista Flemming Lund aproxima-os por vezes mais do death épico característico dos Theory in Practice. A secção rítmica, da qual se destaca a percussão colorida, surge por vezes demasiado poderosa na mistura, quase eclipsando os admiráveis pormenores de guitarra e teclas do background. Com Kasper Thomsen (também dos Raunchy) a recorrer desta vez mais ao registo gutural, que alterna com os seus vocais mais rasgados, «In the Wake of Collisions» é um disco de sonoridade espessa e esmagadora que deixa no ouvinte uma sensação muito semelhante a uma violenta colisão frontal.

in CLIP (Diário de Aveiro), 20 Março 2008

domingo, 16 de março de 2008

Edição de Março 18, 2008

Na 2º Hora:

Entrevista com Maik Knappe, guitarrista dos alemães DARK SUNS a propósito do álbum «Grave Human Genuine».

- "A voz do Niko é de facto muito parecida com a do Daniel dos Pain of Salvation mas as semelhanças entre os Dark Suns e essa banda sueca ficam por aí"
- "O álbum não tem nada de divertido ou animador, no entanto nós somos pessoas engraçadas e é isso que está patente no clip do "The chameleon conflict""

(Maik Knappe)

sexta-feira, 14 de março de 2008

PEST

«Rest in Morbid Darkness»
(Season of Mist, 2008) [7/10]

Completam agora a primeira década de uma existência caótica marcada por seis lançamentos infernais e prometem continuar a atormentar o mundo dos vivos com o black metal mais imundo de sempre. Este quarto longa duração é mais um exercício dentro dos limites de um estilo da velha guarda, orgulhosamente básico, que não admite polimentos modernos extravagantes e onde tudo é ferozmente disparado apenas pela artilharia elementar das guitarras, baixo e bateria. Ao todo são nove hinos simultaneamente rudes e viciantes, sem floreados supérfluos, e de irrepreensível execução. Uns temas mais do que outros mostram que a inseparável dupla Necro/Equimanthorn não arrumou ainda os velhos LPs dos Celtic Frost e Iron Maiden. A contrastar com todo este frenesim diabólico, o disco termina com uma faixa de quinze minutos, surpreendentemente lenta, numa veia idêntica a algo que a banda sueca gravou no EP “Daudafaerd” em 2004. Selvagem e directo, com uma produção suja a condizer, «Rest in Morbid Darkness» é um ataque intenso de thrash enegrecido que soa demasiado a Darkthrone para o seu próprio bem, recomendando-se apenas aos fãs mais empedernidos do género.

in CLIP (Diário de Aveiro), 13 Março 2008

sábado, 1 de março de 2008

Edição de Março 4, 2008

Na 2ª Hora:

Entrevista com Flemming Lund, guitarrista dos dinamarqueses THE ARCANE ORDER a propósito do álbum «In the Wake of Collisions».

- "Logo que nos apercebemos que este álbum ia soar bastante diferente resolvemos colocar um aviso no website de forma a preparar mentalmente os fãs"
- "Este é um álbum sobre colisões, sobre choques entre ideias e conceitos antagónicos: amor e ódio, guerra e paz, vida e morte..."
- "Esta bandas mais recentes de metalcore fazem todas a mesma coisa: limitam-se a copiar riffs de grupos suecos de há 10 ou 15 anos atrás"
(Flemming C. Lund)

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

BEHEMOTH

«The Apostasy»
(Regain Records, 2007) [9/10]

Se o death metal está hoje vivo e de boa saúde, em grande parte o deve aos Behemoth. Para além de produzirem alguma da música mais estimulante dentro do género, os discos do trio polaco assumem a autoridade de autênticos padrões de aferição de qualidade para a concorrência. «Demigod», lançado em 2004, elevou esta bitola a níveis sem precedentes. O sucessor, «The Apostasy», segue-lhe o exemplo, com composições excelentes baseadas em riffs por vezes envolvidos de rodopios e ondulações thrashy, outras vezes metralhados sem misericórdia, mas sempre com uma execução fenomenal e uma marcação rítmica precisa e criativa. Alguns temas surgem salpicados com arranjos sinfónicos e vozes de sopranos, culminando por vezes em compassos militaristas de proporções megalómanas. Como quase sempre, o vozeirão inumano de Nergal disserta sobre temáticas místicas dos ‘caminhos à esquerda’, escarnecendo ao mesmo tempo das religiões da culpa e da subserviência. Com temas curtos mas eficazes e um som não menos que titânico, «The Apostasy» é um lançamento imprescindível e a garantia de uma experiência sónica suprema.

in CLIP (Diário de Aveiro), 28 Fevereiro 2008

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

NOVEMBRE

«Materia»
(Peaceville Records, 2006) [8/10]

Sendo um fã incondicional deste grupo italiano desde que se apresentaram, em 1994, com o fascinante «Wish I could dream it again», foi com alguma desilusão que recebi este novo disco tal é o afastamento que regista em relação às atmosferas death metal de outrora, em favor duma abordagem sonora mais relaxada e acessível. Comparações com o som dos Katatonia ou Anathema são, agora, quase inevitáveis, no entanto os Novembre mantêm ainda uma carácter muito próprio que se manifesta especialmente na sua maneira única de compor, resultando em temas brilhantes que incluem desde segmentos densos e envolventes até passagens tranquilas e naíve. Estas últimas são, por vezes, cantadas no idioma nativo da banda, o qual, devido à sua fonética característica, confere a estes momentos uma expressividade sem igual. Outro aspecto a salientar em «Materia» é o exímio trabalho de guitarra que aparece nas inspiradas sequências de abertura de alguns temas e nos solos apaixonados que permeiam todo o disco. Ainda assim prefiro qualquer uma das anteriores incarnações da banda (daí a minha leve desilusão), mas não tenho como evitar reconhecer a excelência deste quinto álbum.

in CLIP (Diário de Aveiro), 21 Fevereiro 2008