segunda-feira, 20 de setembro de 2010

NACHTMYSTIUM

«Addicts: Black Meddle pt.2»
(Candlelight, 2010) [9/10]

Um álbum invulgar, sem dúvida, tendo em conta o meio extremo em que se insere, mas que não surpreende face ao percurso artístico da banda em causa. De facto, depois do alucinogénio «Assassins», a opção por uma abordagem menos psicadélica e mais rock‘n’roll patente neste segundo tomo de «Black Meddle», soa até como um seguimento natural. Da estética extrema do black metal que moldou originalmente o colectivo norte-americano, resta agora pouco mais do que a voz rouca do líder Blake Judd, bem como um som caracteristicamente sujo que, na verdade, joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas. Na sua maior parte «Addicts» é um álbum cheio de composições padronizadas mas plenas de balanço, com refrães apunkalhados que não nos saem mais da cabeça, e ganchos que soam bizarros de tão catchy, havendo até espaço para alguns devaneios pop. Aquele loop incessantemente ondulante em «No funeral» fica para a posteridade como um das ideias mais desconcertantes em todo o álbum. E os solos muito vintage saídos das seis cordas dos convidados Matt Johnson (Pharaoh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espírito revivalista que a banda pretende invocar. À primeira impressão, «Addicts» poderá soar como uma incursão excessiva em universos distantes, mas no fim a sensação que perdura é a de uma combinação muito bem conseguida entre o rock/punk dos 70s e a crueza típica das sonoridades mais negras do metal.

in Clip (Diário de Aveiro), 5 Agosto 2010

2 comentários:

csa disse...

Como sempre um bom texto.
Como sempre támbém, eu já o tinha lido na sua versão em papel.
Conheço bastante bem o álbum, porque o ouvi várias vezes e fiz algumas pesquisa sobre a banda.
Ler este texto evoca momentos do álbum e dá vontade de o ouvir novamente.

CAIS DO PARAÍSO disse...

Obrigado. Nachtmystium é sempre especial.
EM