domingo, 29 de maio de 2011

MACABRE

«Grim Scary Tales»
(Hammerheart Records, 2011) [8 /10]

Depois de vinte e sete anos dedicados por inteiro a contar os feitos repugnantes dos mais notáveis assassinos psicopatas da história, os Macabre já mereciam, pelo menos, a atribuição de um doutoramento honoris causa num qualquer ramo da criminologia. Constituídos desde o primeiro dia por Corporate Death (guitarra, voz), Nefarious (baixo) e Dennis the Menace (bateria), o colectivo norte-americano é conhecido pelo seu característico ‘murder metal’, designação cunhada por eles próprios que se traduz numa estranha mescla de death, thrash e grind, com incursões frequentes em territórios estranhos ao metal, mas que funcionam bem e tendem a reforçar o humor negro das rimas jocosas que cantam. Esta é uma descrição particularmente adequada a este quinto registo de originais, um álbum um pouco menos extremo e mais apostado numa grande variedade desses tais elementos inusitados, que passam, por exemplo, pelo corridinho em estilo country de “The bloody Benders”, interpretado com um cómico sotaque sulista, pela trágica mas irresistível melodia de “Mary Ann”, pela lenga-lenga infantil de “Lizzy Borden” e pelos vocais operáticos em “Nero’s inferno”. Incluindo uma brilhante interpretação de “Countess Bathory”, original dos Venom, e especialmente concentrado desta vez nas atrocidades sangrentas de alguns dos mais infames serial killers de finais do séc. XIX, (cuidadosamente tratados na devida ordem cronológica) «Grim Scary Tales» é não só um inequívoco manifesto de talento do trio de Chicago mas, mais importante, um álbum divertido que promete arrancar mais do que alguns sorrisos.

in Clip (Diário de Aveiro), 26 Maio 2011

1 comentário:

csa disse...

Um belo texto de crítica,. com muito humor! :)