quarta-feira, 14 de abril de 2010

ARGHARUS

«Pleištas»
(Inferna Profundus Records, 2009) [7.5/10]

Chegam-nos de um dos lugares mais recônditos da Europa de leste, a Lituânia, com uma proposta de black metal nitidamente influenciada pelo legado dos nomes maiores do género, como sejam Mayhem e Immortal, e uma sonoridade crua e algo primitiva, feita de riffs crispados e arrasadores, sem qualquer recurso a teclados. Numa demonstração de talento que é pouco comum em álbuns de estreia, a banda mostra como é possível agarrar numa mão cheia de riffs viciantes e construir longos temas com pés e cabeça, mantendo uma composição madura e inteligente que favorece os andamentos apressados e com o suficiente em textura para nos pregar o ouvido às colunas. Embora toda a interpretação seja feita no idioma nativo do colectivo, é quase impossível não perceber no vocalista 7 os tiques dementes de Niklas “Kvarforth” ou, por vezes, o registo tipicamente tortuoso de Attila Csihar. A execução de todos os instrumentos soa sempre bastante precisa e coesa, e o nível de qualidade é mantido razoavelmente constante ao longo de todas as faixas, excepto talvez nos dois minutos redundantes de estática e ruído industrial daquela que é, supostamente, uma peça instrumental. Mas o melhor fica reservado para o fim, no tema “Prakalba i atmatas”, um excerto de rara inspiração que vale também pela refrescante fuga a alguns dos lugares comuns a que a banda não conseguiu evitar nas faixas anteriores (os primeiros 2’.30” são particularmente excepcionais). Ficamos a torcer para que este momento constitua, de alguma maneira, uma indicação de uma direcção a explorar no futuro.

in CLIP (Diário de Aveiro), 15 Abril 2010

1 comentário:

csa disse...

Bela crítica!
Vou ter de ouvir outra vez o CD com este texto à vista, para estar atenta aos pormenores musicais referidos. :)
Para quando a do ábum dos Gwydion, os "vikings" portugueses? :)