«Écailles de Lune» (Prophecy Productions, 2010) [9/10]
Depois dum disco como «Souvenirs d’un autre monde», que não trouxe mais do que uma pálida imagem do black metal original dos Alcest com a sua base temperada de guitarras saturadas, muito ficou em aberto em relação ao que a mente criativa de Neige seria capaz de arquitectar a seguir. Com o segundo álbum finalmente disponível, a primeira coisa que ocorre dizer é que estamos perante a realização mais genial até agora do multi-instrumentista francês, que é também o único responsável por este projecto. A maior novidade a realçar é sem dúvida a inclusão de algumas tiradas rápidas que nos podem fazer recuar cinco anos no tempo, até ao EP “Le Secret”. Contudo, ao invés de soarem negras e frias, estas breves passagens de black metal soam grandiosas e até animadoras, contribuindo decisivamente para criar aqueles que são os trechos mais sublimes de todo o álbum: “Écailles de lune, pt II” e “Percées de lumière”. Mas apesar do toque mais agressivo, este é um trabalho que tem tudo a ver com “Souvenirs…”, embora exiba uma progressão notável, em todos os aspectos, em relação a esse disco de 2007. Dominado por um manto sonoro que emana sentimentos de pesar e nostalgia, feito de acordes límpidos com uma certa reverberação tremeluzente, linhas melódicas perfeitas que apaixonam à primeira audição e, claro, a voz tranquila de Neige que flutua etérea, chegando a soar até inocente, «Écailles de Lune» é assim como uma espécie de passagem secreta para uma dimensão surreal, intangível; um mundo de sonhos, fascinante e assustador ao mesmo tempo.
Entrevista com Miguel "Kaveirinha" (guitarra), Ruben Almeida (voz) e Daniel César (teclados), membros dos portugueses GWYDION, a propósito do novo álbum «Horn Triskelion». - "Embora os Gwydion não sejam originalmente uma banda de folk metal, o «Ynys Mön» já deu mostras de querermos enveredar por esse caminho, e este último álbum é, por assim dizer, a consolidação dessa tendência"; - "...estamos convencidos que o contributo de cada um de nós tornou a sonoridade final deste álbum bastante rica e particular. E não acredito que a sonoridade esteja assim tão próxima de outro tipo de trabalhos"; - "Penso que não é pelo facto de sermos portugueses que devemos ter vergonha de explorar uma temática relacionada com uma cultura que nos interessa" (Kaveirinha, Ruben e Daniel) >>> Click on the picture to download the full interview
Chegam-nos de um dos lugares mais recônditos da Europa de leste, a Lituânia, com uma proposta de black metal nitidamente influenciada pelo legado dos nomes maiores do género, como sejam Mayhem e Immortal, e uma sonoridade crua e algo primitiva, feita de riffs crispados e arrasadores, sem qualquer recurso a teclados. Numa demonstração de talento que é pouco comum em álbuns de estreia, a banda mostra como é possível agarrar numa mão cheia de riffs viciantes e construir longos temas com pés e cabeça, mantendo uma composição madura e inteligente que favorece os andamentos apressados e com o suficiente em textura para nos pregar o ouvido às colunas. Embora toda a interpretação seja feita no idioma nativo do colectivo, é quase impossível não perceber no vocalista 7 os tiques dementes de Niklas “Kvarforth” ou, por vezes, o registo tipicamente tortuoso de Attila Csihar. A execução de todos os instrumentos soa sempre bastante precisa e coesa, e o nível de qualidade é mantido razoavelmente constante ao longo de todas as faixas, excepto talvez nos dois minutos redundantes de estática e ruído industrial daquela que é, supostamente, uma peça instrumental. Mas o melhor fica reservado para o fim, no tema “Prakalba i atmatas”, um excerto de rara inspiração que vale também pela refrescante fuga a alguns dos lugares comuns a que a banda não conseguiu evitar nas faixas anteriores (os primeiros 2’.30” são particularmente excepcionais). Ficamos a torcer para que este momento constitua, de alguma maneira, uma indicação de uma direcção a explorar no futuro.
Entrevista com Morean, vocalista dos alemães DARK FORTRESS a propósito do novo álbum «Ylem».
- "Penso que desta vez a música saiu mais lenta, na generalidade, devido a influências que o Santura (guitarra) recebeu dos Celtic Frost, quando tocou com eles em 2007/2008; - "Se fossemos outro tipo de banda e fizéssemos um tema melódico e baladesco como o "Wraith" seriamos imediatamente acusados de vendidos. No black metal um tema como este é o caminho mais curto para uma sentença de morte comercial, pois não te ajuda nada nesse ponto de vista"; - "Sim, toda a gente tem perguntado o que se passa com a percussão nas faixas 2 e 3 do CD pensando que há alguma coisa de errado, mas é mesmo assim!"; - "Para nós este álbum foi também uma espécie de busca de uma essência musical; uma reflexão sobre os elementos que são realmente fundamentais nesta banda. (Morean) >>> Click on the picture to download the full interview