«After»
(Candlelight, 2010) [9.5/10]
Depois do lançamento de «After» já não restarão dúvidas de que o trabalho a solo de Ihsahn, tomado no seu conjunto, é hoje tão apelativo e relevante como o foram no passado os melhores álbuns dos Emperor. Concluindo uma suposta trilogia iniciada em 2006 com «The Adversary» e continuada em 2008 com «Angl», o músico norueguês acaba de nos brindar com um trabalho que preserva traços do vanguardismo cultivado até aqui, mas que se distingue fundamentalmente pelo ênfase nos aspectos mais progressivos e pela utilização do saxofone, não como mero elemento de arranjo, mas antes como instrumento de primeiro plano que irrompe frequentemente com magníficos fraseados melódicos ou numa abordagem mais free jazz. Com uma execução superior de Jorgen Munkeby, dos Shining, é mesmo caso para dizer que nunca o saxofone soou tão bem num contexto de metal extremo. Embora alguns dos temas remetam ainda para a composição angular do disco anterior, este é, em geral, um álbum de parâmetros mais ortodoxos, o que, a par dos refrães contagiantes entoados na voz plácida de Ihsahn (que se sobrepõem amiúde ao seu inconfundível registo abrasivo), concorre para fazer deste o trabalho mais acessível do ex-Emperor. Mas «After» não é um disco simplista, muito pelo contrário. Resultado duma criatividade no seu auge e enriquecido uma vez mais pela secção rítmica genial dos Spiral Architect: Lars Norberg (baixo) e Asgeir Mickelson (bateria), «After» constitui uma realização assombrosa, vibrante de musicalidade de fio a pavio, que tem tudo para resistir ao teste mais exigente: o do tempo.
in Clip (Diário de Aveiro), 8 Julho 2010
(Candlelight, 2010) [9.5/10]
Depois do lançamento de «After» já não restarão dúvidas de que o trabalho a solo de Ihsahn, tomado no seu conjunto, é hoje tão apelativo e relevante como o foram no passado os melhores álbuns dos Emperor. Concluindo uma suposta trilogia iniciada em 2006 com «The Adversary» e continuada em 2008 com «Angl», o músico norueguês acaba de nos brindar com um trabalho que preserva traços do vanguardismo cultivado até aqui, mas que se distingue fundamentalmente pelo ênfase nos aspectos mais progressivos e pela utilização do saxofone, não como mero elemento de arranjo, mas antes como instrumento de primeiro plano que irrompe frequentemente com magníficos fraseados melódicos ou numa abordagem mais free jazz. Com uma execução superior de Jorgen Munkeby, dos Shining, é mesmo caso para dizer que nunca o saxofone soou tão bem num contexto de metal extremo. Embora alguns dos temas remetam ainda para a composição angular do disco anterior, este é, em geral, um álbum de parâmetros mais ortodoxos, o que, a par dos refrães contagiantes entoados na voz plácida de Ihsahn (que se sobrepõem amiúde ao seu inconfundível registo abrasivo), concorre para fazer deste o trabalho mais acessível do ex-Emperor. Mas «After» não é um disco simplista, muito pelo contrário. Resultado duma criatividade no seu auge e enriquecido uma vez mais pela secção rítmica genial dos Spiral Architect: Lars Norberg (baixo) e Asgeir Mickelson (bateria), «After» constitui uma realização assombrosa, vibrante de musicalidade de fio a pavio, que tem tudo para resistir ao teste mais exigente: o do tempo.
in Clip (Diário de Aveiro), 8 Julho 2010