quinta-feira, 24 de setembro de 2009

AHAB

«The Divinity of Oceans»
(Napalm Records, 2009) [8/10]

Enquanto a maioria dos grupos se esquiva de rótulos que os associem a géneros ou subgéneros musicais, os Ahab descrevem-se orgulhosamente como uma banda de ‘nautik funeral doom metal’. ‘Nautik’ por causa do fascínio que as sagas marítimas sempre exerceram sobre a banda, desde a sua formação, em 2004, que motivou a criação de um álbum de estreia baseado na obra “Moby Dick”, o clássico da literatura de Herman Melville, sendo este segundo disco mais um conceptual inspirado desta vez em “In the heart of the sea”, o livro de Nathaniel Philbrick que relata a tragédia do baleeiro Essex, famoso desastre marítimo do Sec. XIX que culminou em actos desesperados de canibalismo no seio da tripulação sobrevivente. Com uma sonoridade expandida e renovada (que torna, agora, a qualificação de ‘funeral’ um tanto forçada), o novo álbum inclui desta vez vários segmentos tranquilos, atravessados por linhas melódicas, etéreas e magnificas de guitarra, que surgem entre as partes mais impiedosas, resultando num trabalho mais equilibrado. Outro aspecto inédito é o registo limpo de Daniel Droste, um canto singular em timbre grave que ele alterna com o seu grunhido cavernoso, e que prevalece como um dos aspectos mais atractivos do disco. Marcado por influências que vão desde o doom clássico dos Solitude Aeturnus ao estilo mais arrastado e atmosférico dos Morgion, «The Divinity of Oceans» soa tão épico e trágico com o próprio mar e é o primeiro grande trabalho da formação alemã.

in CLIP (Diário de Aveiro), 17 Setembro 2009

2 comentários:

csa disse...

Depois de ter visto a respectiva capa (que faz referência a um quadro que sempre me impressionou muito), de ter feito algumas pesquisas sobre o naufrágio do Essex e de ter ouvido a entrevista com um dos membros dos Ahab, ainda fiquei a gostar mais da música deles e a apreciar com mais fundamento a qualidade desta crónica sobre a banda.
Estão todos de parabéns: os músicos e o crítico de música!!! :) :) :)

CAIS DO PARAÍSO disse...

Pela parte que me toca, obrigado.
O álbum é realmente bom. É daqueles que precisa de algum tempo para revelar todo o seu valor.
EM