sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ATHEIST

«Jupiter»
(Season of Mist, 2010) [8.5/10]

Para uma banda lendária como os Atheist – que lançou, no início dos 90s, através de três álbuns incontornáveis, as sementes do chamado death metal progressivo, vindo a desaparecer logo a seguir – um disco de regresso só podia ser esperado com grande ansiedade. Estaria o colectivo da Florida a congeminar, dezassete anos depois, algo comparável a uma obra-prima como «Elements»? Agora que o facto está consumado, a resposta é, definitivamente, não. Contudo, «Jupiter» não deixa de ser um álbum distintamente Atheist: muito daquilo que sempre fascinou os entusiastas da banda, designadamente a proficiência técnica com que debitam riffs enviesados, transições nervosas e leads alucinantes em composições muito complexas – tudo continua aqui presente. Algumas passagens chegam mesmo a invocar o extraordinário «Unquestionable Presence». Kelly Shaefer mantém o seu jeito thrashy e obnóxio de esfarrapador de cordas vocais (além de excelente letrista), enquanto o outro membro da formação original, o baterista Steve Flynn, volta a presentear-nos com uma exibição de cair o queixo que monopoliza todas as atenções. Assim, os fãs têm aqui, pelo menos o essencial para não se sentirem defraudados. No entanto também é verdade que este novo registo não tem a mística nem a qualidade absolutamente orgásmica dos dois álbuns anteriores. Alguns temas soam demasiado desconjuntados e insípidos para conseguirem prender o ouvinte, mesmo depois de alguma insistência. Porém, se observado apenas na justa perspectiva do death/thrash metal técnico que tem sido produzido nos últimos anos, este é sem dúvida um disco ao nível do melhor do género.

in Clip (Diário de Aveiro), 30 Dezembro 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NECRONAUT

«Necronaut»
(Regain Records, 2010) [7.5/10]

Com três anos de gestação, aí está finalmente o primeiro resultado do projecto que tem sido a menina dos olhos de Fred Estby desde que abandonou os Dismember. E não se trata simplesmente de death metal como o nome do histórico baterista e produtor sueco poderá sugerir. Aqui Estby dá largas a outras preferências pessoais que passam também pelo heavy tradicional, thrash e doom, embora mantenha as guitarras permanentemente afinadas a fundo nos graves, com aquele som primitivo de moto-serra tão típico do death escandinavo mais old-school. E para concretizar da melhor maneira este objectivo “multidisciplinar”, convidou uma horda de ilustres conterrâneos que deixam aqui a sua marca em temas que valem a pena ouvir. Entre os momentos mais viciantes destacam-se “Twilight at the trenches”, um corridinho que não deixa ninguém imóvel, interpretado pelo ex-Edge of Sanity Andreas Axelsson, e “In dark tribute”, um meio tempo em estilo Entombed com a carga malévola de dois Nifelheim: Hellbutcher (voz) e Tyrant (guitarra). JB, dos Grand Magus, empresta magistralmente a voz em “Soulside serpents”, um tema muito à Iron Maiden, reaparecendo depois na guitarra em “Returning to kill the light”, ao lado de Erik Danielsson, a diabólica voz dos Watain, naquela que é uma das mais inusitadas combinações do álbum. Chris Reifert, dos Autopsy, tem o seu registo cavernoso impresso em dois temas, e até o próprio Estby exercita a laringe com a garra dum Tom Araya numa faixa que é um verdadeiro tributo aos Slayer. Não sendo essencial, «Necronaut» vale pela curiosidade das colaborações e pela variedade do resultado.

in Clip (Diário de Aveiro), 9 Dezembro 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

IN MOURNING

«Monolith»
(Pulverised Records, 2010) [9/10]


«Shrouded Divine» distinguiu-os como uma das grandes revelações de 2008 e este segundo álbum confirma que estamos de facto perante um portento de talento, com algo de novo para oferecer no quadrante do death metal progressivo de tendências melancólicas. Isento agora das alusões Opethianas do passado, «Monolith» apresenta-se criativo e mais rebuscado, com um trabalho rítmico notável, cheio de voltas inesperadas, e um cuidado particular devotado à coerência musical dos temas. Altamente recomendado.

in Clip (Diário de Aveiro), 2 Dezembro 2010

CYNIC

«Re-Traced»
(Season of Mist, 2010) [5.5/10]


Servindo-se de estéticas electrónicas e ambientais, Masvidal e companhia reinterpretam aqui quatro temas de «Traced in Air», com resultados que deixam muito a desejar. Partindo das estruturas melódicas de base, os temas foram reduzidos a um experimentalismo minimalista que lhes subtraiu dinâmica, sacrificando no processo muitos dos detalhes que fazem o encanto das versões originais. O inédito «Wheels within wheels», recuperado das sessões de gravação do álbum de 2008, compensa parcialmente o desastre.

in Clip (Diário de Aveiro), 2 Dezembro 2010

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

JALDABOATH

«The Rise of the Heraldic Beasts»
(Death to Music/Napalm Records, 2010) [9/10]

“And now for something completely different” parece ser o aforismo apropriado para apresentar este disco, por um lado porque é realmente diferente e original, e por outro porque tem no humor que o caracteriza a inequívoca influência dos célebres Monthy Pytton. Em toada rejubilante, as canções narram em tom sarcástico os feitos rocambolescos de guerreiros medievais, baseando-se em melodias que tanto assumem o carácter de hinos pomposos, como a ingenuidade de temas infantis. A base rítmica é possante, embora algo mecanizada, e a música, que sugere bem o espírito trocista das letras mesmo nas faixas aparentemente sérias de inspiração literária, é quase sempre conduzida por teclados que imitam instrumentos como o trompete, bem como outros de sonoridade distintamente medieval. Na frente desta formação britânica está o eclético James Fogarty que já assinava como Jaldaboath nos tempos em que integrava os excepcionais The Meads of Asphodel. E aqui deve notar-se que a recuperação do heterónimo não surge à toa, dado que tanto a abordagem pouco ortodoxa como o registo vocal grave de Fogarty nos remetem ocasionalmente para o universo dos The Meads. Contudo, esta é uma entidade artística muito diferente, com uma oferta singular mesmo entre as propostas de folk metal já existentes. Um disco descontraído que a banda descreve, segundo o bom-humor que lhes é característico, como “hammering heraldic metal” ou “crusade-core”, e que na verdade encerra nada menos do que os melhores quarenta minutos de entretenimento musical do ano.

in Clip (Diário de Aveiro), 25 Novembro 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

DR SALAZAR

«Lápis Azul»
(edição de autor) [7/10]

