sábado, 30 de janeiro de 2010

ORPHANED LAND

«The Never Ending Way of ORwarriOR»
(Century Media, 2010) [9.5/10]


Pioneiros do rock mais extremo no médio oriente, acabam de regressar com a sua maior obra de sempre: uma mescla única de folk e prog metal de composição elaborada, repleta de detalhes variados, elementos sinfónicos e texturas exóticas produzidas por instrumentos tradicionais como o bouzouki e o saz (espécies de alaúde), o chumbush (parecido com o banjo) e o santur. A música irradia luz e espiritualidade a todo o momento, destacando-se o trabalho fabuloso de guitarra solo (eléctrica e acústica), pleno de acordes e melodias de uma beleza de cortar a respiração, que nos remetem para lá do imaginário das mil e uma noites. Kobi Farhi canta como nunca cantou na vida, não só em inglês, mas também em hebraico e em árabe, voltando a ser secundado por vezes, e uma vez mais, pela encantadora Shlomit Levi. Pode dizer-se que estamos perante o sucessor natural de «Mabool»(2004), contudo este é um álbum mais experimental e progressivo, incluindo, ao mesmo tempo, mais momentos de atracção imediata, e uma sonoridade que saiu beneficiada pela mistura e produção de Steven Wilson. É também a tentativa mais explícita de sempre do colectivo israelita – admirado, às escondidas, por milhares de fãs do lado palestiniano –, de harmonizar, ao nível musical, lírico e até gráfico, elementos israelitas e árabes, num manifesto simbólico de união que desconhece barreiras políticas e religiosas. Elaborando sobre anseios humanos universais – e utópicos – de paz e tranquilidade, «The Never Ending Way of ORwarriOR» é, acima de tudo, um festim para os sentidos; puro alimento para a alma – o que quer que isso seja.

in CLIP (Diário de Aveiro), 28 Janeiro 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Edição de Janeiro 26, 2010

Entrevista com Kobi Farhi,
vocalista dos israelitas ORPHANED LAND, a propósito do novo álbum «The Never Ending Way of ORwarriOR».

- "Este foi o disco que nos deu mais trabalho a compôr e a gravar. Foram meses de completa reclusão no estúdio. À custa disto ganhei os meus primeiros cabelos brancos! :-)
- "Musicalmente, é um álbum que combina elementos de todos discos anteriores, desde o «Sahara»(1994) até ao «Mabool»(2004); As vozes e a instrumentação folk resultaram, desta vez, bastante mais variadas;
- "Apesar da rivalidade entre israelitas e palestinianos, temos milhares de fãs do lado árabe. Alguns chegaram já a ser presos por nos ouvirem. Penso que isto demonstra bem o poder da música como meio de união entre culturas;
- "Os fãs árabes não gostaram nada que tivéssemos usado versos do Corão. Se tivéssemos representado o profeta Maomé nas fotos promocionais da banda, de certeza que não nos iriam perdoar!";
- "O mundo tem de se livrar rapidamente dos aspectos mais conservadores das religiões. São esses aspectos que nos separam e é neles que reside a fonte de muitos conflitos".
(Kobi)
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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

THE FEW AGAINST MANY

«Sot»
(Pulverized Records, 2009) [7/10]

Para um músico prolífico como Christian Alvestam, que já operou em mais de uma dezena de bandas, incluindo os Scar Symmetry, Incapacity e Torchbearer, o que mais poderia servir de motivação para formar um novo projecto? Bom, desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar material que, ao longo dos anos, foi ficando na gaveta por não se adequar às formações em que o guitarrista/vocalista estava a trabalhar no momento. Dito desta maneira até parece que estamos perante uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras. Mas na verdade não é o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal melódico com pelo menos dois aspectos relevantes. Um tem a ver com os arranjos orquestrais (cordas e coros, típicos de algum black metal), bastante invulgares no contexto do género, cuja delicadeza acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade. O segundo aspecto é que, apesar de toda a melodia, cujas partes de teclados fazem lembrar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower), a brutalidade mecânica das guitarras, as ocasionais explosões devastadoras de blast-beats e o grunhido gutural de Alvestam (que prescinde aqui do registo limpo do tempo dos Scar Symmetry), a par de uma produção a condizer, conferem a este disco uma aura visceral e ameaçadora que remete de certa forma para os clássicos old school do death metal sueco. Com quase todos os temas interpretados na língua materna do colectivo, «Sot» apresenta uma forma relativamente diferente de fazer death metal com melodia, e recomenda-se especialmente aos fãs do género.

