quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

ANAAL NATHRAKH

«Passion»
(Candlelight, 2011) [8.5/10]

Para nos lembrar o que há de mais podre e abominável na existência humana, aqui estão de regresso os necro-terroristas Anaal Nathrakh com o que aparenta ser um dos cocktails mais odiosos e devastadores de black/death/grind de que há memória. Usando alguns elementos industriais e, desta vez, ainda mais blast beats do que o costume, os temas deste sexto registo de originais são cuspidos ferozmente a uma velocidade verdadeiramente homicida, quebrando só ocasionalmente em andamentos mid-paced os quais enaltecem ainda mais as explosões selváticas de raiva que se sucedem. Ao contrário dos dois álbuns anteriores, «Passion» volta a dar relevo à componente black metal que originalmente dominou a arte iníqua da formação britânica, o que é por demais evidente nos riffs de “Drug fucking abomination” e de “Le diabolique est l’ámi du simplement mal”, bem como nas linhas de guitarra em tremolo que usam (e até abusam) ao longo do disco todo. Como sempre, V.I.T.R.I.O.L. (Dave Hunt) é absolutamente arrepiante na sua performance, ora berrando/grunhindo como se não houvesse amanhã a ponto de quase cuspir os próprios pulmões (perto dele a maioria dos vocalistas são autênticos meninos de coro!), ora com magnificas vocalizações limpas e dramáticas que usa aqui com mais frequência nos refrães. «Passion» pode até não ser o melhor de sempre da dupla Hunt/Kenney, mas não há dúvida que traduz bem a imagem ameaçadora – mas inebriante – de um niilismo sem redenção e dum genocídio sónico que não dá tréguas. Em volumes elevados pode afectar o equilíbrio e até produzir náuseas. Estão avisados!

in Clip (Diário de Aveiro), 5 Janeiro 2012

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