Caso curioso no rock pesado nacional, os Dr Salazar estão prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na música de intervenção, como pelas alegadas dificuldades que a postura polémica lhes tem causado. Depois dum interregno de quatro anos, o grupo está de regresso com um álbum que remete desde logo para o universo histórico da ditadura salazarista, temática que sempre foi, por assim dizer, a raison d’etre do colectivo da Amadora, mas que já surge aqui em dose mais moderada. “Lápis Azul” conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado, com alguns riffs de recorte industrial e apontamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi. A progressão em relação ao álbum anterior, “Antes & Depois”, acusa um vago amadurecimento que é patente quer nos temas com refrães contagiosos que incitam a acompanhar, como “Aqui d’hell rei” e a faixa-título, quer noutros, mais contidos, como é o caso de “Erupções”. Contudo, o disco também tem momentos que não parecem funcionar muito bem. Por exemplo, há segmentos em “Casos” e em “Todos querem falar”, onde o texto declamado pelo Manuel d’Albuquerque, ou é desprovido de qualquer musicalidade, ou está em completa dissonância com a restante sonoridade, surgindo forçado e anacrónico no contexto. Trata-se de um arranhar de ouvido que não é novidade nos Dr Salazar, mas que surpreende mais por se tratar do segundo álbum.

in Clip (Diário de Aveiro), 11 Novembro 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ALLEGAEON

«Fragments of Form and Function»
(Metal Blade, 2010) [7/10]

As primeiras impressões sugerem que estamos perante mais uma proposta de death melódico de expressão hardcore, o género que a Metal Blade decidiu abraçar de forma quase obsessiva desde há alguns anos para cá. Mas uma audição atenta revela que há aqui algo um pouco mais excitante do que isso. E isso resume-se basicamente ao produto artístico de dois guitarristas fenomenais – Ryan Glisan e Greg Burgess –, que nos brindam aqui com um festival incessante de rodopios melódicos e acrobacias alucinantes nas seis cordas, a par de solos brilhantes bem ao estilo de um Malmsteen. Tudo isto executado sobre uma muralha rítmica esmagadora, com blast beats de perfurar tímpanos a invocar imagens de bulldozers em marcha desenfreada. Os riffs encorpados remetem por vezes para os Nevermore, e a abordagem técnica é análoga à dos Revocation. Os melhores temas têm qualquer coisa de progressivo, como é o caso de “The god particle”, um dos mais aditivos, “Accelerated evolution”, com a sua prolongada sequência instrumental, e “Across the folded line” que sobressai também pelo refrão contagiante. Mas muitas faixas também passam sem deixar qualquer marca. Além disso, o desempenho vocal de Ezra Haynes não está ao nível da exibição dos restantes músicos, e sente-se a falta de aspectos musicais mais distintos que substituam os traços do ubíquo e desgastado death ao estilo sueco que espreita a cada passo. Apesar de tudo, esta é sem dúvida uma estreia impressionante duma jovem formação norte-americana com muito potencial para materializar.

in Clip (Diário de Aveiro), 4 Novembro 2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

LANTLÔS

«.neon»
(Prophecy Productions, 2010) [9.5/10]

Entre os grandes lançamentos a registar em 2010, «.neon» é uma daquelas raras peças de arte com o dom de nos fazer transcender o mundano; um trabalho com tanto de fascinante como de perturbador, que combina mantras post-rock de riffs lentos e introspectivos, tiradas furiosas de um black metal atmosférico carregado de emoção, e segmentos tranquilos onde o jogo de bateria e baixo (com algum piano de permeio) projecta uma atmosfera deliciosamente jazzy. O vocalista Neige (Alcest) apresenta aqui uma performance de apertar o coração, e chega até a ser arrepiante a convicção que coloca nas manifestações mais desesperadas (sintam a expressividade de «These nights were ours», onde o homem quase esganiça). O seu registo natural (aqui, pouco frequente) em «Pulse/surreal» veicula candura, e aproxima-se, curiosamente, do tom aveludado da diva da soul Sade Adu (!). Depois da estreia pouco promissora oferecida num rudimentar homónimo lançado em 2008, parece que Herbst, o multi-instrumentista germânico responsável por este projecto, acaba de reinventar os Lantlôs, sendo Neige uma das peças essenciais desse sucesso. Dessa reinvenção resultou um álbum perfeitamente equilibrado, com uma construção tão sublime que é capaz de fazer eriçar o cabelo da nuca; um disco mágico que toca no mais intimo que há em nós e em que o todo excede sempre a soma de cada uma das partes. Desliguem-se por um momento das vossas vidinhas rotineiras, baixem as luzes, e deixem-se embarcar nesta experiência quase religiosa que é «.neon».

in Clip (Diário de Aveiro), 4 Novembro 2010

sábado, 23 de outubro de 2010

DEMONIC RESURRECTION

«The Return to Darkness»
(Candlelight, 2010) [8/10]

Quem teve a oportunidade de ver o documentário “Global Metal”, de Sam Dunn, deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome Demonic Resurrection, um dos colectivos mais activos da florescente cena metal na India. Contando já com uma década de existência, tornaram-se recentemente na primeira banda daquele ponto do globo a assinar por uma editora ocidental de peso, e a romper fronteiras com este novo registo de originais. O que fazem é basicamente um black metal sinfónico, colado por vezes a Dimmu Borgir, com nuances de Cradle of Filth, mas que reverte frequentemente para outros modos de operação mais em linha com o death e o progressivo, e até com tiques ocasionais de power metal. Tirando o melhor partido desta sopa de influências, a formação de Bombaim apresenta um trabalho sólido e fluente, que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duração. Individualmente, há que destacar o líder do grupo, Sahil Makhija, pela manifesta versatilidade vocal, bem como a excelente prestação do guitarrista solo de descendência portuguesa, Daniel Rego. Por outro lado, o disco soa também demasiadamente calculado e previsível. Para um grupo já no terceiro álbum seria de esperar pelo menos algum arrojo para além dos padrões explorados e seguros, já para não falar de alguma infusão de motivos locais capazes de conferir à sonoridade uma identidade distinta. De qualquer modo, este é um álbum interessante, duma banda com um talento inquestionável que vale a pena manter debaixo de olho.

in Clip (Diário de Aveiro), 21 Outubro 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

DECREPIT BIRTH

«Polarity»
(Massacre Records, 2010) [8.5/10]
Os fanáticos de desafios mentais extremos do tipo que é habitualmente proporcionado por bandas como Psycroptic, The Faceless e Obscura, têm aqui mais um puzzle sónico para lhes dar a volta ao miolo. Os autores deste puzzle de death brutal e extraordinariamente técnico, já deram mostras do que eram capazes, em 2008, com o estonteante «Diminishing Between Worlds». Contudo, de lá para cá, a progressão foi notável. Reduzindo um ou dois furos na complexidade da composição e deixando mais espaço para a música respirar entre as barragens de riffs demolidores, a banda norte americana criou com «Polarity» um trabalho relativamente mais fácil de acompanhar e com detalhes mais distintos. Com uma execução prodigiosa de todos os instrumentos, as referências aos pergaminhos do saudoso Chuck Schuldiner são agora especialmente notórias no estilo de leads virtuosos que irrompem constantemente entre mutações rítmicas tresloucadas. Embora os andamentos sejam quase sempre a abrir e o pedal duplo a mil à hora não dê tréguas, não há aquela obsessão doentia pelo martelanço enfadonho que persiste em muito death metal. As faixas são também mais curtas do que o habitual (metade delas não passa dos três minutos), incorporando, ainda assim, mais ideias atractivas e pormenores de encher o ouvido, do que aquelas que muitas formações do género conseguem apresentar no dobro do tempo. E no fim resta ainda substância em quantidade suficiente para obrigar a umas quantas visitas à vitrola, até conseguirmos desenredar a maior parte da meada sonora.

