sexta-feira, 10 de outubro de 2008

NACHTMYSTIUM

«Assassins: Black Meddle Part 1»
(Candlelight, 2008) [9.5/10]

Quem busca ainda o pouco de inovador que se produz actualmente no seio das sonoridades mais extremas deve ter com certeza tropeçado já num tal «Instinct: Decay», álbum que concentrou atenções pela curiosa abordagem alucinogénia a um black metal sujo e demolidor. O percurso artístico prévio da banda norte-americana em causa fez sempre suspeitar, no entanto, que este disco de 2006 era apenas uma etapa incremental dum processo evolutivo que estava ainda para produzir o seu resultado mais significativo. Como quase sempre, a realidade superou todas as expectativas. O álbum seguinte, este «Assassins», é não só uma entidade inteiramente diversa de tudo o que os Nachtmystium gravaram até agora, como um dos lançamentos mais marcantes de 2008. Afastado da violenta negritude de outrora e com as blast-beats a funcionar mais como excepção do que regra, é neste quarto longa duração que o líder Blake Judd dá largas finalmente às suas influências rock dos anos 70. O som das guitarras e o estilo dos solos fazem recuar mentalmente à sonoridade hipnótica que Tony Iommi e David Gilmour deixaram para a posteridade em discos como «Sabotage» ou «Meddle». O baterista convidado, Tony Laureano, mostra que as suas aptidões vão muito além da metralha do death metal onde é reconhecido como autoridade. Com acenos frequentes ao psicadelismo espacial Pink Floydiano, duas primorosas intervenções de um saxofone, alguns coros orelhudos punk pelo meio e uma composição simples mas certeira, «Assassins» realiza na totalidade o derrube de barreiras estéticas que o álbum anterior não ousou mais do que insinuar. Absolutamente recomendado.

in CLIP (Diário de Aveiro), 9 Outubro 2008

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