sexta-feira, 17 de julho de 2009

ULCERATE

«Everything is Fire»
(Candlelight, 2009) [8.5/10]

O primeiro contacto suscita associações imediatas com o som de bandas como Morbid Angel ou Immolation. Uma das semelhanças mais evidentes advém da poderosíssima secção rítmica de sonoridade densa e esmagadora, que evoca constantemente imagens titânicas de mega tonelagem ameaçadora em movimento desenfreado. Os riffs dissonantes e a composição muito complexa, caótica por vezes, que só ocasionalmente deixa perceber padrões estruturais recorrentes, a par de um vocalista com um registo cavernoso muito próximo do de Ross Dolan, constituem outras similitudes. Mas há também aspectos em que o death metal deste colectivo Neozelandês os demarca das bandas supra. Um dos mais salientes é o recurso a segmentos calmos, vagarosos e desolados, que trazem à memória os Neurosis, e que surgem em alguns temas com um efeito notável. Mais importante ainda é o trabalho irrequieto de bateria de Jamie Saint Merat que nunca se mantém no mesmo ritmo por mais que alguns segundos, e muda de velocidade com uma subtileza jamais vista - uma exibição de cortar a respiração! Com um engenhoso duo de guitarras que torcem, contorcem e voltam a torcer cada acorde, «Everything is fire» deixa a sensação de uma experiência exaustiva e de intensidade monstruosa, embora possa soar - enganadoramente - pouco variado numa primeira abordagem, requerendo pois uma audição atenta para produzir dividendos compensadores. Um nível de volume generoso é imprescindível para o efeito.

in CLIP (Diário de Aveiro), 16 Julho 2009

1 comentário:

csa disse...

Já tinha lido o artigo no jornal e gostei muito.
Por isso, fui ouvir algumas músicas no youtube e também gostie. Mas tinha poucos clips... ou, pelo menos, eu encontrei poucos.
De qualquer modo, é mesmo uma banda nova.
Espero que façam uma boa carreira.:)