in Clip (Diário de Aveiro), 14 Outubro 2010

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

WATAIN

«Lawless Darkness»
(Season of Mist, 2010) [8.5/10]

Se «Sworn to the Dark», o álbum anterior dos Watain, soou como uma colagem estilística evidente mas ainda assim bem-vinda a bandas como Dissection e Dawn, o mesmo já não se poderá dizer deste novo registo de estúdio. O que não é propriamente motivo para alarme: os fãs daquelas magníficas melodias desoladas celebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit, podem dormir descansados pois estas continuam a surgir aqui no seu melhor por entre riffs old-school, embora de uma forma mais subtil. Mas embora dependa muito menos desses elementos, o que se salienta em «Lawless Darkness» é o arsenal de influências thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto, traduzindo-as em malhas tão inesperadas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de black metal. É o que acontece de forma notória no ambicioso “Waters of Ain”, em especial naquele grande final apoteótico, bem como nos leads de “Total funeral”. Outros temas dignos de nota são os brilhantes “Hymn to Qayin” e “Kiss of death”, estes sem solos, e mais em linha com o que ouvimos do colectivo de Uppsala nos dois discos anteriores. Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade, este quarto longa duração ganha pelo nível superior de composição que exibe, tanto nas passagens melódicas de beleza diabólica, como nos segmentos mais furiosamente punitivos. Liricamente, não há surpresas: este é mais um monumento erigido às forças da escuridão, com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia dúzia de congregações religiosas.

in Clip (Diário de Aveiro), 2 Setembro 2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

NACHTMYSTIUM

«Addicts: Black Meddle pt.2»
(Candlelight, 2010) [9/10]

Um álbum invulgar, sem dúvida, tendo em conta o meio extremo em que se insere, mas que não surpreende face ao percurso artístico da banda em causa. De facto, depois do alucinogénio «Assassins», a opção por uma abordagem menos psicadélica e mais rock‘n’roll patente neste segundo tomo de «Black Meddle», soa até como um seguimento natural. Da estética extrema do black metal que moldou originalmente o colectivo norte-americano, resta agora pouco mais do que a voz rouca do líder Blake Judd, bem como um som caracteristicamente sujo que, na verdade, joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas. Na sua maior parte «Addicts» é um álbum cheio de composições padronizadas mas plenas de balanço, com refrães apunkalhados que não nos saem mais da cabeça, e ganchos que soam bizarros de tão catchy, havendo até espaço para alguns devaneios pop. Aquele loop incessantemente ondulante em «No funeral» fica para a posteridade como um das ideias mais desconcertantes em todo o álbum. E os solos muito vintage saídos das seis cordas dos convidados Matt Johnson (Pharaoh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espírito revivalista que a banda pretende invocar. À primeira impressão, «Addicts» poderá soar como uma incursão excessiva em universos distantes, mas no fim a sensação que perdura é a de uma combinação muito bem conseguida entre o rock/punk dos 70s e a crueza típica das sonoridades mais negras do metal.

in Clip (Diário de Aveiro), 5 Agosto 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

VOA2010

Lagoa de Calvão, 6 & 7 de Agosto

Depois de uma estreia em 2009 com um cartaz preenchido por alguns dos nomes mais sonantes da música extrema, o Vagos Open Air volta a impor-se pela magnífica selecção de bandas convidadas. Entre estreias absolutas, regressos há muito desejados, e uma amostra do melhor que o underground nacional tem para oferecer, esta é uma 2º edição decididamente feita à medida de um leque alargado de preferências.

CARCASS
Aproveitando o reagrupamento da histórica banda de Jeff Walker, Bill Steer e Michael Amott, esta é sem dúvida uma das apostas mais oportunas do festival. No final da década de 80 injectaram sangue e entranhas na brutalidade sónica do death metal, tornando-se na referência principal para os fanáticos das vertentes doentias do gore e splatter que lhes sucederam. Em 1993 estiveram por cá a promover o álbum «Heartwork», e regressam agora, revitalizados, para mostrar que velhas… são as carcaças.

MESHUGGAH
Ao fim de 23 anos de actividade, aqui está, finalmente, a muito aguardada estreia absoluta em solo português. Mestres incontestados dos riffs sincopados, os Meshuggah já há muito que entraram para a história do metal, fruto de uma personalidade sónica vincada, e de um talento inato para a inovação rítmica. Formados por autênticos músicos-prodígio, a banda sueca é responsável por registos que entretanto viraram clássicos, tendo assinado recentemente «ObZen», o 6º longa duração que vendeu, só na semana a seguir ao lançamento, quase doze mil cópias.

MY DYING BRIDE
Pioneiros no híbrido death/doom, os My Dying Bride são conhecidos por transformar como ninguém os recantos mais sombrios das emoções humanas em performances apaixonantes de música e poesia com tanto de sublime como de avassalador. Quem conhece minimamente o repertório absolutamente incontornável do colectivo britânico, sabe que esta se adivinha certamente uma das actuações mais marcantes do Vagos deste ano.

AMORPHIS
Estiveram por cá há 15 anos a promover «Tales from the Thousand Lakes», um dos discos mais inovadores da década de 90 na área do death metal, que de uma assentada transformou estes finlandeses num dos nomes mais reverenciados do underground. Embora com o passar dos anos a banda tenha progredido no sentido de estéticas mais acessíveis, a sua produção musical manteve-se sempre interessante, como o comprova o recente «Skyforger».

KAMELOT
Apesar do modesto início de carreira em meados dos 90s, os norte-americanos Kamelot são actualmente um dos grandes baluartes do power metal sinfónico, com uma discografia que inclui vários álbuns considerados de culto entre os fãs. Nesta que é (pelo menos) a terceira visita a Portugal da formação de Thomas Youngblood, espera-se um set recheado com muitos temas do sucessor de «Ghost Opera», a editar em Setembro.

ENSIFERUM
Mais um de entre o contingente finlandês de grupos a desfilar no palco do Vagos, os Ensiferum trazem na bagagem ainda fresco o novo álbum «From Afar». Considerado em alguns quadrantes como o trabalho mais bombástico de sempre de Markus Toivonen e companhia, este quarto registo constitui também a melhor amostra do estilo de viking metal, veloz e furioso (e com solos magníficos), que sempre foi a imagem de marca do colectivo.

THE FIRSTBORN
Apesar de contar já com dois anos desde que foi lançado, «The Noble Search» ainda se mantém bem vivo na memória colectiva, tal foi a impressão que causou. Para os The Firstborn foi o culminar de um percurso pautado por uma constante renovação artística, que os distinguiu pelo conceito original de música extrema com pinceladas étnicas e influências budistas. Quem os viu ao vivo diz que são tão espantosos como no disco.

