quarta-feira, 13 de abril de 2011

THE PROJECT HATE MCMXCIX

«Bleeding the New Apocalypse (Cum Victriciis in Manibus Armis)» (Season of Mist, 2011) [8.5/10]


Há uma grande diferença entre este e os discos anteriores dos TPH e essa diferença chama-se Ruby Roque. A ex-vocalista dos portugueses Witchbreed, que agora faz parte do grupo sueco em apreço, é efectivamente a principal responsável pelo afastamento dos TPH dum paradigma vocal já gasto: o duelo, celebrizado em muito gothic/death, entre voz feminina angelical e growler cavernoso. É que, contrariamente ao tom ingénuo e frágil da anterior Jonna Enckell, a voz de Ruby molda-se segundo o estilo tradicional de vocalistas como Kate French (Chastain), com um registo poderoso e de grande dinâmica, que se impõem de forma autoritária mesmo na presença de um monstro como Jörgen Sandström. O facto de Ruby cantar quase sempre em notas altas e segundo linhas melódicas distintas, é um aspecto que pode dificultar a assimilação da mudança. No entanto, ao fim de meia dúzia de audições tudo parece encaixar na perfeição. Musicalmente este é mais um passo de sucesso no sentido do aperfeiçoamento do cocktail único que Lord K Philipson tem vindo a desenvolver desde 1998, e que congrega, em longos épicos de 9 a 13’, as sonoridades extremas do death metal com passagens electrónicas e industriais, numa simbiose quase perfeita de brutalidade e beleza maquinal. Enriquecido uma vez mais pelos fantásticos solos de Mike Wead (King Diamond), pela voz de Christian Alvestam e, desta vez, pelo mítico Leif Edling (Candlemass), «Bleeding...» só peca pelo tremendo deja vu causado pela peça de manual didáctico que é o riff de abertura. Contudo é uma falsa partida que fica mais do que compensada pelo que vem a seguir.

in Clip (Diário de Aveiro), 24 Março 2011

1 comentário:

csa disse...

É ver a entrevista na Versus # 13, brevemente, num computador que tenha à mão! :)