domingo, 25 de fevereiro de 2007

Edição de Feb. 27, 2007

Na 2º Hora:

Entrevista com Alex Colin-Tocquaine, guitarrista, vocalista e líder dos veteranos AGRESSOR que celebraram há pouco tempo 20 anos de carreira, com o lançamento do álbum «Deathreat».

"... ao contrário do que fizemos em «Medieval Rites» (2000), desta vez decidimos voltar às raízes mais genuínas dos Agressor criando um álbum mais crú, mais thrashy, e suportado apenas pelo essencial das guitarras/baixo/bateria"
(Alex Colin-Tocquaine, sobre o novo disco)

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

HANDFUL OF HATE

«Gruesome Splendour»
(Cruz del Sur / Nemesis, 2006) [6.5/10]

Antes de mais devo começar por avisar os mais incautos que, contrariamente ao que se tem escrito por aí, isto não é propriamente um álbum de Black Metal. Na sua maior parte trata-se de uma descarga permanente de riffs demolidores debitados a uma velocidade fulminante que só abrandam ocasionalmente a seguir a alguns breaks/sequencias mais ou menos melódicas que alternam com os riffs principais. Não há espaço para solos nem para floreados técnicos, havendo mais semelhanças com o Death polaco do que com qualquer outra coisa. O quarteto italiano demonstra ampla competência naquilo que se propõem fazer e o disco soa extremamente profissional, mas confesso que sendo este o quarto disco de originais estava à espera de algo um pouco mais ambicioso. Digamos que a impressão final que permanece é demasiado vulgar e efémera. Para quem procura Death Metal hiper agressivo, do tipo sem misericórdia, esta poderá ser no entanto uma boa proposta.

in CLIP (Diário de Aveiro), 22 Fevereiro 2007

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

THERION

«Gothic Kabbalah»
(Nuclear Blast, 2007) [9/10]

Para os fãs mais antigos o novo Therion será certamente uma surpresa. Mas não necessariamente má. É que desta vez as vozes operáticas que constituíram a imagem de marca do grupo sueco nos últimos dez anos foram reduzidas ao mínimo, sendo substituídas por uma multiplicidade de maravilhosos solistas femininos e masculinos, de entre os quais destacamos o magnifico Snowy Shaw que já não se ouvia desde os tempos dos extintos Notre Dame. O heavy metal mantém aquela inclinação sinfónica única baseada em complexos arranjos melódicos, alicercada no talento de um naipe de músicos de excepção. Curiosamente dois temas transparecem como fortemente inspirados em Jethro Tull. Conceptual, baseado no sistema rúnico desenvolvido pelo ocultista Johannes Bureus (Sec.XVI), «Gothic Kabbalah» é um disco mais acessível, um pouco mais progressivo, menos erudito que o habitual, e quase todo ele composto por momentos de génio. Aí está o primeiro grande lançamento de 2007.

in CLIP (Diário de Aveiro), 15 Fevereiro 2007

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

AMON AMARTH

«With Oden on Our Side»
(Metal Blade/Recital, 2006) [8/10]

Decididamente os Amon Amarth estiveram mesmo sob os auspícios do deus Odin quando criaram este sexto álbum de originais, ou não fosse ele um regresso à excelência que os caracterizou em «Versus the World»(2002). Este é o álbum menos agressivo de sempre e aquele que vê o quinteto sueco amadurecer a sua técnica muita própria de composição quase até à perfeição, cimentando assim firmemente a sua posição na cena do death metal melódico. O estilo praticado não tem, no entanto, paralelo com o som de Gotemburgo. É em geral mais lento e baseado em riffs poderosos e imponentes e, claro, muita melodia. As canções evocam sagas bélicas de antepassados vikings e a mitologia do panteão nórdico, adquirindo a sua verdadeira dimensão trágica graças ao vozeirão atroador de Johan Hegg, que continua a melhorar de álbum para álbum. Esta é a idade de ouro para os Amon Amarth. Valhala vai ter de esperar!

in CLIP (Diário de Aveiro), 8 Fevereiro 2007

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

AGRESSOR

«Deathreat»
(Season of Mist, 2006) [6/10]

