sexta-feira, 27 de julho de 2007

GRAVELAND

«Will Stronger than Death»
(No Colours Records, 2007) [6.5/10]

Nome prolífico da cena black metal, com uma produção quase constante de um álbum por ano desde 1994, esta é a banda de Rob Darken, multi-instrumentista polaco e devoto confesso dos Bathory. O 11º álbum é pois mais um registo transbordante de espírito viking/pagão, com sete novos hinos barbaramente demolidores onde deuses e guerreiros voltam a coexistir num passado longínquo dominado pelo ferro da espada e por estranhos credos. O som é menos crispado do que no álbum anterior «Fire Chariot of Destruction» e a produção favorece mais a secção rítmica, o que acentua o carácter bélico e arrasador da música. A componente folk é desta vez quase inexistente, mas em contrapartida Darken usa mais linhas melódicas de guitarra, coros distantes e algumas orquestrações que contribuem decisivamente para enriquecer o lado épico do disco. E são também estes ornamentos que salvam a música de se tornar completamente fastidiosa, tal é a pobreza dos riffs! «Will Stronger Than Death» não passa pois dum trabalho mediano de uma banda que já provou ser capaz de muito melhor.

in CLIP (Diário de Aveiro), 26 Julho 2007

domingo, 22 de julho de 2007

Edição de Julho 24, 2007

Na 2º Hora:

Entrevista com Robert Vigna, guitarrista e principal compositor dos norte-americanos IMMOLATION, a propósito do lançamento do álbum «Shadows in the Light».

"À semelhança dos dois últimos discos, este álbum revolve em torno das formas mais extremas de religiosidade e do seu efeito pernicioso nas sociedades actuais."
(Robert Vigna, sobre o novo álbum)

sexta-feira, 20 de julho de 2007

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«This Age of Silence»
(Metal Blade, 2007) [7/10]

Embora a originalidade esteja entre os atributos mais importantes de qualquer criação artística, surgem por vezes trabalhos cuja beleza e perfeição quase que compensam o défice de elementos singulares. É o que se passa com este álbum de estreia dos Anterior, um disco onde o grupo não se esforça nem um pouco para esconder a sua admiração pelo já velho death metal melódico de Gotemburgo. Os nove temas de «This Age of Silence» exalam In Flames por todos os poros. Uma das músicas podia mesmo ter sido surripiada dum álbum dos Arch Enemy. No entanto o quarteto originário do País de Gales tira o melhor partido deste estilo base, apresentando não só composições excelentes mas uma criatividade e destreza técnica na guitarra solo absolutamente deslumbrantes. E o mais incrível é que estamos a falar de um grupo de miúdos cujas idades rondam os 20 anos! Com um som pujante e cristalino, este é um disco que tem tudo para competir ombro a ombro com as produções de bandas bem mais experientes.

in CLIP (Diário de Aveiro), 20 Julho 2007

quinta-feira, 12 de julho de 2007

PAIN OF SALVATION

«Scarsick»
(InsideOut Records, 2007) [9.5/10]

Apesar de atirados habitualmente para o saco comum do metal progressivo, os suecos Pain of Salvation nunca encarnaram verdadeiramente o paradigma desse género. Em lugar de pegarem em Rush (o grande ícone do progressivo) como influência principal, a banda remeteu as suas referências para lendas tão díspares quanto Genesis e Led Zeppelin, desenvolvendo um estilo de composição descontraído, isento de fronteiras estilísticas e em constante mutação através do qual se vêm afirmando desde há dez anos para cá, e cujo produto mais recente é este brilhante sexto álbum de originais. Musicalmente cativante sem recorrer ao cliché de uns Threshold nem aos envolvimentos técnicos tão gritantes de uns Dream Theater, «Scarsick» é mais uma obra da mente genial de Daniel Gildenlow com letras inteligentes e interpretadas de uma forma honesta e emotiva, reflectindo estados de espírito e sensibilidades com paralelos no universo Pink Floyd. Um disco a ouvir a qualquer custo de uma das bandas mais originais do momento.

in CLIP (Diário de Aveiro), 12 Julho 2007

domingo, 8 de julho de 2007

Edição de Julho 10, 2007

Na 2º Hora:

Entrevista com Chris Barnes, vocalista e lider dos norte-americanos SIX FEET UNDER a propósito do lançamento do novo álbum «Commandment».

"Sinto-me orgulhoso pois penso que elevamos os standards de originalidade no death metal. Ao longo de todos estes anos fomos sempre inovadores e por isso mantivemo-nos como uma banda de primeira linha neste tipo de música"
(Chris Barnes, sobre a carreira da sua banda)
NR: O disparate acima transcrito só pode ser justificado de duas maneiras: ou o Sr. Barnes sofre de presunção aguda, ou então já há muito se alienou do mundo que o rodeia.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

MARDUK

«Rom 5:12»
(Regain Records / Recital, 2007) [9/10]

Apesar do álbum «Plague Angel» já ter indiciado uma ligeira revitalização artística da banda sueca aparentemente motivada pelas alterações que ocorreram na formação em 2003/04, nada faria prever que o trabalho seguinte se afastasse de forma tão significativa da rajada permanente de blast-beats a que já estávamos habituados. No entanto o impensável aconteceu. Sem a obsessão acéfala da velocidade omnipresente nos discos anteriores, «Rom 5:12» é um disco menos explosivo onde metade dos temas são debitados a um ritmo entre o lento e o meio tempo. A qualidade da composição é incomparavelmente melhor e mesmo as faixas rápidas à la Marduk são um pouco mais trabalhadas, incluindo pelo meio algumas quebras de ritmo que as tornam mais atractivas, sem que isso subtraia à agressão. Assim, chegados ao décimo álbum, parece que Morgan Hakansson e Cia decidiram finalmente sair do ciclo vicioso em que se encontravam há pelo menos oito anos, e fazer algo de relevante para eles e para a cena. O resultado a que chegaram arrisca-se a ser o álbum de black metal do ano.

in CLIP (Diário de Aveiro), 28 Junho 2007