segunda-feira, 5 de maio de 2008

ATROX

«Binocular»
(Season of Mist, 2008) [9/10]

Após a publicação dum álbum tão invulgarmente directo como «Orgasm» e do abandono subsequente da excêntrica Monika Edvardsen, pensei que os Atrox estivessem arrumados. Mas enganei-me. Cinco anos depois o colectivo norueguês reaparece, revitalizado, com uma proposta que, pela primeira vez, recorre fortemente aos computadores e aos elementos electrónicos, e a uma abordagem experimental e vanguardista que tem muito em comum com Arcturus e Age of Silence. Menos concentrado no peso das guitarras e com mais espaço para devaneios progressivos e atmosferas psicadélicas, o novo álbum é apropriadamente descrito pela banda como retro-futurista, opondo o orgânico ao mecânico e o moderno ao antigo, através duma composição extravagante com traços por vezes esquizofrénicos, que se demarca de todo o tipo de convenções do espectro do ‘metal’. Embora não seja fácil esquecer o inimitável estilo histriónico de Edvardsen, a banda ficou muito bem servida com o novato Rune Folgerø que demonstra possuir o talento vocal e o perfil adequados ao universo sonoro retratado em «Binocular». Um disco inteligente e criativo, apenas para quem procura algo de excepção.

in CLIP (Diário de Aveiro), 1 Maio 2008

Sem comentários: