sexta-feira, 22 de abril de 2011

HAEIRESIS

«Transparent Vibrant Shadows»
(Inferna Profundus/Neo:Torment/Frenteuropa Records, 2011) [8/10]

Projecto a solo com origem na Lituânia, propõe neste álbum de estreia um interessante concentrado de black metal que junta tendências convencionais a algum do melhor vanguardismo do estilo. No lado mais tradicional sobressaem as influências de Emperor e Mayhem, nas suas respectivas encarnações mais recentes. Depois há toda uma componente industrial e dark ambient com referências sónicas que apontam para nomes de relevo desses quadrantes, como Aborym e sobretudo The Axis of Perdition. Aliás, não será por acaso que o disco conta com a participação de Brooke Johnson, o mentor dos Axis, em metade dos temas. O carácter industrial deve-se essencialmente à excelente percussão caracteristicamente maquinal e ao registo distorcido de voz em jeito de andróide maléfico do multi-instrumentista S.B. que me faz recuar ao tempo dos nossos saudosos Thormenthor. A uma abordagem já familiar de black metal a banda adiciona algumas mais-valias tais como padrões rítmicos complexos, acordes desarmónicos e linhas melódicas abstractas – tudo isto sem comprometer a estrutura das canções – o que faz desta uma proposta exigente e com o seu quê de refrescante. Com os melhores momentos guardados para o fim do disco na forma de faixas como “Surreale” e “Emptyroom”, «Transparent Vibrant Shadows» congrega todos os elementos para retratar com sucesso o ambiente frio e fantasmagórico de um asilo em ruínas (bem ilustrado no artwork), constituindo ao mesmo tempo uma experiência compensadora para quem procura alternativas mais futuristas nas vertentes extremas do metal.

in Clip (Diário de Aveiro), 14 Abril 2011

1 comentário:

csa disse...

Esta crítica li-a duas vezes no Clip!