sábado, 25 de abril de 2009

Edição de Abril 28, 2009

Especial SWR Barroselas Metalfest

Edição dedicada ao maior festival português de música extrema que vai decorrer nos dias 30 de Abril a 2 de Maio em Barroselas, Viana do Castelo, e que inclui nesta 12ª edição nomes como SODOM, THE HAUNTED, ABSU, AKERCOCKE, ESOTERIC, THE FIRSTBORN e CORPUS CHRISTII, entre muitos outros.
-- Na 2ª hora: Entrevista com Filipe Castro, membro da organização.
http://www.swr-fest.com/

sexta-feira, 24 de abril de 2009

ABSU

«Absu»
(Candlelight, 2009) [9.5/10]

Após a perda de dois membros da formação original, incluindo o principal compositor, e de uma crise interna que se viria a saldar em oito anos de paragem sem concertos nem gravações, poucos esperariam que os Absu regressassem com a pujança criativa de antigamente, e muito menos com o melhor álbum de sempre. Partindo da fórmula incendiária de thrash técnico com contornos de black metal que caracterizou «Tara», o novo álbum vê a banda Texana evoluir no sentido de uma composição mais diversificada e dinâmica, com algumas subtilezas psicadélicas, padrões rítmicos invulgares e uma miríade de detalhes atractivos que fazem a diferença no meio da explosão de riffs debitados ferozmente a toda a velocidade. O trabalho percussivo de Proscriptor McGovern é ao mesmo tempo fenomenal e devastador enquanto a sua voz, pontuada em quase-sincronismo com a bateria e sempre perfeitamente engrenada nas estruturas da música, impregna os encantamentos e imprecações que expele em nome de deidades Sumérias, de uma malignidade mais virulenta do que nunca. Gravado com a participação de uma série de ilustres convidados entre os quais se contam Rune Eriksen dos Ava Inferi e Bruno Fernandes dos The Firstborn, e munido de uma fantástica capa uma vez mais da autoria de Kris Verwimp, «Absu» é, sobre todos os pontos de vista, a maior realização até hoje do colectivo norte-americano e um dos primeiros sérios candidatos a álbum do ano.

in CLIP (Diário de Aveiro), 23 Abril 2009

ABSU - O regresso do clã de Cythraul

Magia incendiária em Barroselas no dia 1 de Maio

Depois de uma longa paragem de oito anos os mestres do Black Metal mitológico estão finalmente de regresso. Revitalizados por uma nova formação e com o melhor álbum de sempre – o homónimo «Absu» – ainda a fervilhar de reacções entusiásticas, a banda norte-americana promete protagonizar o momento de maior interesse do 2º dia do SWR Barroselas Metalfest. O líder Proscriptor McGovern falou ao CLIP/DIÁRIO DE AVEIRO sobre o novo disco e a nova encarnação dos Absu.

Após o abandono de dois membros da formação original poucos esperariam que os Absu regressassem com um álbum desta qualidade. Como é que isso foi possível?
Sim, compreendo. Foi exactamente para não comprometermos padrões de qualidade que resolvemos parar durante todos estes anos. Não foi fácil encontrar substitutos à altura de músicos notáveis como Shaftiel e Equitant que fizeram a história dos Absu. No início estava um pouco céptico em relação à forma como os media e o público iriam receber o novo álbum, primeiro por causa do novo line-up, e segundo porque está longe de ser uma réplica do «Tara». No entanto parece que as reacções excederam as minhas melhores expectativas.

O novo álbum parece ser mais variado e, ao mesmo tempo, mais complexo do que o «Tara». O que achas?
De facto é. O «Tara» é provavelmente o nosso álbum mais neurótico e agressivo de sempre. O «Absu» reflecte uma evolução substancial no domínio da composição e é por isso mais controlado e coeso. Considero estes dois últimos álbuns, a par do nosso disco de estreia, «Barathrum V.I.T.R.I.O.L.», como os meus discos favoritos dos Absu.

