«Écailles de Lune»
(Prophecy Productions, 2010) [9/10]
Depois dum disco como «Souvenirs d’un autre monde», que não trouxe mais do que uma pálida imagem do black metal original dos Alcest com a sua base temperada de guitarras saturadas, muito ficou em aberto em relação ao que a mente criativa de Neige seria capaz de arquitectar a seguir. Com o segundo álbum finalmente disponível, a primeira coisa que ocorre dizer é que estamos perante a realização mais genial até agora do multi-instrumentista francês, que é também o único responsável por este projecto. A maior novidade a realçar é sem dúvida a inclusão de algumas tiradas rápidas que nos podem fazer recuar cinco anos no tempo, até ao EP “Le Secret”. Contudo, ao invés de soarem negras e frias, estas breves passagens de black metal soam grandiosas e até animadoras, contribuindo decisivamente para criar aqueles que são os trechos mais sublimes de todo o álbum: “Écailles de lune, pt II” e “Percées de lumière”. Mas apesar do toque mais agressivo, este é um trabalho que tem tudo a ver com “Souvenirs…”, embora exiba uma progressão notável, em todos os aspectos, em relação a esse disco de 2007. Dominado por um manto sonoro que emana sentimentos de pesar e nostalgia, feito de acordes límpidos com uma certa reverberação tremeluzente, linhas melódicas perfeitas que apaixonam à primeira audição e, claro, a voz tranquila de Neige que flutua etérea, chegando a soar até inocente, «Écailles de Lune» é assim como uma espécie de passagem secreta para uma dimensão surreal, intangível; um mundo de sonhos, fascinante e assustador ao mesmo tempo.
in CLIP (Diário de Aveiro), 29 Abril 2010
(Prophecy Productions, 2010) [9/10]
Depois dum disco como «Souvenirs d’un autre monde», que não trouxe mais do que uma pálida imagem do black metal original dos Alcest com a sua base temperada de guitarras saturadas, muito ficou em aberto em relação ao que a mente criativa de Neige seria capaz de arquitectar a seguir. Com o segundo álbum finalmente disponível, a primeira coisa que ocorre dizer é que estamos perante a realização mais genial até agora do multi-instrumentista francês, que é também o único responsável por este projecto. A maior novidade a realçar é sem dúvida a inclusão de algumas tiradas rápidas que nos podem fazer recuar cinco anos no tempo, até ao EP “Le Secret”. Contudo, ao invés de soarem negras e frias, estas breves passagens de black metal soam grandiosas e até animadoras, contribuindo decisivamente para criar aqueles que são os trechos mais sublimes de todo o álbum: “Écailles de lune, pt II” e “Percées de lumière”. Mas apesar do toque mais agressivo, este é um trabalho que tem tudo a ver com “Souvenirs…”, embora exiba uma progressão notável, em todos os aspectos, em relação a esse disco de 2007. Dominado por um manto sonoro que emana sentimentos de pesar e nostalgia, feito de acordes límpidos com uma certa reverberação tremeluzente, linhas melódicas perfeitas que apaixonam à primeira audição e, claro, a voz tranquila de Neige que flutua etérea, chegando a soar até inocente, «Écailles de Lune» é assim como uma espécie de passagem secreta para uma dimensão surreal, intangível; um mundo de sonhos, fascinante e assustador ao mesmo tempo.
in CLIP (Diário de Aveiro), 29 Abril 2010