quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

THE FIRSTBORN

«The Noble Search»
(Major Label Industries, 2008) [9/10]

Apesar de morno em termos de produção internacional 2008 ficou marcado por alguns lançamentos nacionais de qualidade sem precedente dentre os quais se destacou o quarto álbum dos The Firstborn. Claramente um sucessor natural de «The Unclenching of Fists», o álbum que assinalou, em 2005, mudanças dramáticas na sonoridade do colectivo lisboeta, «The Noble Search» acaba por ser mais do que isso, registando uma evolução e aperfeiçoamento notórios em todas as frentes artísticas, assim como uma abertura a novas abordagens algo experimentalistas que desafiam categorizações. Pautado por uma composição equilibrada e criativa que o afasta das concepções tradicionais mesmo nas partes de black/death metal puro e duro, este é um trabalho elaborado com temas mais longos que funcionam melhor no seu todo, e onde a colocação dos instrumentos orientais soa bem mais harmoniosa do que no disco anterior. Gravado no País de Gales por Chris Fielding (Primordial entre outros) com a ajuda preciosa de uma mão cheia de músicos convidados de onde se destaca o percussionista Vorskaath dos gregos Zemial, Luis Simões dos Saturnia e Blasted Mechanism (na cítara), e os vocalistas Proscriptor Mcgovern dos Absu e Hugo Santos dos Process of Guilt, este é o disco que coloca definitivamente a banda de Bruno Fernandes num patamar acima da concorrência, distinguindo-os como um caso deveras singular na cena portuguesa.

in CLIP (Diário de Aveiro), 26 Fevereiro 2009

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Edição de Fev 17, 2009

Na 2ª Hora

Entrevista com Bruno Fernandes, vocalista dos portugueses THE FIRSTBORN a propósito do mais recente álbum «The Noble Search».

- "No futuro queremos voltar a ter músicos de fora a colaborar com a banda nas gravações e até na composição; é uma experiência muito gratificante";
- "Este disco foi composto de uma forma muito simples: apenas eu e uma velha guitarra a tentar descobrir ideias musicais adequadas às letras";
- "O tema do Budismo surgiu no "The Unclenching..." quase por acidente, quase como um complemento estético para a música que na altura estavamos a compor. Este álbum já foi pensado à partida com o Budismo como tema central";
(Bruno Fernandes)
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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

MISANTHROPE

«IrremeDIABLE»
(Holy Records, 2008) [7/10]

Quem conhece um pouco dos Misanthrope já está por certo familiarizado com a simpatia que a banda sempre nutriu pelos grandes temas da cultura e história francesas. Desta vez o assunto é Charles Baudelaire, ícone da literatura universal do Sec. XIX a quem Philippe de L'Argilère presta homenagem de peso neste novo álbum, cuja gravação ocorreu exactamente 150 anos depois da publicação de «Le Fleurs du Mal». Musicalmente «IrremeDIABLE» não foge muito ao que a banda tem vindo a apresentar nos últimos anos, descrevendo-se como thrash/death de grande calibre técnico e composição sofisticada, com teclados subtis e algumas orquestrações pontuais. Anthony Scemama enche sempre o ouvido com um trabalho de guitarra prodigioso enquanto que a prestação vocal de de L'Argilère, toda em francês e com as suas tradicionais recitas quase choradas, continua a ser algo que exige alguma habituação. O que é mesmo diferente neste nono álbum dos Misanthrope é o baixo de Jean-Jacques Moréac que surge frequentemente em evidência em modo slap e, em geral, numa abordagem mais jazzy. É aliás à custa desta novidade e de pouco mais que a componente instrumental sobressai de vez em quando. Fora isso pode dizer-se que a música funciona essencialmente para servir a componente lírica, o que é claramente um ponto desfavorável. Neste contexto «Metal Hurlant», o álbum anterior, conteve, em média, material muito mais bem conseguido, tendo ficado pois mais ao nível do melhor que já ouvimos do colectivo francês.

in CLIP (Diário de Aveiro), 12 Fevereiro 2009