quinta-feira, 29 de abril de 2010

ALCEST

«Écailles de Lune»
(Prophecy Productions, 2010) [9/10]

Depois dum disco como «Souvenirs d’un autre monde», que não trouxe mais do que uma pálida imagem do black metal original dos Alcest com a sua base temperada de guitarras saturadas, muito ficou em aberto em relação ao que a mente criativa de Neige seria capaz de arquitectar a seguir. Com o segundo álbum finalmente disponível, a primeira coisa que ocorre dizer é que estamos perante a realização mais genial até agora do multi-instrumentista francês, que é também o único responsável por este projecto. A maior novidade a realçar é sem dúvida a inclusão de algumas tiradas rápidas que nos podem fazer recuar cinco anos no tempo, até ao EP “Le Secret”. Contudo, ao invés de soarem negras e frias, estas breves passagens de black metal soam grandiosas e até animadoras, contribuindo decisivamente para criar aqueles que são os trechos mais sublimes de todo o álbum: “Écailles de lune, pt II” e “Percées de lumière”. Mas apesar do toque mais agressivo, este é um trabalho que tem tudo a ver com “Souvenirs…”, embora exiba uma progressão notável, em todos os aspectos, em relação a esse disco de 2007. Dominado por um manto sonoro que emana sentimentos de pesar e nostalgia, feito de acordes límpidos com uma certa reverberação tremeluzente, linhas melódicas perfeitas que apaixonam à primeira audição e, claro, a voz tranquila de Neige que flutua etérea, chegando a soar até inocente, «Écailles de Lune» é assim como uma espécie de passagem secreta para uma dimensão surreal, intangível; um mundo de sonhos, fascinante e assustador ao mesmo tempo.

in CLIP (Diário de Aveiro), 29 Abril 2010

domingo, 18 de abril de 2010

Edição de Abril 20, 2010

Entrevista com Miguel "Kaveirinha" (guitarra), Ruben Almeida (voz) e Daniel César (teclados), membros dos portugueses GWYDION, a propósito do novo álbum «Horn Triskelion».
- "Embora os Gwydion não sejam originalmente uma banda de folk metal, o «Ynys Mön» já deu mostras de querermos enveredar por esse caminho, e este último álbum é, por assim dizer, a consolidação dessa tendência";
- "...estamos convencidos que o contributo de cada um de nós tornou a sonoridade final deste álbum bastante rica e particular. E não acredito que a sonoridade esteja assim tão próxima de outro tipo de trabalhos";
- "Penso que não é pelo facto de sermos portugueses que devemos ter vergonha de explorar uma temática relacionada com uma cultura que nos interessa"
(Kaveirinha, Ruben e Daniel)
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quarta-feira, 14 de abril de 2010

ARGHARUS

«Pleištas»
(Inferna Profundus Records, 2009) [7.5/10]

Chegam-nos de um dos lugares mais recônditos da Europa de leste, a Lituânia, com uma proposta de black metal nitidamente influenciada pelo legado dos nomes maiores do género, como sejam Mayhem e Immortal, e uma sonoridade crua e algo primitiva, feita de riffs crispados e arrasadores, sem qualquer recurso a teclados. Numa demonstração de talento que é pouco comum em álbuns de estreia, a banda mostra como é possível agarrar numa mão cheia de riffs viciantes e construir longos temas com pés e cabeça, mantendo uma composição madura e inteligente que favorece os andamentos apressados e com o suficiente em textura para nos pregar o ouvido às colunas. Embora toda a interpretação seja feita no idioma nativo do colectivo, é quase impossível não perceber no vocalista 7 os tiques dementes de Niklas “Kvarforth” ou, por vezes, o registo tipicamente tortuoso de Attila Csihar. A execução de todos os instrumentos soa sempre bastante precisa e coesa, e o nível de qualidade é mantido razoavelmente constante ao longo de todas as faixas, excepto talvez nos dois minutos redundantes de estática e ruído industrial daquela que é, supostamente, uma peça instrumental. Mas o melhor fica reservado para o fim, no tema “Prakalba i atmatas”, um excerto de rara inspiração que vale também pela refrescante fuga a alguns dos lugares comuns a que a banda não conseguiu evitar nas faixas anteriores (os primeiros 2’.30” são particularmente excepcionais). Ficamos a torcer para que este momento constitua, de alguma maneira, uma indicação de uma direcção a explorar no futuro.

in CLIP (Diário de Aveiro), 15 Abril 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Edição de Abril 6, 2010

Entrevista com Morean,
vocalista dos alemães DARK FORTRESS a propósito do novo álbum «Ylem».

- "Penso que desta vez a música saiu mais lenta, na generalidade, devido a influências que o Santura (guitarra) recebeu dos Celtic Frost, quando tocou com eles em 2007/2008;
- "Se fossemos outro tipo de banda e fizéssemos um tema melódico e baladesco como o "Wraith" seriamos imediatamente acusados de vendidos. No black metal um tema como este é o caminho mais curto para uma sentença de morte comercial, pois não te ajuda nada nesse ponto de vista";
- "Sim, toda a gente tem perguntado o que se passa com a percussão nas faixas 2 e 3 do CD pensando que há alguma coisa de errado, mas é mesmo assim!";
- "Para nós este álbum foi também uma espécie de busca de uma essência musical; uma reflexão sobre os elementos que são realmente fundamentais nesta banda.

(Morean)
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