segunda-feira, 10 de maio de 2010

SVARTTHRON

«Kraujo Estetika»
(Inferna Profundus Records, 2010) [4.5/10]

Quem teve algum contacto prévio com os Svartthron deve associar mentalmente este nome ao estilo de black metal depressivo, atmosférico e a meio tempo que a banda imprimiu em “Bearer of the Crimson Flame” e nos dois registos que o precederam. Se for esse o caso do leitor, então prepare-se para uma surpresa pois quase tudo se alterou neste projecto lituano, e não foi para melhor. Para começar, o único músico responsável pela banda, Tomhet, optou aqui por explorar uma variedade de black metal mais veloz e primitiva, mas sem grandes resultados. Quase não há riffs memoráveis e tudo soa excessivamente vulgar e genérico. Salvo raras excepções, a composição é demasiado idiossincrática para deixar alguma marca duradoura, e nem a prestação de [k] dos Argharus, alegadamente o primeiro baterista humano a participar numa gravação dos Svartthron, é suficiente para evitar a derrapagem para um abismo de tédio. Mas o que arruína mesmo este disco é a interpretação vocal, desta vez confiada – lamentavelmente – a Levas dos compatriotas Andajas. É que tirando as poucas vezes em que as vozes se toleram, nomeadamente quando surgem sussurradas ou quase declamadas, em geral soam de tal forma estridentes e histéricas que não fazem mais do que nos deixar os nervos em franja. O que atrai neste álbum é mesmo o grafismo cuidado de todo o artwork, muito numa estética post-black, bem como a perspectiva niilista de todo o conceito lírico (pela primeira vez expresso no idioma nativo da banda) sobre o sangue. Mas isto, claro, nunca é o que mais interessa num disco.

in CLIP (Diário de Aveiro), 6 Maio 2010

2 comentários:

csa disse...

Desta vez, fiquei foi com pouca vontade de ouvir o álbum! :(
Parece que os membros desta banda têm de dar uma boa volta à sua música!
E quando vamos saber qual é o disco do mês de Maio? :)

CSA disse...

Procurei ouvir a emissão do CdP especialmente dedicada a Peter Steele, dos Type O Negative, feita com a colaboração do programa 4 Luas, mas não tive sorte.
Recebi a emissão com muitas interferências e só consegui ouvir "farrapos" de uma entrevista a Peter Steele e 1 ou 2 músicas, uma das quais era uma fantástica cover.
Mas fiquei com vontade de conhecer o músico e a sua banda, mesmo na versão "homenagem póstuma".
Nunca é tarde demais para apreciar um bom trabalho!