(Century Media, 2010) [9.5/10]
Pioneiros do rock mais extremo no médio oriente, acabam de regressar com a sua maior obra de sempre: uma mescla única de folk e prog metal de composição elaborada, repleta de detalhes variados, elementos sinfónicos e texturas exóticas produzidas por instrumentos tradicionais como o bouzouki e o saz (espécies de alaúde), o chumbush (parecido com o banjo) e o santur. A música irradia luz e espiritualidade a todo o momento, destacando-se o trabalho fabuloso de guitarra solo (eléctrica e acústica), pleno de acordes e melodias de uma beleza de cortar a respiração, que nos remetem para lá do imaginário das mil e uma noites. Kobi Farhi canta como nunca cantou na vida, não só em inglês, mas também em hebraico e em árabe, voltando a ser secundado por vezes, e uma vez mais, pela encantadora Shlomit Levi. Pode dizer-se que estamos perante o sucessor natural de «Mabool»(2004), contudo este é um álbum mais experimental e progressivo, incluindo, ao mesmo tempo, mais momentos de atracção imediata, e uma sonoridade que saiu beneficiada pela mistura e produção de Steven Wilson. É também a tentativa mais explícita de sempre do colectivo israelita – admirado, às escondidas, por milhares de fãs do lado palestiniano –, de harmonizar, ao nível musical, lírico e até gráfico, elementos israelitas e árabes, num manifesto simbólico de união que desconhece barreiras políticas e religiosas. Elaborando sobre anseios humanos universais – e utópicos – de paz e tranquilidade, «The Never Ending Way of ORwarriOR» é, acima de tudo, um festim para os sentidos; puro alimento para a alma – o que quer que isso seja.
in CLIP (Diário de Aveiro), 28 Janeiro 2010
in CLIP (Diário de Aveiro), 28 Janeiro 2010
10 comentários:
Isso é que é entusiasmo.
Bem aplicado, diga-se em abono da verdade, porque o álbum, de facto, é belíssimo, em todos os aspectos.
Já o ouvi, mas ainda não o tenho.
Depois de ler esta crónica - ela própria um belo texto -, sinto que está na altura de acrescentar esta peça à minha colecção de música, que eu quero que seja mesmo boa. :)
Obrigado. Vale bem a pena!
EM
E quando é que o CdP aborda o "caso Cabidela"?
Bem... falar em cabidela num post sobre uma banda israelita e judaica, que provavelmente respeita as regras da comida "kosher" podia valer-te, em tempos idos, talvez, um apedrejamentozito... :-)
EM
O "Cristo" dos OL é tolerante! E eu aproveito. Hehe! :)
E lá vai mais um comentário sobre outro assunto para os OL! :)
É sobre o CdP de ontem, do qual só consegui ouvir a segunda parte.
Ouvi o Flashback e fiquei com uma sensação estranha em relação ao Edge of Sanity: conheço metal com uma voz agreste a destacar-se sobre um fundo musical melodioso (gosto imenso!), mas nunca tinha ouvido uma voz melodiosa em cima de um fundo musical hiper pesado. É estranho, mas também soa bem. :) Depois fui ver algo sobre a banda e descobri um portento: Mr. Swano, que consegue fazer milhares de coisas ao mesmo tempo. Incrível!
Como se costuma dizer: "Quando eu for grande, quero ser assim!" :)
Caro(a) オテモヤン
Apoiado! Não poderia estar mais de acordo com a sua opinião.
EM
E lá tenho de ir para o OL outra vez. Hehe! :)
Na emissão de ontem do CdP, destaco os portugueses Oblique Rain, cujo nome me recorda um célebre poema de Fernando Pessoa de que eu gosto muito.
Também gostei muito de Ihsahn, mas o que ouvi ainda não atingiu o nível dos Emperor, no que se refere aos meus gostos pessoais. :)
Grande disco este novo dos Oblique Rain. Tenho que lhe dar um pouco mais de atenção.
EM
Ora aí está uma excelente ideia! :)
Os fãs aplaudem!
E ficam à espera da concretização dessa promessa.
Que tal uma entrevista? E uma crónica sobre eles no ilustre Clip?
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