GWYDION
Fazem um misto de folk e viking metal ao estilo nórdico e são já bem conhecidos pelas suas contagiantes actuações ao vivo. Dois anos depois do primeiro grito de guerra a que chamaram «Ŷnys Mön» e da feroz invasão europeia que protagonizaram logo a seguir, o clã de Lisboa acaba de regressar com «Horn Triskelion», uma nova colecção de cânticos bárbaros que prometem fazer correr a cerveja e gerar muita animação nas hostes do Vagos.

Ghost Brigade, Oblique Rain, Miss Lava e Prayers of Sanity são os restantes nomes a reter do luxuoso elenco do Vagos Open Air 2010.

in Clip (Diário de Aveiro) 29 Julho 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

IHSAHN

«After»
(Candlelight, 2010) [9.5/10]

Depois do lançamento de «After» já não restarão dúvidas de que o trabalho a solo de Ihsahn, tomado no seu conjunto, é hoje tão apelativo e relevante como o foram no passado os melhores álbuns dos Emperor. Concluindo uma suposta trilogia iniciada em 2006 com «The Adversary» e continuada em 2008 com «Angl», o músico norueguês acaba de nos brindar com um trabalho que preserva traços do vanguardismo cultivado até aqui, mas que se distingue fundamentalmente pelo ênfase nos aspectos mais progressivos e pela utilização do saxofone, não como mero elemento de arranjo, mas antes como instrumento de primeiro plano que irrompe frequentemente com magníficos fraseados melódicos ou numa abordagem mais free jazz. Com uma execução superior de Jorgen Munkeby, dos Shining, é mesmo caso para dizer que nunca o saxofone soou tão bem num contexto de metal extremo. Embora alguns dos temas remetam ainda para a composição angular do disco anterior, este é, em geral, um álbum de parâmetros mais ortodoxos, o que, a par dos refrães contagiantes entoados na voz plácida de Ihsahn (que se sobrepõem amiúde ao seu inconfundível registo abrasivo), concorre para fazer deste o trabalho mais acessível do ex-Emperor. Mas «After» não é um disco simplista, muito pelo contrário. Resultado duma criatividade no seu auge e enriquecido uma vez mais pela secção rítmica genial dos Spiral Architect: Lars Norberg (baixo) e Asgeir Mickelson (bateria), «After» constitui uma realização assombrosa, vibrante de musicalidade de fio a pavio, que tem tudo para resistir ao teste mais exigente: o do tempo.

in Clip (Diário de Aveiro), 8 Julho 2010

sábado, 3 de julho de 2010

AVULSED

«Nullo (The Pleasure of Self-Mutilation)»
(Xtreem Music, 2009) [7/10]

Viciados desde há vinte anos para cá na forma mais perversa de cacofonia alguma vez engendrada pela mente humana, estão de regresso com mais uma dose mortífera de death metal capaz de provocar a declaração de um estado de emergência. Se o demolidor «Gorespattered Suicide» injectou alguma extravagância no reportório essencialmente tradicional da banda Madrilena, então este quinto de originais soa a algo mais back to the basics. Passado o festival de agressão sem quartel das primeiras quatro faixas, o disco entra no seu melhor com arremedos infernais de thrash, riffs esmagadores e malhas impiedosas que agarram o ouvinte pelas partes mais sagradas. As mudanças súbitas de andamento de «Nazino (cannibal hell)» e as malhas infecciosas de «Penectomia» fazem destes os temas mais salientes de «Nullo». Também de destacar é a prestação fabulosa do (ainda) novo baterista Riky, bem como os leads melódicos que Cabra e Juancar arrancam das seis cordas, criando um contraste bem-vindo com o massacre sónico da secção rítmica. O rugido cavernoso e os berros doentios do carismático Dave Rotten traduzem da melhor maneira as temáticas depravadas de gore, mutilação e perversão sexual, as quais se reúnem em «She’s hot tonight (in my oven)» para criar um dos melhores momentos de humor negro do álbum. Longe do melhor absoluto dos Avulsed – que têm ainda em «Stabwound Orgasm» o seu ex-libris -, e talvez até uns furos abaixo do álbum anterior, este é definitivamente um dos discos mais directos da banda espanhola. Death brutal na sua forma mais básica e genérica. Só para fãs.
in Clip (Diário de Aveiro), 8 Julho 2010

domingo, 27 de junho de 2010

PLAYLIST

Ou o que tem andado a girar recentemente na vitrola

ALCEST
«Percées de Lumière»
Poucos são os temas de black metal capazes de sugerir uma sensação positiva de serenidade como este, incluído em «Écailles de Lunes». Os Agalloch e os Novembre apenas se aproximaram deste resultado. Mas Neige parece ter descoberto a harmonia perfeita entre a agressividade natural do estilo e a tranquilidade de sonoridades límpidas que pouco ficam a dever ao Metal. Se tivesse que escolher agora a melhor música de 2010, esta seria uma séria candidata.

COBALT
«Arsonry»
Intercalando passagens furiosamente devastadoras com momentos opressivos de pulsação tribal, este constitui provavelmente um dos melhores momentos de «Gin», o álbum mais recente da dupla Erik Wunder / Phil McSorley, que nos agraciou em 2007 com o colossal «Eater of Birds». Apesar deste terceiro registo ficar uns furos abaixo, o simples acto de sermos fustigados por semelhante híbrido de black/thrash e post-hardcore mal intencionado, é sempre uma experiência única.

DARGAARD
«Thy Fleeing Time»
É um das peças mais salientes de «The Dissolution of Eternity», o álbum de 2001 desta banda austríaca, que já anda no meu leitor de mp3 há algum tempo. A sonoridade é toda pomposa, mas as melodias neoclássicas e a atmosfera imponente veiculam sempre uma profundidade de sentimento que é no mínimo comovente. E neste tema em particular a voz de Elizabeth Torizer soa como se nos chegasse de uma outra dimensão. O que será feito do Sr. Tharen e dos Dargaard?

DEATH ANGEL
«The Ultra-Violence»
Conta já com uns respeitáveis 23 anos de idade e é talvez o melhor instrumental thrash de sempre. Incluído no álbum de estreia homónimo da banda de São Francisco, é um tema com uma composição incrivelmente sofisticada para o seu tempo, que os Death Angel não mais ousaram igualar. Ao todo são dez minutos de riffs electrizantes e solos esmifrados, que ainda hoje acompanho como um doido na minha air-guitar!

IMMOLATION
«A Glorious Epoch»
Depois dum álbum relativamente pobre em termos de inspiração como foi «Shadows in the Light», é bom saber que uma das minhas bandas favoritas da zona mais brutal do espectro está de volta ao seu melhor. Mais do que um vulgar massacre sónico, «Majesty and Decay», do qual este «Glorious epoch» é a melhor amostra, desbrava caminhos sombrios ainda não palmilhados pela banda americana, e é o combustível ideal para o fogo do nosso lado mais negativo.