Depois deste longo período de ausência, sentes-te novamente motivado para continuar a gravar e a tocar ao vivo com a mesma regularidade que antes?
Sem dúvida. Já estou nos Absu há quase vinte anos e penso que estamos agora a iniciar uma nova fase; uma nova era de Metal Oculto e Mitológico que é para nós profundamente estimulante. Temos uma agenda de concertos já bastante preenchida para 2009 e início de 2010, portanto contem com mais actividade do que nunca da parte dos Absu. Para além disso assinamos um bom contrato com a Candlelight Records e estamos já a trabalhar em material para um novo álbum. Preparem-se para algo devastadoramente fresco!

O que nos podes adiantar sobre o vosso concerto no Barroselas Metalfest?
Será uma oportunidade para apresentarmos esta nova formação da banda e, claro, tocarmos uma mão cheia de temas do novo álbum. Especialmente para os fãs mais antigos preparamos um set que inclui também muitos temas dos discos mais antigos, cerca de duas a três canções de cada álbum. O nosso reportório é bastante vasto em termos de dinâmica e intensidade, pelo que temos tudo para brindar os presentes com um bom espectáculo.

in CLIP (Diário de Aveiro), 23 Abril 2009



sexta-feira, 17 de abril de 2009

MY DYING BRIDE

«The Lies I Sire»
(Peaceville, 2009) [8/10]

Conhecidos por transformar como ninguém os recantos mais sombrios das emoções humanas em peças únicas de música e poesia com tanto de sublime como de avassalador, os My Dying Bride estão de regresso com o disco que melhor resume, em termos estilísticos, tudo o que o colectivo britânico produziu nos últimos dez anos de actividade - desde o gothic/doom (aqui um pouco mais radio friendly) até às ocasionais tiradas death/black. Contudo o aspecto que mais sobressai é sem dúvida a reintegração do violino, cuja sonoridade confere a este décimo álbum um carácter que é por um lado vintage e por outro moderno em virtude do estilo de Katie Stone, a recém-chegada violinista, ser bem diferente do de Martin Powell. A utilização de voz de apoio em alguns temas e o facto de Aaron Stainthorpe se aventurar pontualmente em interpretações invulgares (e.g. em tons mais altos) são outros dos aspectos inéditos e atractivos deste novo disco. Todavia nem todas as ideias apresentadas resultam no melhor dos efeitos, havendo momentos menos inspirados com riffs e transições que soam algo dissonantes no contexto do que conhecemos do grupo, e que reduzem o impacto final de algumas faixas. No seu todo «The Lies I Sire» não é propriamente impressionante, particularmente se observado à luz de todo o trabalho anterior da banda. Ainda assim contém o suficiente para constituir uma adição imprescindível na colecção dos fãs, os quais terão novamente a oportunidade de se deixar envolver nesta expressão mais negra de desolação e melancolia que, paradoxalmente, lhes traz tanta felicidade.

in CLIP (Diário de Aveiro), 16 Abril 2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

SHINING

«IV – The Eerie Cold»
(Avantgarde, 2005/Peaceville, 2008) [8.5/10]


Publicado originalmente em 2005 foi considerado por momentos como o álbum derradeiro dos Shining, no entanto acabou por se tornar o prelúdio do genial «V-Halmstad» que surgiria dois anos depois. Registando uma evolução notória sobre toda a produção anterior da formação sueca, «IV-The Eerie Cold» é uma experiência atormentada sobre depressão e demência, sendo talvez o primeiro disco a capturar verdadeiramente todo o conceito de autodestruição idealizado pela mente perturbada de Niklas Kvarforth. Inexoravelmente opressiva, a música retém todas as características da sonoridade Black Metal embora raramente siga em andamento rápido. De facto até inclui uma mão cheia de segmentos lentos, semi-acústicos, um trabalho de guitarra solo que é invulgar nestas lides, bem como algumas das passagens de piano que se tornaram tão mais prevalentes no disco seguinte. No entanto o que sobressai é uma atmosfera permanente de angústia e desassossego, intensificada de forma decisiva pela prestação vocal torturada de Kvarforth que por vezes parece até ultrapassar os seus próprios limites físicos na expressão de emoções de pesar, desespero e dor. Se conhecem os Shining apenas através do mais divulgado «V-Halmstad» então recomenda-se que concedam uma oportunidade a esta reedição (que apenas adiciona à original uma introdução irrelevante) enquanto esperam pelo já anunciado «VI-Klagopsalmer».
in CLIP (Diário de Aveiro), 9 Abril 2009