in CLIP (Diário de Aveiro), 21 Janeiro 2010

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

THE RUINS OF BEVERAST

«Foulest Semen of a Sheltered Elite»
(Ván Records, 2009) [9.5/10]

No que concerne à franja mais extrema e sombria do espectro metálico, este foi, no balanço final, o disco mais impressionante a surgir em 2009. Ainda que possa ser descrito seguramente como algo na linha do black/doom mais moderno, nenhum rótulo é suficiente para reflectir com rigor o que este trabalho tem para oferecer. Desde logo destaca-se pelas vozes usadas, as quais variam entre um registo limpo por vezes parecido com o de Big Boss dos Root, uma vocalização profunda e meio gutural, e toda a sorte de variantes e efeitos magníficos que resultam numa atmosfera verdadeiramente surreal. Os temas são todos longos, contudo o estilo de composição é de tal forma consistente - apesar da multiplicidade de influências presentes - que os oitenta minutos de duração do disco flúem quase sem nos darmos conta. As guitarras conferem ao álbum uma sonoridade única e absolutamente monstruosa, e os teclados e os samples estrategicamente colocados, criam imagens envolventes de um estranho mundo. E o que é curioso é que toda esta maravilha foi criada por um único músico: Alexander von Meilenwald, talentoso multi-instrumentista alemão que tem vindo a desenvolver este projecto a solo desde que saiu dos Nagelfar, e que criou, com a sua visão singular, neste que é o seu terceiro álbum, uma das experiências sonoras mais geniais e gratificantes dos últimos anos na área do black metal. Se pensam que já não há nada suficientemente épico e megalómano no género capaz de vos arrebatar, então este disco talvez vos faça mudar de ideias. Fica a proposta.

in CLIP (Diário de Aveiro), 14 Janeiro 2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Edição de Janeiro 12

Entrevista com Anders Edlund,
baixista dos suecos THE FEW AGAINST MANY a propósito do álbum «Sot».

- "Os temas deste disco foram compostos há bastante tempo pelo Christian (Alvestam, guitarra e voz), e eram simplesmente bons demais para ficar na gaveta";
- "Escolhemos este nome para banda porque, por um lado não se associa de imediato a death metal, e por outro porque somos de facto uma entre muitas bandas no género, mas com algo de único para oferecer";
- "A ideia dos arranjos orquestrais esteve presente desde o início mas levou algum tempo a concretizar. No fim estes elementos funcionaram tão bem que acabaram por surgir em quase todos os temas"

(Anders)
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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Edição de Janeiro 5

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- Os Melhores de 2009 -

Em termos de discos brilhantes e criativos, 2009 ficou um pouco aquém da produção registada em anos anteriores. Mas teve, é claro, também a sua dose de lançamentos memoráveis.
A lista apresenta uma selecção dos melhores álbuns do ano, escolhidos exclusivamente entre os discos recebidos os quais preencheram as edições do Cais do Paraíso dos últimos doze meses. Com sempre, não se estabelece nenhuma ordem de preferência relativa - cada álbum é o melhor à sua maneira.

Absu - «Absu»
Blut Aus Nord - «Memoria Vetusta II: Dialogue with the Stars»
Ulcerate - «Everything is Fire»
Obscura - «Cosmogenesis»
Old Man’s Child - «Slaves of the World»
Drudkh - «Microcosmos»
Secrets of the Moon - «Privilegivm»
Diablo Swing Orchestra - «Sing Along Songs for the Damned & Delirious»
The Ruins of Beverast - «Foulest Semen of a Sheltered Elite»
Arkona - «Goi, Rode, Goi!»
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- Os Piores de 2009 -
Os maus discos são como os chapéus: há sempre muitos!
Também seleccionados de entre os discos recebidos, e ordenados por ordem de lançamento no mercado, os álbuns abaixo são para evitar a todo o custo.

Graveland - «Spears Of Heaven»
Earth Crisis - «To the Death»
Lacuna Coil - «Shallow Life»
Haven Denied - «Symbiosys»
Sworn Enemy - «Total World Domination»
Syrach - «A Dark Burial»
Ramming Speed - «Brainwreck»
I Shalt Become - «The Pendle Witch Trials»
Simbiose - «Fake Dimension»
Schelmish - «Die Hasslichen Kinder»