TRIPTYKON
«Descendant»
Continua a gerar ondas de choque um pouco por todo o lado, não só porque é mais uma infame criação do venerável Tom Gabriel “Warrior”, mas também porque é impossível ficar indiferente à atmosfera opressiva e abissal e ao peso esmagador omnipresente em «Eparistera Daimones». Em toada lenta e desolada, num estilo venenoso que se confunde com o dos extintos Celtic Frost, «Descendent» é um dos vários temas memoráveis deste álbum. A tirada fulminante no minuto final é impagável.

(brevemente) in Versus Magazine

terça-feira, 15 de junho de 2010

ANTARES PREDATOR

«Twilight of the Apocalypse»
(Battlegod Productions, 2010) [6/10]

Poucas bandas se podem gabar de apresentar um álbum tão variado em termos de estilos e influências como os Antares Predator. Entre doses mortíferas de blast beats, riffs galopantes e curtos segmentos sinfónicos de metais, o colectivo norueguês desfia aqui malhas thrash a puxar para o death metal mais técnico, momentos de black metal que soam umas vezes a Dimmu Borgir, outras a Satyricon e outras ainda a Emperor. Quando a coisa fica mesmo preta, como acontece no esmagador «Mark 13» que rola a umas alucinantes 260bpm, aí as referências óbvias apontam para Marduk ou Dark Funeral. Portanto já se está a mesmo ver: o disco tem inegavelmente os seus momentos, mas encosta-se despudoradamente a tudo e mais alguma coisa. As orquestrações sampladas, bem colocadas, e o trabalho rítmico criativo, acabam por constituir os elementos mais atractivos. Contudo, «Twilight of the Apocalypse» acaba por não funcionar, em grande medida devido a uma composição pobre, uma dinâmica reduzida, um som demasiado cru e mecanizado, e um trabalho quase inexistente de guitarra solo. O resultado final redunda numa salgalhada muito insípida que acaba por deixar para trás pouco mais do que uma sensação de indiferença. E o que é mais surpreendente é que semelhante estreia sofrível não nos chega das mãos de principiantes, mas de músicos competentes e supostos artistas com créditos firmados como sejam o ex-Keep of Kalessin Øyvind Winther (guit.) e o ex-baterista dos Belphegor, Jan “Blastphemer”. Enfim, há coisas que não deviam acontecer.

in CLIP (Diário de Aveiro), 11 Junho 2010

sábado, 29 de maio de 2010

GWYDION

«Horne Triskelion»
(Trollzorn Records, 2010) [7/10]

Embora a colonização Viking dos séculos VIII a XI não se tenha alastrado até à nossa costa, o imaginário aventureiro destes bárbaros do norte já há muito que conquistou a praia dos portugueses Gwydion. Este segundo álbum irá certamente agradar aos incondicionais do folk metal nórdico ao estilo de bandas como Finntroll, Tyr e Turisas, com as suas melodias ora sumptuosas ora festivas, conduzidas por teclados ou instrumentos tradicionais sobre uma secção rítmica possante, e com os habituais coros masculinos taberneiros a invocar sempre imagens de guerreiros ébrios a agitar canecas de cerveja. É impossível ficar indiferente a temas como “From Hel to Asgard”, “Triskelion horde is nigh” ou mesmo “Ofiússa (A terra das serpentes)”, com os seus contornos sinfónicos, vozes femininas muito bem colocadas e até uma breve passagem cantada em português. A evolução registada em relação a “Ynys Mön”, o primeiro álbum, é notória, tanto do ponto de vista da composição, cujos meandros a banda parece já dominar com alguma maturidade, como no departamento sonoro, com a mistura entregue desta vez a Børge Finstad (Mayhem, Enslaved), com resultados a roçar o excelente. O único aspecto menos abonatório a apontar ao colectivo de Lisboa é mesmo a excessiva colagem ao folk folgazão tão característico das bandas supra citadas e, em particular, a algumas melodias ou acordes que parecem já recorrentes no género. Como não se trata de falta de talento ficamos à espera de ver adicionado à música dos Gwydion um cunho mais pessoal que os torne distintos num estilo já de si bastante concorrido.

in CLIP (Diário de Aveiro), 27 Maio 2010

sexta-feira, 21 de maio de 2010

ACRASSICAUDA

«Only the Dead see the end of the War»
(Vice Records, 2010) [6.5/10]

Só o facto de serem provenientes da Bagdad do período pós Saddam, e de contarem com o orgulho de metalheads uma história de perseguição e ameaças de morte que os levou a exilarem-se primeiro na Síria, depois na Turquia e, por fim, já longe da demência islâmica, em Brooklyn, Nova York, deve ser suficiente para reconhecermos nestes iraquianos, a perseverança e os tomates que nós, ocidentais, com os nossos pequenos caprichos, nem sonhávamos ser possível. Mais do que qualquer banda de heavy metal, os Acrassicauda experimentaram, até meados de 2008, uma vivência literalmente “heavy metal”, e este primeiro trabalho, gravado já nos Estados Unidos, é disso um testemunho vívido. Produzido por Alex Skolnick (Testament) e fortemente influenciado pelos ícones do thrash que lhes serviram de inspiração desde o primeiro dia, o EP abre incisivo com “Message from Baghdad”, cujas malhas remetem desde logo para os Metallica dos 80s, ou mesmo para os Sepultura da fase “Arise”. O tema seguinte, “Garden of stones”, já aparece tingido de linhas melódicas e percussões do Médio Oriente, incluindo também alguns leads de se lhe tirar o chapéu. “Massacre” salienta-se pela raiva e desespero que os seus versos canalizam, e pelo tom vocal de Faisal Talal que nos obriga a recuar aos melhores momentos de James Hetfield. “The unknown” termina com mais meia dúzia de riffs encorpados e galopantes, daqueles que têm o estranho poder de induzir uma desenfreada agitação de cabeças. Depois do retrato heróico apresentado em “Heavy Metal in Baghdad”, aqui fica o imprescindível depoimento áudio dos Acrassicauda.

in CLIP (Diário de Aveiro), 20 Maio 2010

sábado, 15 de maio de 2010

Edição de Maio 25, 2010

Entrevista com Oyvind Winther
guitarrista dos noruegueses ANTARES PREDATOR a propósito do álbum «Twilight of the Apocalypse».

