domingo, 13 de fevereiro de 2011

HELRUNAR

«Sól»
(Lupus Lounge, 2011) [8/10]

Pode não vir a figurar nas listas dos melhores álbuns do ano, mas é com certeza o disco mais marcante até agora na carreira ainda florescente dos Helrunar. Um trabalho monumental em dois CDs, que vê a formação alemã descolar finalmente dos estereótipos sónicos de origem norueguesa que moldaram algo excessivamente o cru e directo «Baldr ok Íss», para progredir agora de forma determinada na direcção de um black metal musicalmente mais maduro e bem mais interessante. Desde o início esmagador de “Kollapsar” até ao desfecho apoteótico da faixa-título, «Sól» mostra a dupla Skald Draugir/Alsvartr a apostar desta vez numa composição mais variada, profunda e atmosférica, com andamentos mais lentos, sem esquecer os já habituais interlúdios acústicos e introspectivos. A primeira parte, «Sól I», inclui o material mais abrasivo e violento, enquanto «Sól II» é marcado pelas peças mais moderadas e experimentais. É nesta segunda parte que se identificam algumas inflexões que remetem de imediato (e de maneira talvez demasiado óbvia) para os compatriotas Secrets of the Moon. A sonoridade, sinistra e avassaladora, saída das mãos de Markus Stock, é aqui um elemento fundamental sem o qual o disco não teria o mesmo impacto. De lamentar desta vez, e mais do que nunca, o idioma nativo da banda, que dificulta o acesso à dimensão lírica, aparentemente extraordinária, deste trabalho conceptual. No fim fica a clara convicção de estarmos perante um colectivo capaz de levar a sua música para além do paradigma convencional, sendo «Sól», sem dúvida, um passo de gigante nesse sentido.

in Clip (Diário de Aveiro), 10 Fevereiro 2011