«Wormwood»
(Regain Records, 2009) [8.5/10]
Vinte anos de actividade, onze LPs publicados, uma paixão inesgotável e quase obsessiva pela música que faz, e, sobretudo, uma relevância inegável na cena black metal actual como poucas bandas de segunda geração se podem gabar, são, resumidamente, os traços essenciais do retrato de Morgan Hakansson e dos Marduk. Depois da autêntica reinvenção que foi o extraordinário «Rom5:12», a formação sueca acaba de regressar com um álbum que aponta na mesma direcção desse disco de 2007, embora contenha descargas de blast-beats em doses mais massivas. Apesar disso, são os temas menos rápidos que continuam a sobressair, destacando-se aqui o venenoso “To redirect perdition” e a marcha triunfal “Funeral dawn”. A diversidade de andamentos proporcionam um espaço amplo de manobra para a expressividade vocal de Daniel “Mortuus”, que se mostra aqui – muito mais do que no disco anterior – detentor de qualidades laringicas que lhe permitem ir desde o gutural mais doentio e torturado, até ao bramido asperamente característico do metal desta negritude, passando por alguns detalhes únicos, como a forma como usa a respiração em “Into utter madness”. Não me recordo do anterior Erik “Legion” demonstrar semelhante versatilidade. O baixo de Magnus “Devo” é outro pólo de atracção e a sua proeminência na mistura confere à sonoridade geral um carácter ainda mais espesso e sombrio, particularmente nos segmentos mais lentos. Usando como título a tradução literal da palavra Chernobyl, para alguns sinal de punição divina, «Wormwood» é, segundo o próprio Hakansson, uma celebração do fim dos dias.
in CLIP (Diário de Aveiro), 11 Fevereiro 2010
(Regain Records, 2009) [8.5/10]
Vinte anos de actividade, onze LPs publicados, uma paixão inesgotável e quase obsessiva pela música que faz, e, sobretudo, uma relevância inegável na cena black metal actual como poucas bandas de segunda geração se podem gabar, são, resumidamente, os traços essenciais do retrato de Morgan Hakansson e dos Marduk. Depois da autêntica reinvenção que foi o extraordinário «Rom5:12», a formação sueca acaba de regressar com um álbum que aponta na mesma direcção desse disco de 2007, embora contenha descargas de blast-beats em doses mais massivas. Apesar disso, são os temas menos rápidos que continuam a sobressair, destacando-se aqui o venenoso “To redirect perdition” e a marcha triunfal “Funeral dawn”. A diversidade de andamentos proporcionam um espaço amplo de manobra para a expressividade vocal de Daniel “Mortuus”, que se mostra aqui – muito mais do que no disco anterior – detentor de qualidades laringicas que lhe permitem ir desde o gutural mais doentio e torturado, até ao bramido asperamente característico do metal desta negritude, passando por alguns detalhes únicos, como a forma como usa a respiração em “Into utter madness”. Não me recordo do anterior Erik “Legion” demonstrar semelhante versatilidade. O baixo de Magnus “Devo” é outro pólo de atracção e a sua proeminência na mistura confere à sonoridade geral um carácter ainda mais espesso e sombrio, particularmente nos segmentos mais lentos. Usando como título a tradução literal da palavra Chernobyl, para alguns sinal de punição divina, «Wormwood» é, segundo o próprio Hakansson, uma celebração do fim dos dias.
in CLIP (Diário de Aveiro), 11 Fevereiro 2010
2 comentários:
Grande texto!
É importante pelas ideias que veicula (e que esclarecem alguns equívocos relacionados com o black metal e derivados de preconceitos) e pela forma compo apresenta a música (que dá vontade de ir ouvi-la - caso ainda não se conheça o álbum em questão - ou reescutá-la - se já estivermos familiarizados com ele).
Ora cá estou eu outra vez para dizer de minha justiça sobre o CdP de ontem. :)
Ouvi mais alguns temas do álbum do mês, com um estilo muito especial.
E gostei muito do tema dos Ulver, apresentado no Flashback: muito interessante.
Para mim, que não "estudei os clássicos" nesta matéria, é uma boa oportunidade de me cultivar. :) :)
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