- "Não esperava receber (tantas) criticas negativas. Provavelmente as pessoas não perceberam bem o álbum. Talvez o título tenha sugerido, erradamente, algo relacionado com profecias do fim do mundo, como no filme «2012»";
- "Penso que ainda não encontramos a nossa própria assinatura musical. Precisamos ainda de fazer mais um ou dois álbuns para chegar lá";
- "As guitarras deviam ter ficado um pouco mais graves e deviamos ter incluído mais elementos orquestrais";
- "As ideias para este álbum tiveram origem, em grande parte, no filme «Hardware» do Richard Stanley, de 1991".
(Oyvind)
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segunda-feira, 10 de maio de 2010

SVARTTHRON

«Kraujo Estetika»
(Inferna Profundus Records, 2010) [4.5/10]

Quem teve algum contacto prévio com os Svartthron deve associar mentalmente este nome ao estilo de black metal depressivo, atmosférico e a meio tempo que a banda imprimiu em “Bearer of the Crimson Flame” e nos dois registos que o precederam. Se for esse o caso do leitor, então prepare-se para uma surpresa pois quase tudo se alterou neste projecto lituano, e não foi para melhor. Para começar, o único músico responsável pela banda, Tomhet, optou aqui por explorar uma variedade de black metal mais veloz e primitiva, mas sem grandes resultados. Quase não há riffs memoráveis e tudo soa excessivamente vulgar e genérico. Salvo raras excepções, a composição é demasiado idiossincrática para deixar alguma marca duradoura, e nem a prestação de [k] dos Argharus, alegadamente o primeiro baterista humano a participar numa gravação dos Svartthron, é suficiente para evitar a derrapagem para um abismo de tédio. Mas o que arruína mesmo este disco é a interpretação vocal, desta vez confiada – lamentavelmente – a Levas dos compatriotas Andajas. É que tirando as poucas vezes em que as vozes se toleram, nomeadamente quando surgem sussurradas ou quase declamadas, em geral soam de tal forma estridentes e histéricas que não fazem mais do que nos deixar os nervos em franja. O que atrai neste álbum é mesmo o grafismo cuidado de todo o artwork, muito numa estética post-black, bem como a perspectiva niilista de todo o conceito lírico (pela primeira vez expresso no idioma nativo da banda) sobre o sangue. Mas isto, claro, nunca é o que mais interessa num disco.

in CLIP (Diário de Aveiro), 6 Maio 2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

ALCEST

«Écailles de Lune»
(Prophecy Productions, 2010) [9/10]

Depois dum disco como «Souvenirs d’un autre monde», que não trouxe mais do que uma pálida imagem do black metal original dos Alcest com a sua base temperada de guitarras saturadas, muito ficou em aberto em relação ao que a mente criativa de Neige seria capaz de arquitectar a seguir. Com o segundo álbum finalmente disponível, a primeira coisa que ocorre dizer é que estamos perante a realização mais genial até agora do multi-instrumentista francês, que é também o único responsável por este projecto. A maior novidade a realçar é sem dúvida a inclusão de algumas tiradas rápidas que nos podem fazer recuar cinco anos no tempo, até ao EP “Le Secret”. Contudo, ao invés de soarem negras e frias, estas breves passagens de black metal soam grandiosas e até animadoras, contribuindo decisivamente para criar aqueles que são os trechos mais sublimes de todo o álbum: “Écailles de lune, pt II” e “Percées de lumière”. Mas apesar do toque mais agressivo, este é um trabalho que tem tudo a ver com “Souvenirs…”, embora exiba uma progressão notável, em todos os aspectos, em relação a esse disco de 2007. Dominado por um manto sonoro que emana sentimentos de pesar e nostalgia, feito de acordes límpidos com uma certa reverberação tremeluzente, linhas melódicas perfeitas que apaixonam à primeira audição e, claro, a voz tranquila de Neige que flutua etérea, chegando a soar até inocente, «Écailles de Lune» é assim como uma espécie de passagem secreta para uma dimensão surreal, intangível; um mundo de sonhos, fascinante e assustador ao mesmo tempo.

in CLIP (Diário de Aveiro), 29 Abril 2010

domingo, 18 de abril de 2010

Edição de Abril 20, 2010

Entrevista com Miguel "Kaveirinha" (guitarra), Ruben Almeida (voz) e Daniel César (teclados), membros dos portugueses GWYDION, a propósito do novo álbum «Horn Triskelion».
- "Embora os Gwydion não sejam originalmente uma banda de folk metal, o «Ynys Mön» já deu mostras de querermos enveredar por esse caminho, e este último álbum é, por assim dizer, a consolidação dessa tendência";
- "...estamos convencidos que o contributo de cada um de nós tornou a sonoridade final deste álbum bastante rica e particular. E não acredito que a sonoridade esteja assim tão próxima de outro tipo de trabalhos";
- "Penso que não é pelo facto de sermos portugueses que devemos ter vergonha de explorar uma temática relacionada com uma cultura que nos interessa"
(Kaveirinha, Ruben e Daniel)
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quarta-feira, 14 de abril de 2010

ARGHARUS

«Pleištas»
(Inferna Profundus Records, 2009) [7.5/10]

Chegam-nos de um dos lugares mais recônditos da Europa de leste, a Lituânia, com uma proposta de black metal nitidamente influenciada pelo legado dos nomes maiores do género, como sejam Mayhem e Immortal, e uma sonoridade crua e algo primitiva, feita de riffs crispados e arrasadores, sem qualquer recurso a teclados. Numa demonstração de talento que é pouco comum em álbuns de estreia, a banda mostra como é possível agarrar numa mão cheia de riffs viciantes e construir longos temas com pés e cabeça, mantendo uma composição madura e inteligente que favorece os andamentos apressados e com o suficiente em textura para nos pregar o ouvido às colunas. Embora toda a interpretação seja feita no idioma nativo do colectivo, é quase impossível não perceber no vocalista 7 os tiques dementes de Niklas “Kvarforth” ou, por vezes, o registo tipicamente tortuoso de Attila Csihar. A execução de todos os instrumentos soa sempre bastante precisa e coesa, e o nível de qualidade é mantido razoavelmente constante ao longo de todas as faixas, excepto talvez nos dois minutos redundantes de estática e ruído industrial daquela que é, supostamente, uma peça instrumental. Mas o melhor fica reservado para o fim, no tema “Prakalba i atmatas”, um excerto de rara inspiração que vale também pela refrescante fuga a alguns dos lugares comuns a que a banda não conseguiu evitar nas faixas anteriores (os primeiros 2’.30” são particularmente excepcionais). Ficamos a torcer para que este momento constitua, de alguma maneira, uma indicação de uma direcção a explorar no futuro.

in CLIP (Diário de Aveiro), 15 Abril 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Edição de Abril 6, 2010

Entrevista com Morean,
vocalista dos alemães DARK FORTRESS a propósito do novo álbum «Ylem».

- "Penso que desta vez a música saiu mais lenta, na generalidade, devido a influências que o Santura (guitarra) recebeu dos Celtic Frost, quando tocou com eles em 2007/2008;
- "Se fossemos outro tipo de banda e fizéssemos um tema melódico e baladesco como o "Wraith" seriamos imediatamente acusados de vendidos. No black metal um tema como este é o caminho mais curto para uma sentença de morte comercial, pois não te ajuda nada nesse ponto de vista";
- "Sim, toda a gente tem perguntado o que se passa com a percussão nas faixas 2 e 3 do CD pensando que há alguma coisa de errado, mas é mesmo assim!";
- "Para nós este álbum foi também uma espécie de busca de uma essência musical; uma reflexão sobre os elementos que são realmente fundamentais nesta banda.

