segunda-feira, 19 de julho de 2010

IHSAHN

«After»
(Candlelight, 2010) [9.5/10]

Depois do lançamento de «After» já não restarão dúvidas de que o trabalho a solo de Ihsahn, tomado no seu conjunto, é hoje tão apelativo e relevante como o foram no passado os melhores álbuns dos Emperor. Concluindo uma suposta trilogia iniciada em 2006 com «The Adversary» e continuada em 2008 com «Angl», o músico norueguês acaba de nos brindar com um trabalho que preserva traços do vanguardismo cultivado até aqui, mas que se distingue fundamentalmente pelo ênfase nos aspectos mais progressivos e pela utilização do saxofone, não como mero elemento de arranjo, mas antes como instrumento de primeiro plano que irrompe frequentemente com magníficos fraseados melódicos ou numa abordagem mais free jazz. Com uma execução superior de Jorgen Munkeby, dos Shining, é mesmo caso para dizer que nunca o saxofone soou tão bem num contexto de metal extremo. Embora alguns dos temas remetam ainda para a composição angular do disco anterior, este é, em geral, um álbum de parâmetros mais ortodoxos, o que, a par dos refrães contagiantes entoados na voz plácida de Ihsahn (que se sobrepõem amiúde ao seu inconfundível registo abrasivo), concorre para fazer deste o trabalho mais acessível do ex-Emperor. Mas «After» não é um disco simplista, muito pelo contrário. Resultado duma criatividade no seu auge e enriquecido uma vez mais pela secção rítmica genial dos Spiral Architect: Lars Norberg (baixo) e Asgeir Mickelson (bateria), «After» constitui uma realização assombrosa, vibrante de musicalidade de fio a pavio, que tem tudo para resistir ao teste mais exigente: o do tempo.

in Clip (Diário de Aveiro), 8 Julho 2010

4 comentários:

csa disse...

Esta já eu li no Clip, na altura em que saiu.
Torna bem evidente a evolução deste músico desde que os Emperor acabaram.
Mas a vida não pára e não é para se desperdiçar. :)
E quando aparece aqui a reportagem sobre o VOA2?
Como tenhp pouco tempo para ver as novidades da net, ficava a saber o essencial, apresentado por um especialista. :)

CAIS DO PARAÍSO disse...

Cada coisa a seu tempo!...
"Especialista", eu?? :-)
EM

O Etilista disse...

Candidato a álbum do ano. O Angl foi uma ligeira aproximação a Emperor, e nunca pensei que o pudesse ultrapassar. O saxofone dá uma toada única ao álbum, algo como um in the court of the crimson king transposto para o metal extremo.

CAIS DO PARAÍSO disse...

Candidato a álbum do ano. Estou de acordo!
EM