Seis anos depois de «Medieval Rites» aqui estão de regresso os lendários Agressor, numa altura em que a banda celebra o seu 20º aniversário. Mas apesar da idade já respeitável, estes que são considerados os percursores das sonoridades mais extremas em terras gaulesas, não parecem ter amolecido com o passar dos anos, facto que é por demais evidente em «Deathreat» onde o nível de agressividade se eleva uns furos acima do trabalho anterior. Em concreto isto traduz-se em andamentos rápidos mais frequentes, mais death e menos thrash, mais elementos black e nada de passagens acústicas. O álbum inclui 3 ou 4 faixas memoráveis mas no restante a composição é demasiado simples e reciclada, resultando em temas que nunca chegam a impressionar verdadeiramente, tornando-se até, em alguns casos, aborrecidos logo às primeiras audições. No geral, um disco que fica muito pouco acima da media.

in CLIP (Diário de Aveiro), 1 Fevereiro 2007

EMPYRIUM

«A Retrospective...»
(Prophecy Productions/Nemesis, 2006) [-/10]

«A Retrospective... » é exactamente o que o título sugere: uma viagem no tempo através do legado Dark Metal/Dark Folk que os Empyrium gravaram durante os oito anos em que se mantiveram activos, e que deixou a sua marca, leve mas única, no underground. Ao todo são onze temas remasterizados dos quatro álbuns de estúdio gravados entre 1996 e 2002, que ilustram bem os diferentes períodos artísticos pelos quais a banda alemã passou, mais duas faixas inéditas. «The franconian woods in winter’s silence» foi o único tema regravado para esta compilação tendo resultado numa versão mais objectiva e melhor no que diz respeito às vozes. Os inéditos são o excelente «Der weiher» que apesar de composto em 2000 remete mais para a era de « Songs of Moors and Misty Fields» do que para o espírito de «Weiland», e «Am wolkenstieg», uma curta peça de piano que finaliza da melhor maneira a compilação.

in CLIP (Diário de Aveiro), 25 Janeiro 2007

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

MELECHESH

«Emissaries»
(Osmose Productions/Recital, 2006) [8.5/10]

Esta é uma banda com raízes em Jerusalém que criou o seu próprio nicho muito sui generis de black metal baseado em escalas de guitarra e padrões ritmícos típicos da música tradicional do médio oriente, uma abordagem que eles próprios baptizaram de Mesopotamian metal. Depois do tremendo sucesso que foi «Sphynx»(2003) surge agora «Emissaries», o álbum número quatro, desta vez mais directo e extremo, que inclui pela primeira vez um tipo de coros masculinos também típicos das arábias, que realçam ainda mais o cunho oriental e místico da música. Apesar de não ser tão brilhante como o álbum anterior quer em termos de composições quer pelo facto de já não terem um virtuoso como Proscriptor McGovern dos Absu na bateria, este é, ainda assim, um disco ao melhor nível dos Melechesh que se mantêm como uma das bandas mais interessantes do panorama black metal actual.

in CLIP (Diário de Aveiro), 18 Janeiro 2007

ANAAL NATHRAKH

«Eschaton»
(Season of Mist, 2006) [8.5/10]

Segundo o duo britânico esta é a banda sonora para o fim inexorável da humanidade. Em termos mais concretos é um cocktail de terror auditivo que inclui black metal na sua maior parte, elementos industriais e também alguns pormenores de death metal/grindcore, que neste terceiro álbum surgem com mais incidência do que em qualquer outro registo da banda. Usando blast beats como regra e não excepção, os temas são cuspidos ferozmente a uma velocidade vertiginosa, quebrando só ocasionalmente em andamentos mid-paced que acabam por enaltecer ainda mais as explosões selváticas de raiva que se sucedem. V.I.T.R.I.O.L. faz uso de toda a sua gama vocal, desde os berros onde quase vomita os próprios pulmões, passando pelos grunhidos death, até à sua voz mais limpa. «Eschaton» representa o fim de toda a esperança. Esqueçam os sonhos, a vida é cruel e a morte é o único destino.

in CLIP (Diário de Aveiro), 11 Janeiro 2007