(Morean)
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sábado, 20 de março de 2010

DARK FORTRESS

«Ylem»
(Century Media, 2009) [8/10]

Ultimamente, na área específica do black metal, a produção alemã tem mostrado as suas garras através de um conjunto de lançamentos incontornáveis aos quais se junta agora este novo registo dos Dark Fortress. Se em 2008 o anterior «Eidolon» foi sentido como um dos trabalhos mais bombásticos da banda bem como uma evidente acomodação ao nicho mais ortodoxo do género, «Ylem» volta a aventurar-se para lá dos aspectos tradicionais e previsíveis do black metal, enveredando por territórios que, não constituindo novidade em si, permaneciam ainda intocados na discografia pretérita. Este sexto de originais do colectivo bávaro é assim um disco muito mais apostado na criação de atmosfera, com mais de metade dos temas a rolar entre o meio tempo e o lento, e até com Morean a mostrar em duas ocasiões (“Evenfall” e “Wraith”, este último especialmente evocativo da fase clássica dos Solitude Aeturnus) que sabe cantar como os vocalistas de heavy tradicional. A sonoridade mantém-se relativamente standard mas a composição é primorosa e das mais variadas de sempre, com riffs pontuadamente esmagadores, belíssimas linhas de guitarra de grande inspiração, um fundo subtil de teclados, alguns refrães contagiantes, e uma daquelas produções que até brilha de tão lustrosa. É inevitável não se detectar aqui uma influência mais visível de Celtic Frost o que até é compreensível, mostrando que a passagem de Vic Santura, principal compositor dos Dark Fortress, pela extinta formação liderada por Tom “Warrior”, deixou as suas marcas.

in CLIP (Diário de Aveiro), 18 Março 2010

sexta-feira, 12 de março de 2010

20 Anos -- Death: "Spiritual Healing"

13/03/1990 - 13/03/2010 Um dos principais responsáveis pela direcção que o death metal viria a tomar nos anos seguintes.

Inteligente, intemporal, obrigatório!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

ALTAR OF PLAGUES

«White Tomb»
(Profound Lore, 2009) [8.5/10]

Imaginem um híbrido de post hardcore e doom derivado de uns Neurosis ou Cult of Luna, com uma densa atmosfera drone a sugerir algo de vasto e apocalíptico, uma boa dose de black metal e um sentido épico maior do que a própria vida, e talvez fiquem com uma vaga ideia do que podem esperar deste ambicioso álbum de estreia dos irlandeses Altar of Plagues. Constituído por quatro faixas com durações entre dez a quinze minutos, «White Tomb» é um disco que se desenvolve tão lentamente quanto se possa imaginar, em crescendos que ganham corpo lentamente até explodirem em ondas de riffs arrasadores, percussões colossais e tempestades sónicas de desespero e raiva. A música faz-se de grandes excursões de intensidade com momentos de quase silêncio, linhas distantes de guitarra e camadas de teclados a conferir profundidade, alguns segmentos repetitivamente hipnóticos, e passagens torturadas de doom funerário marcadas por recitações de uma cólera pungente. Embora se situem, musicalmente, longe dos compatriotas Primordial, partilham com estes a convicção apaixonada que imprimem aos momentos mais abrasivos da música. Em termos líricos «White Tomb» move-se por entre questões ecológicas e ambientais, elaborando sobre uma imagem do choque entre civilização e natureza pintada em tons de negro. Apesar dos seus cinquenta minutos de duração, a composição minimalista tende a induzir uma certa sensação de insatisfação; de “saber a pouco”. Todavia, a verdade é que, por vezes, menos é mais, o que é sem dúvida o caso num álbum tão rico e multi-dimensional como este.

in CLIP (Diário de Aveiro), 25 Fevereiro 2010

sábado, 13 de fevereiro de 2010

MARDUK

«Wormwood»
(Regain Records, 2009) [8.5/10]

Vinte anos de actividade, onze LPs publicados, uma paixão inesgotável e quase obsessiva pela música que faz, e, sobretudo, uma relevância inegável na cena black metal actual como poucas bandas de segunda geração se podem gabar, são, resumidamente, os traços essenciais do retrato de Morgan Hakansson e dos Marduk. Depois da autêntica reinvenção que foi o extraordinário «Rom5:12», a formação sueca acaba de regressar com um álbum que aponta na mesma direcção desse disco de 2007, embora contenha descargas de blast-beats em doses mais massivas. Apesar disso, são os temas menos rápidos que continuam a sobressair, destacando-se aqui o venenoso “To redirect perdition” e a marcha triunfal “Funeral dawn”. A diversidade de andamentos proporcionam um espaço amplo de manobra para a expressividade vocal de Daniel “Mortuus”, que se mostra aqui – muito mais do que no disco anterior – detentor de qualidades laringicas que lhe permitem ir desde o gutural mais doentio e torturado, até ao bramido asperamente característico do metal desta negritude, passando por alguns detalhes únicos, como a forma como usa a respiração em “Into utter madness”. Não me recordo do anterior Erik “Legion” demonstrar semelhante versatilidade. O baixo de Magnus “Devo” é outro pólo de atracção e a sua proeminência na mistura confere à sonoridade geral um carácter ainda mais espesso e sombrio, particularmente nos segmentos mais lentos. Usando como título a tradução literal da palavra Chernobyl, para alguns sinal de punição divina, «Wormwood» é, segundo o próprio Hakansson, uma celebração do fim dos dias.

in CLIP (Diário de Aveiro), 11 Fevereiro 2010

sábado, 30 de janeiro de 2010

ORPHANED LAND

«The Never Ending Way of ORwarriOR»
(Century Media, 2010) [9.5/10]


Pioneiros do rock mais extremo no médio oriente, acabam de regressar com a sua maior obra de sempre: uma mescla única de folk e prog metal de composição elaborada, repleta de detalhes variados, elementos sinfónicos e texturas exóticas produzidas por instrumentos tradicionais como o bouzouki e o saz (espécies de alaúde), o chumbush (parecido com o banjo) e o santur. A música irradia luz e espiritualidade a todo o momento, destacando-se o trabalho fabuloso de guitarra solo (eléctrica e acústica), pleno de acordes e melodias de uma beleza de cortar a respiração, que nos remetem para lá do imaginário das mil e uma noites. Kobi Farhi canta como nunca cantou na vida, não só em inglês, mas também em hebraico e em árabe, voltando a ser secundado por vezes, e uma vez mais, pela encantadora Shlomit Levi. Pode dizer-se que estamos perante o sucessor natural de «Mabool»(2004), contudo este é um álbum mais experimental e progressivo, incluindo, ao mesmo tempo, mais momentos de atracção imediata, e uma sonoridade que saiu beneficiada pela mistura e produção de Steven Wilson. É também a tentativa mais explícita de sempre do colectivo israelita – admirado, às escondidas, por milhares de fãs do lado palestiniano –, de harmonizar, ao nível musical, lírico e até gráfico, elementos israelitas e árabes, num manifesto simbólico de união que desconhece barreiras políticas e religiosas. Elaborando sobre anseios humanos universais – e utópicos – de paz e tranquilidade, «The Never Ending Way of ORwarriOR» é, acima de tudo, um festim para os sentidos; puro alimento para a alma – o que quer que isso seja.

in CLIP (Diário de Aveiro), 28 Janeiro 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Edição de Janeiro 26, 2010

Entrevista com Kobi Farhi,
vocalista dos israelitas ORPHANED LAND, a propósito do novo álbum «The Never Ending Way of ORwarriOR».

