quinta-feira, 10 de novembro de 2011

NOMAD

«Transmigration of Consciousness»
(Witching Hour Productions, 2011) [8.5/10]

Reduzindo uns furos na brutalidade inconsequente e na frequência de lugares comuns que atormentaram o álbum anterior, «The Independence of Observation Choice» (2007), e apostando agora num esforço inaudito de criatividade, os Nomad acabam de apresentar aquele que é talvez o disco mais notável de uma carreira que já se prolonga desde 1994. Menos preocupada com a velocidade, a formação polaca traz-nos desta vez um death metal com um trabalho rítmico vincadamente solto e inventivo, e muito mais focado na criação de uma atmosfera negra e densa. Como aspecto digno de nota este quinto registo de originais contém uma série de curtos interlúdios/intros de sonoridade sinfónica ou industrial, conduzidos por teclados, que fazem a ponte entre os temas principais, conferindo eficazmente fluência ao álbum e um sentido muito mais grandioso. Podíamos bem destacar o cadenciado “Identity with personification” ou o rodopiante e marcial “Pearl evil” mas a verdade é que a música se mantém fiel a elevados padrões de qualidade em praticamente toda a duração do disco. A única queixa que ocorre é com o vocalista Bleyzabel Balberith: a sua voz mais grave é demasiado flat e desprovida de vida; só se salva mesmo quando aplica o seu registo black metal como acontece no excelente “Raised irony”. Com um artwork verdadeiramente assombroso, «Transmigration of Consciousness» é um trabalho ambicioso e muito bem conseguido, que está cheio de momentos galvanizantes. Um verdadeiro épico para ouvir de fio a pavio de uma só vez, que, estou certo, valerá cada minuto do vosso tempo.

in Clip (Diário de Aveiro), 29 Setembro 2011

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