sábado, 27 de setembro de 2008

Edição de Setembro 30, 2008

Na 2ª Hora

Entrevista com David Doutel dos portugueses ECHIDNA a propósito do álbum de estreia «Insidious Awakening».

- "Gravar com uma pessoa que conhecemos bem - o Daniel Carvalho - proporcionou-nos um ambiente de estúdio mais informal e um resultado que soa mais honesto e genuíno";
- "Conheço o Pedro Lima desde os seis anos e juntos crescemos e evoluímos na guitarra. Estamos em perfeita sintonia e isso reflecte-se na composição e nas actuações ao vivo";
- "Nunca tivemos a preocupação de fazer um determinado tipo de som. Quisemos apenas que o trabalho soasse o mais verdadeiro possível dentro daquilo que nos dá prazer tocar. O próximo álbum já se afastará de todas as referências com que nos têm catalogado".
(David Doutel)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

ECHIDNA

«Insidious Awakening»
(Rastilho Records, 2008) [7.5/10]

Embora o ubíquo death/thrash melódico à moda sueca tenha já passado pela sua época áurea, de vez em quando ainda surge uma ou outra banda que reaviva esse espírito com tal perfeição que se torna simplesmente incontornável. É o caso dos Echidna, um colectivo de Vila Nova de Gaia que acabou de se estrear com um disco que transpira Arch Enemy e The Haunted por todos os poros, mas que evidencia, simultaneamente, um domínio invulgar de todos os aspectos criativos do género em causa assim como uma técnica exemplar no manejo de todos os instrumentos, em especial as guitarras, oferecendo assim um trabalho que é um autêntico festim para os sentidos. Com o magnífico vozeirão do Pedro Fonseca a fazer-nos recuar até aos melhores dias de Tomas Lindberg nos At The Gates, os guitarristas David Doutel e Pedro Lima debitam riffs cortantes mas sempre imbuídos de um permanente sentido de melodia, assim como excelentes leads que pouco ficam a dever a muitos nomes reverenciados das seis cordas. Munido com um dos sons mais fenomenais de sempre a sair dos estúdios UltraSound de Braga, «Insidious Awakening» é um trabalho enérgico e coeso que promete muitas dores de pescoço, sendo a prova viva de que os Echidna tem o que é necessário para passar à fase seguinte e descobrir o seu próprio nicho sónico. Talvez os seis minutos instrumentais que encerram o álbum sejam já um prenúncio de algo maior a surgir num próximo registo.

in CLIP (Diário de Aveiro), 25 Setembro 2008

domingo, 21 de setembro de 2008

Edição de Setembro 23, 2008

Na 2ª hora:

CLASSICS III
Grandes clássicos de sempre, escolhidos e apresentados pelos nossos entrevistados.
Por ordem de entrada:
Carlos Santos (ASSEMBLENT), Ulf Theodor Schwadorf (THE VISION BLEAK), Dionysos (HELRUNAR), Marten Hansen (THIS ENDING), Morgan Hakansson (MARDUK), Marco Dilone (LAST HOPE), Marko Tervonen (ANGEL BLAKE), Robin Staps (THE OCEAN), Erik Wunder (COBALT), Carmen Simões (AVA INFERI), Eivind "-viNd-" Fjoseide (ATROX).

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

BLUT AUS NORD

«Odinist: The Destruction of Reason by Illumination»
(Candlelight, 2007) [8/10]

Um dos colectivos mais interessantes no que toca ao espectro mais sombrio e inovador das sonoridades extremas, actualmente já com um impressionante rasto artístico, os Blut Aus Nord apresentam neste último registo algo que é, comparativamente, bem menos estranho do que o permanentemente dissonante «MoRT». Os temas desenvolvem-se num tom quase constante e a música é essencialmente uma massa monolítica de acordes sufocantes e de melodias áridas que submergem tudo em redor numa atmosfera desolada e surreal, com o murmúrio áspero de Vindsval a ecoar sinistro e o som das guitarras sempre meio asfixiado. À primeira impressão o trabalho poderá soar excessivamente uniforme e repetitivo, requerendo pois alguma atenção extra de forma a proporcionar um completo envolvimento na experiência de transe obscuro que potencia. Anunciado como um regresso parcial à essência do revolucionário «The Work which Transforms God», este sexto álbum do misterioso trio francês é na realidade um exercício que, de black metal apenas conserva o espírito. «Odinist» pode não ser nem brilhante nem muito menos memorável, mas vale pela originalidade da abordagem sonora que apresenta e pelo potencial intrínseco que encerra como obra de referência.

in CLIP (Diário de Aveiro), 18 Setembro 2008

sábado, 13 de setembro de 2008

Edição de Setembro 16, 2008

Na 2ª Hora

Entrevista com Laurie Ann Haus dos norte-americanos TODESBONDEN a propósito do álbum «Sleep Now, Quiet Forest».