- "Este foi o disco que nos deu mais trabalho a compôr e a gravar. Foram meses de completa reclusão no estúdio. À custa disto ganhei os meus primeiros cabelos brancos! :-)
- "Musicalmente, é um álbum que combina elementos de todos discos anteriores, desde o «Sahara»(1994) até ao «Mabool»(2004); As vozes e a instrumentação folk resultaram, desta vez, bastante mais variadas;
- "Apesar da rivalidade entre israelitas e palestinianos, temos milhares de fãs do lado árabe. Alguns chegaram já a ser presos por nos ouvirem. Penso que isto demonstra bem o poder da música como meio de união entre culturas;
- "Os fãs árabes não gostaram nada que tivéssemos usado versos do Corão. Se tivéssemos representado o profeta Maomé nas fotos promocionais da banda, de certeza que não nos iriam perdoar!";
- "O mundo tem de se livrar rapidamente dos aspectos mais conservadores das religiões. São esses aspectos que nos separam e é neles que reside a fonte de muitos conflitos".
(Kobi)
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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

THE FEW AGAINST MANY

«Sot»
(Pulverized Records, 2009) [7/10]

Para um músico prolífico como Christian Alvestam, que já operou em mais de uma dezena de bandas, incluindo os Scar Symmetry, Incapacity e Torchbearer, o que mais poderia servir de motivação para formar um novo projecto? Bom, desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar material que, ao longo dos anos, foi ficando na gaveta por não se adequar às formações em que o guitarrista/vocalista estava a trabalhar no momento. Dito desta maneira até parece que estamos perante uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras. Mas na verdade não é o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal melódico com pelo menos dois aspectos relevantes. Um tem a ver com os arranjos orquestrais (cordas e coros, típicos de algum black metal), bastante invulgares no contexto do género, cuja delicadeza acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade. O segundo aspecto é que, apesar de toda a melodia, cujas partes de teclados fazem lembrar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower), a brutalidade mecânica das guitarras, as ocasionais explosões devastadoras de blast-beats e o grunhido gutural de Alvestam (que prescinde aqui do registo limpo do tempo dos Scar Symmetry), a par de uma produção a condizer, conferem a este disco uma aura visceral e ameaçadora que remete de certa forma para os clássicos old school do death metal sueco. Com quase todos os temas interpretados na língua materna do colectivo, «Sot» apresenta uma forma relativamente diferente de fazer death metal com melodia, e recomenda-se especialmente aos fãs do género.

in CLIP (Diário de Aveiro), 21 Janeiro 2010

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

THE RUINS OF BEVERAST

«Foulest Semen of a Sheltered Elite»
(Ván Records, 2009) [9.5/10]

No que concerne à franja mais extrema e sombria do espectro metálico, este foi, no balanço final, o disco mais impressionante a surgir em 2009. Ainda que possa ser descrito seguramente como algo na linha do black/doom mais moderno, nenhum rótulo é suficiente para reflectir com rigor o que este trabalho tem para oferecer. Desde logo destaca-se pelas vozes usadas, as quais variam entre um registo limpo por vezes parecido com o de Big Boss dos Root, uma vocalização profunda e meio gutural, e toda a sorte de variantes e efeitos magníficos que resultam numa atmosfera verdadeiramente surreal. Os temas são todos longos, contudo o estilo de composição é de tal forma consistente - apesar da multiplicidade de influências presentes - que os oitenta minutos de duração do disco flúem quase sem nos darmos conta. As guitarras conferem ao álbum uma sonoridade única e absolutamente monstruosa, e os teclados e os samples estrategicamente colocados, criam imagens envolventes de um estranho mundo. E o que é curioso é que toda esta maravilha foi criada por um único músico: Alexander von Meilenwald, talentoso multi-instrumentista alemão que tem vindo a desenvolver este projecto a solo desde que saiu dos Nagelfar, e que criou, com a sua visão singular, neste que é o seu terceiro álbum, uma das experiências sonoras mais geniais e gratificantes dos últimos anos na área do black metal. Se pensam que já não há nada suficientemente épico e megalómano no género capaz de vos arrebatar, então este disco talvez vos faça mudar de ideias. Fica a proposta.

in CLIP (Diário de Aveiro), 14 Janeiro 2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Edição de Janeiro 12

Entrevista com Anders Edlund,
baixista dos suecos THE FEW AGAINST MANY a propósito do álbum «Sot».

- "Os temas deste disco foram compostos há bastante tempo pelo Christian (Alvestam, guitarra e voz), e eram simplesmente bons demais para ficar na gaveta";
- "Escolhemos este nome para banda porque, por um lado não se associa de imediato a death metal, e por outro porque somos de facto uma entre muitas bandas no género, mas com algo de único para oferecer";
- "A ideia dos arranjos orquestrais esteve presente desde o início mas levou algum tempo a concretizar. No fim estes elementos funcionaram tão bem que acabaram por surgir em quase todos os temas"

(Anders)
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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Edição de Janeiro 5

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- Os Melhores de 2009 -

Em termos de discos brilhantes e criativos, 2009 ficou um pouco aquém da produção registada em anos anteriores. Mas teve, é claro, também a sua dose de lançamentos memoráveis.
A lista apresenta uma selecção dos melhores álbuns do ano, escolhidos exclusivamente entre os discos recebidos os quais preencheram as edições do Cais do Paraíso dos últimos doze meses. Com sempre, não se estabelece nenhuma ordem de preferência relativa - cada álbum é o melhor à sua maneira.

Absu - «Absu»
Blut Aus Nord - «Memoria Vetusta II: Dialogue with the Stars»
Ulcerate - «Everything is Fire»
Obscura - «Cosmogenesis»
Old Man’s Child - «Slaves of the World»
Drudkh - «Microcosmos»
Secrets of the Moon - «Privilegivm»
Diablo Swing Orchestra - «Sing Along Songs for the Damned & Delirious»
The Ruins of Beverast - «Foulest Semen of a Sheltered Elite»
Arkona - «Goi, Rode, Goi!»
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- Os Piores de 2009 -
Os maus discos são como os chapéus: há sempre muitos!
Também seleccionados de entre os discos recebidos, e ordenados por ordem de lançamento no mercado, os álbuns abaixo são para evitar a todo o custo.

Graveland - «Spears Of Heaven»
Earth Crisis - «To the Death»
Lacuna Coil - «Shallow Life»
Haven Denied - «Symbiosys»
Sworn Enemy - «Total World Domination»
Syrach - «A Dark Burial»
Ramming Speed - «Brainwreck»
I Shalt Become - «The Pendle Witch Trials»
Simbiose - «Fake Dimension»
Schelmish - «Die Hasslichen Kinder»