- "Toda a minha vida ouvi música do Médio Oriente. Atrai-me em particular a agilidade dos cantores, as melodias e o 'feeling' que a música emana;
- "Gosto muito de ensaiar com a banda, mas tocar em frente a uma grande audiência ainda me intimida muito";
- "Pode soar pretensioso da minha parte mas a verdade é que temos músicos muito bons nesta banda";
- "Não é fácil ser líder num grupo onde todos os outros membros são homens!"
(Laurie Ann Haus)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

DARK FORTRESS

«Eidolon»
(Century Media, 2008) [8/10]

O quinto registo de originais dos germânicos Dark Fortress alinha-se em quase tudo pelos cânones do melhor black metal melódico oriundo do norte da Europa. A fórmula é conhecida: assenta numa sonoridade densa feita de riffs devastadores frequentemente frenéticos que operam sobre um fundo subtil de teclados, e em que o registo vocal abrasivo do costume é substituído a espaços por vocalizações profundas e/ou sussurradas que conferem à atmosfera geral um toque ainda mais sombrio. A produção é polida e a composição de primeira, no entanto, por mais que este seja um disco que vá agradar sem dúvida a fãs de Dimmu Borgir e Immortal, quem teve a oportunidade de ouvir um trabalho em tudo menos ortodoxo e bem mais criativo como «Séance», o álbum anterior, não evitará torcer o nariz a esta recente adaptação ao nicho mais acessível do black metal, que surge na sequência da substituição de Azathoth, o vocalista fundador da banda, pelo recém chegado Morean, e que pode ter custado ao quinteto a perda duma parte da identidade artística original. Mas, é claro, isso não impede que «Eidolon» seja um trabalho não só competente, como sedutor na sua maior parte. Um dos seus melhores momentos inclui a participação vocal de Tom Gabriel “Warrior” dos lendários Celtic Frost.

in CLIP (Diário de Aveiro), 11 Setembro 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

OPETH

«Watershed»
(Roadrunner Records, 2008) [10/10]

O aspecto principal que faz dos Opeth uma banda sem paralelo é a forma singular como sempre aliaram universos musicais contrastantes e, até há bem pouco tempo, disjuntos, sendo o recente «Watershed» o disco que melhor ilustra essa faculdade ímpar da banda de Mikael Akerfeldt. Neste que é já o nono álbum da formação sueca, a fusão referida resulta ainda mais equilibrada e coerente devido a um maior enfoque em passagens acústicas interpretadas em voz limpa - aspecto que o vocalista e mentor da banda tem vindo a melhorar sobremaneira - em detrimento duma redução nos extremismos do death metal. A composição é a mais fluente e inspirada de sempre, fazendo mais do que nunca justiça à classificação de progressiva, com momentos de pura magia criados pelo condão das guitarras da dupla Akerfeldt/Akesson e pelos teclados de Per Wiberg, este a remeter amiúde para atmosferas evocativas das velhas lendas do rock sinfónico, e ocasionalmente com a aparição de instrumentos clássicos. No geral a música retém aquele espírito que oscila entre o profundamente emotivo e até dramático que sempre caracterizou o colectivo, e um lado mais animado e positivo. Depois do lançamento, em 2005, de um disco aparentemente insuperável como «Ghost Reveries» e da perda subsequente de dois membros de longa data, é provável que poucos esperassem dos Opeth um novo álbum deste calibre. Contudo, a verdade é que a banda regressou com um dos trabalhos mais orgânicos e consistentes de sempre, que é, segundo palavras do próprio Akerfeldt, “de alguma maneira, um álbum de transição”. Para onde essa transição levará futuramente o som opethiano, é algo que fica em aberto para especulação até ao próximo registo.

in CLIP (Diário de Aveiro), 4 Setembro 2008